Com mais de 10.000 quilômetros de tubulações instaladas sob o mar, a China acelera a construção de sua rede energética submarina e mira a autossuficiência, reduzindo dependência externa e ampliando o domínio em energia offshore
A expansão das redes submarinas da China atingiu um marco impressionante: mais de 10.000 quilômetros de tubulações foram instalados sob o mar, impulsionando o avanço do país rumo à autossuficiência energética.
A infraestrutura, essencial para conectar plataformas de energia offshore, é peça-chave nos planos de Pequim para garantir abastecimento próprio e reduzir a dependência de importações.
O avanço da energia offshore
A China, conhecida por sua imensa malha terrestre e projetos de energia solar e hidrelétrica, agora mira com força o ambiente marítimo.
-
Setor de energia limpa precisa de políticas públicas contra o desperdício
-
Itaipu e Parquetec testam primeiro barco 100% a hidrogênio verde no Brasil para entrega na COP30 e impulsionam tecnologia sustentável e mobilidade limpa
-
Paraná autoriza novo complexo eólico de R$ 3,5 bilhões em Palmas (PR) com 72 turbinas de 160m, 504 MW e impulso à energia renovável no estado
-
Energia renovável cresce em setembro: Brasil adiciona 1,4 GW à matriz elétrica nacional, com destaque para usinas solares, eólicas e pequenas centrais hidrelétricas
A estratégia é clara: explorar o potencial do mar para gerar energia eólica, solar flutuante, gás natural e petróleo.
Essa nova fronteira energética vem acompanhada de megaprojetos, como o parque eólico de Chaozhou e amplas usinas solares instaladas sobre a água.
Além disso, o país realiza perfurações em busca de petróleo em profundidades cada vez maiores.
Essas iniciativas buscam dois objetivos estratégicos. O primeiro é ampliar a autonomia energética nacional. O segundo é impulsionar a descarbonização, com fontes renováveis que ajudem a reduzir a emissão de gases de efeito estufa.
Portanto, as tubulações submarinas tornam-se vitais para conectar a infraestrutura marítima com as plantas de processamento em terra.
Uma rede tubulações submarinas que se estende pelo mar
A nova malha chinesa se destaca tanto pela extensão quanto pela profundidade. Entre 2021 e 2025, mais de 1.500 quilômetros de tubulações foram adicionados ao sistema nacional.
Algumas se estendem por regiões ultraprofundas, chegando a 1.500 metros abaixo da superfície do oceano.
Essas tubulações variam bastante de tamanho. Há modelos com menos de três centímetros de diâmetro e outros com até 120 centímetros — o equivalente à largura de uma TV de 50 polegadas.
Essa variedade permite que o país transporte diferentes tipos de combustível e se adapte às condições marítimas mais extremas.
O projeto da Baía de Hohai e o campo Deep Sea No.1
Entre os empreendimentos de destaque está o da Baía de Hohai. Essa área abriga a rede mais densa de tubulações do país, com mais de 3.200 quilômetros destinados ao transporte de petróleo bruto e gás natural.
Outro marco é o projeto Deep Sea No.1, o primeiro campo de gás ultraprofundos desenvolvido totalmente pela China.
Localizado a 1.500 metros de profundidade, ele simboliza a capacidade técnica nacional de operar em ambientes antes dominados por empresas estrangeiras.
Para dar conta de tamanha demanda, o país criou o navio Hai Yang Shi You 201 — um guindaste marítimo especializado na instalação de tubulações em profundidades de até 3.000 metros.
Com ele, a China passou a realizar, sozinha, operações que antes dependiam de tecnologia internacional.
Engenharia de resistência extrema
As tubulações instaladas precisam suportar condições severas. Elas são projetadas para resistir à pressão e às altas temperaturas das profundezas oceânicas.
Além disso, recebem tratamento anticorrosivo e são capazes de transportar fluidos que chegam a 120 °C.
Cada segmento da rede tem cerca de quatro centímetros de espessura, o que garante a durabilidade necessária para operar em regiões hostis e com grandes variações de temperatura.
Essa robustez técnica é fundamental porque a meta chinesa envolve ampliar ainda mais a rede.
Tubulações submarinas: rumo a 13 mil quilômetros até 2030
O país não pretende desacelerar. Até 2030, a meta é ultrapassar os 13.000 quilômetros de tubulações submarinas.
A ampliação reforçará o transporte energético e garantirá o abastecimento constante das usinas offshore, que se multiplicam ao longo da costa.
Além disso, a China já estuda o uso dessas tubulações para transportar combustíveis considerados “verdes”, como o hidrogênio e o gás de xisto.
Este último ganhou relevância após recentes descobertas de grandes reservas que podem fortalecer a transição energética do país.
No fim das contas, as tubulações submarinas chinesas representam muito mais do que engenharia.
Elas são um símbolo do avanço tecnológico, da ambição energética e da busca por independência total no setor mais estratégico da economia mundial.
Com informações de Xataka.