A China está desenvolvendo um rio artificial em um projeto de US$ 62 bilhões, uma das maiores obras de engenharia do mundo, para resolver problemas de abastecimento e irrigação.
O Projeto Sul-Norte de Transferência de Água da China, a maior iniciativa de desvio hídrico do mundo, vem transformando o panorama da distribuição de água. Com cerca de 2700 km, a obra foi projetada para enfrentar a grave escassez de água nas regiões do norte do país.
Com o avanço da obra ao longo dos anos, ela vem impactando a vida de milhões de chineses.
O Projeto Sul-Norte de Transferência de Água da China não é exatamente um “rio artificial”, mas sim uma vasta rede de canais, túneis e reservatórios que foi projetada para transferir água das regiões mais úmidas no sul para áreas mais secas no norte da China.
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Um empreendimento monumental
Idealizado nos anos de 1950 e iniciado nos anos 2000, o projeto envolve três rotas principais: os canais oriental, central e ocidental.
Cada rota foi projetada para redirecionar água do sul, rico em recursos hídricos, para o norte com menos água.
As rotas oriental e central já estão operacionais, enquanto a construção de infraestrutura adicional está em andamento para aumentar a capacidade do projeto.
O projeto é monumental em escala, abrangendo milhares de quilômetros de canais, túneis e estações de bombeamento.
Os desafios de engenharias são muitos, incluindo a navegação por terrenos variados,, o enfrentamento de preocupações ecológicas e a gestão do deslocamento de comunidades locais.
Transferências hídricas recordes da China
Segundo o governo chinês, que atualizou a informação alguns dias atrás, o Projeto Sul-Norte de Transferência de Água transferiu mais de 76,5 bilhões de metros cúbicos de água para as províncias do norte.
Esse volume beneficiou diretamente mais de 185 milhões de pessoas, garantindo o abastecimento de água para residências urbanas, setores industriais e atividades agrícolas.
Em 2023, as rotas oriental e central desviaram 8,54 bilhões de metros cúbicos, superando suas metas anuais. Esse feito destaca a eficiência operacional do projeto e sua capacidade de atender à crescente demanda.
Pequim, uma das principais beneficiárias, recebeu mais de 10 bilhões de metros cúbicos de água desde que a rota central se tornou operacional.
Desses, quase 7 bilhões de metros cúbicos foram destinados ao consumo doméstico, atendendo às necessidades de mais de 16 milhões de residentes.
Melhorias na infraestrutura
Para garantir o sucesso a longo prazo da iniciativa, novos projetos de infraestrutura estão sendo desenvolvidos pelo governo chinês.
No início de 2024, começou a construção de um projeto complementar para canalizar água do Reservatório das Três Gargantas para o rio Hanjiang, um afluente do rio Yangtzé.
Esse empreendimento ambicioso deve aumentar a capacidade da rota central, crucial para atender às necessidades hídricas do norte da China.
O novo canal permitirá transferências de água mais eficientes, especialmente durante períodos de baixa precipitação.
Esse é um desenvolvimento crítico, uma vez que o norte da China enfrenta frequentes secas que sobrecarregam os recursos hídricos locais.
Equilibrando desenvolvimento e meio ambiente
Um dos desafios mais importantes do projeto é equilibrar o desenvolvimento econômico com a preservação ambiental.
O desvio de água tem implicações para os ecossistemas tanto nas regiões doadoras quanto nas receptoras.
Para enfrentar isso, as autoridades chinesas implementaram sistemas rigorosos de monitoramento da qualidade da água e medidas de proteção ambiental.
Ao longo dos anos, a qualidade da água ao longo das rotas oriental e central tem consistentemente atendido aos padrões nacionais, comprovando as práticas robustas de gestão do projeto.
Além disso, esforços estão em andamento para reabilitar os ecossistemas afetados pela construção, garantindo a preservação da biodiversidade local.
O Projeto Sul-Norte de Transferência de Água tem implicações abrangentes para a economia da China. Ao garantir um fornecimento confiável de água para o norte, o projeto apoia a produtividade industrial e agrícola em províncias que contribuem significativamente para o PIB do país.
Comunidades que antes enfrentavam escassez crônica de água agora têm acesso a um fornecimento estável, melhorando os padrões de vida e a saúde pública.
Além disso, o projeto criou milhares de empregos, desde a construção até a manutenção, proporcionando um impulso às economias locais.
Desafios contínuos
A rota ocidental, ainda em fase de planejamento, enfrenta obstáculos importantes de engenharia e ambientais.
Essa rota visa desviar água das partes superiores do rio Yangtzé para a bacia do rio Amarelo, uma tarefa complicada pelo terreno acidentado do Planalto Tibetano.
Além disso, o custo total do projeto—estimado em mais de US$ 62 bilhões—representa desafios financeiros ao segundo país mais rico do mundo.
Garantir a acessibilidade para os usuários finais, ao mesmo tempo, em que cobre os custos operacionais e de manutenção, exige um planejamento financeiro cuidadoso.
Outro ponto de preocupação é a sustentabilidade a longo prazo das fontes de água no sul.
À medida que as mudanças climáticas afetam os padrões de chuva, será crucial manter um fornecimento estável para as regiões doadoras e receptoras.
O futuro da China
O Projeto Sul-Norte de Transferência de Água ainda está longe de ser concluído, mas o progresso é gigantesco.
Com bilhões de metros cúbicos de água já transferidos, a iniciativa está transformando a vida de milhões e enfrentando um dos desafios mais urgentes da China: a escassez de água.
Desenvolvimentos futuros, incluindo a conclusão da rota ocidental e do novo canal do Reservatório das Três Gargantas, irão aumentar ainda mais a capacidade do projeto.
Esses esforços, combinados com investimentos contínuos em tecnologia e sustentabilidade, garantem que o projeto permaneça uma peça central da estratégia de desenvolvimento da China.