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A China já é “imbatível” nos carros elétricos, mas quer mais — agora quer repetir o feito com os caminhões e acelera rapidamente rumo a esse objetivo com números impressionantes

Publicado em 07/10/2025 às 13:34
China, Caminhões elétricos, Transporte de carga
Imagem ilustrativa: IA
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Com apoio estatal e tecnologia avançada, a China domina 80% das vendas mundiais de caminhões elétricos e ameaça o domínio ocidental no transporte pesado

Nos últimos anos, a China transformou sua presença no setor automotivo mundial. Depois de conquistar o mercado de carros elétricos, o país agora repete a estratégia com os caminhões de carga, abrindo vantagem em um segmento que se torna cada vez mais estratégico para o futuro da mobilidade sustentável.

A nova ofensiva chinesa

Fabricantes como a BYD — que já atua fortemente na Europa e América Latina — lideram um movimento que inclui outras oito empresas chinesas dominando as exportações de caminhões elétricos.

Segundo a Agência Internacional de Energia, as marcas do país responderam por 80% das 90 mil vendas globais desse tipo de veículo em 2024.

Esses caminhões já circulam em países como Itália, Polônia, Espanha e México, consolidando a presença chinesa fora da Ásia.

O avanço não ocorre por acaso: ele reflete uma estratégia nacional cuidadosamente planejada e apoiada pelo governo.

O impacto ambiental e o mercado em expansão

O crescimento do transporte de carga tem contribuído de forma significativa para as emissões globais.

Conforme dados do Rest of the World, entre 2000 e 2018, as emissões de dióxido de carbono de veículos pesados cresceram quase 3% ao ano. Os caminhões são responsáveis por 80% desse aumento.

Portanto, a eletrificação do transporte de carga é crucial para as metas climáticas internacionais. A China entendeu cedo que essa era uma oportunidade dupla — econômica e ambiental — e decidiu investir pesadamente no setor.

Estratégia de Estado e resultados rápidos

O domínio chinês não surgiu de forma espontânea. Ele é resultado de uma política de longo prazo que, há cerca de 15 anos, exige que os fabricantes produzam uma porcentagem de veículos elétricos em relação ao total de sua frota.

Enquanto isso, as nações ocidentais optaram por oferecer apenas incentivos fiscais para compradores individuais, sem o mesmo impacto industrial.

Os resultados são evidentes: no primeiro semestre de 2025, os caminhões elétricos já representavam 22% das vendas de veículos pesados na China.

Na Europa, essa fatia não passa de 1%, e na Índia, apenas 280 caminhões elétricos de longa distância foram vendidos em meio a um universo de mais de 834 mil veículos comerciais.

Custos menores e ganhos reais

Os operadores chineses afirmam que a operação de caminhões elétricos é entre 10% e 26% mais barata do que a de modelos a diesel.

A consultoria Commercial Vehicle World confirma essa economia, enquanto a fabricante de baterias CATL calcula que seus sistemas reduzem os custos de transporte em até 35% por tonelada-quilômetro.

Esses números explicam por que empresas como o Sany Group preveem que entre 70% e 80% do mercado chinês de caminhões pesados será elétrico nos próximos anos.

Solução tecnológica e infraestrutura eficiente

Um dos principais desafios na eletrificação do transporte pesado é o tempo de carregamento. Um caminhão desse porte precisa de cerca de um megawatt-hora de bateria — dez vezes mais do que um carro elétrico comum.

Nos países ocidentais, as paradas obrigatórias de motoristas, como as pausas de 45 minutos na Europa, ajudam a equilibrar esse tempo.

Mas em países como Brasil e Índia, onde os motoristas dirigem até 18 horas por dia, a logística é bem mais complexa.

A China resolveu o problema com um sistema de troca rápida de baterias. Hoje, quase 40% dos caminhões elétricos pesados do país usam essa tecnologia, permitindo substituições instantâneas em vez de longos períodos de recarga.

O atraso do Ocidente em relação a China

Enquanto isso, a indústria ocidental avança lentamente. A Volvo, líder europeia no setor, entregou apenas cinco mil caminhões elétricos em cinquenta países.

Na África do Sul, por exemplo, foram vendidas somente seis unidades em dois anos — número insuficiente para justificar produção local.

Já a Tesla, que prometeu revolucionar o setor com o caminhão Semi em 2017, entregou apenas algumas unidades à Pepsi em 2022 e depois praticamente desapareceu do mercado, afetada por custos altos e falhas técnicas.

Fábricas chinesas em expansão global

A BYD e outras montadoras já possuem instalações dedicadas à exportação dentro da China e planejam construir fábricas de montagem em outros continentes.

A Beiqi Foton, por exemplo, já envia caminhões para a União Europeia, mesmo sob risco de tarifas.

Em junho, a Windrose anunciou planos para erguer uma fábrica nos Estados Unidos, no estado da Geórgia.

Para o consultor Ravi Gadepalli, da Transit Intelligence, as empresas chinesas devem adaptar suas estratégias conforme as exigências locais — fabricando componentes onde for necessário e vendendo diretamente onde houver menos restrições.

O papel do capital e o futuro do transporte de carga

O transporte de carga é dominado por pequenas empresas, com margens estreitas e pouco acesso a financiamento.

Esse é o maior obstáculo fora da China, onde o governo investiu grandes somas para impulsionar o setor elétrico.

Gadepalli acredita que o mesmo fenômeno observado com os carros e ônibus elétricos deve se repetir agora com os caminhões.

Apesar disso, o mercado global ainda está em estágio inicial. A Grand View Research estima que o segmento de caminhões elétricos pesados deve alcançar US$ 5 bilhões até 2030 — uma fração do mercado de veículos elétricos, avaliado em US$ 6 trilhões.

No entanto, o ritmo de expansão da China indica que essas projeções podem ficar rapidamente defasadas, à medida que o país acelera rumo à liderança definitiva no transporte elétrico mundial.

Com informações de Xataka.

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Romário Pereira de Carvalho

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