Minerva aposta em inteligência artificial, integração de novas plantas e expansão no México para crescer em meio ao déficit global de carne
Os Estados Unidos atravessam o menor rebanho de gado em setenta anos, o que já pressiona tanto o mercado doméstico quanto o fluxo de exportações para parceiros estratégicos, como o México. A Europa e a China vivem momento semelhante: queda na produção de carne local, acompanhada de uma demanda crescente por importados.
Esse descompasso cria uma estimativa de déficit global de até 2 milhões de toneladas de carne no próximo ano.
Para a Minerva, o cenário se apresenta como oportunidade única, porque a América do Sul desponta como a única região com capacidade de ampliar produção e exportações em ritmo acelerado.
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Segundo Edison Ticle, CFO da companhia, a virada do ciclo pecuário americano só deve ocorrer em 2028. Portanto, até lá, países sul-americanos e a Minerva terão pelo menos dois anos especialmente favoráveis.
Investor Day reforça estratégia
Esse é o recado que a Minerva, sob o comando de Fernando Queiroz, transmite durante o Investor Day realizado em São Paulo.
O encontro acontece justamente em um momento de realinhamento do mercado mundial de proteínas, abrindo espaço para movimentos ousados da empresa.
Um dos destaques do evento é o fortalecimento da presença no México. O país viu suas importações de carne crescerem, porque a guerra comercial promovida por Donald Trump reduziu a oferta dos Estados Unidos.
Nesse intervalo, a participação da carne brasileira saltou de 3% para 38% no mercado mexicano.
México no radar
De acordo com Ticle, o México pode representar até 15% das exportações totais da Minerva nos próximos anos. Hoje, a participação ainda é inferior a 2%, mas o espaço para crescimento é amplo.
Para consolidar esse avanço, a empresa conta com a conclusão da integração das unidades adquiridas da Marfrig.
O CFO confirmou que o quarto trimestre será o primeiro em que essas plantas vão operar totalmente dentro do sistema Minerva.
Com esse processo finalizado, a companhia estima poder ampliar sua produção em 10% já em 2026. “Fizemos a integração em apenas três trimestres – um trimestre mais rápido do que o plano inicial”, destacou Ticle.
Produção de carne e tecnologia
Mesmo com a retenção maior de fêmeas, movimento típico da virada do ciclo pecuário, a produção da Minerva superou as expectativas.
Dois fatores explicam o desempenho: melhoramento genético, que aumentou a taxa de fertilidade, e uso crescente do farelo DDG, subproduto do etanol de milho.
Esse insumo tem acelerado o ganho de peso dos animais e reduzido o tempo de abate.
Além disso, a companhia aposta na inteligência artificial para expandir a produtividade. Segundo o CFO, a aplicação da tecnologia permitirá ganhos recorrentes de aproximadamente R$ 288 milhões ao ano a partir de 2026.
Entre as áreas já beneficiadas estão logística, arbitragem de gado, orçamento e precificação. Mas o destaque é a utilização da AI para classificar carcaças e montar matrizes de desmontagem do boi, o que reduz perdas e melhora margens.
Guidance e números
A Minerva divulgou ainda seu guidance de receita para este ano, projetado entre R$ 50 bilhões e R$ 58 bilhões.
Até o segundo trimestre, a companhia já acumulava receita anualizada de R$ 55,7 bilhões, o que indica resultado próximo do teto estimado.
Embora não tenha detalhado outras linhas, o consenso do mercado aponta para um EBITDA entre R$ 4,7 bilhões e R$ 5,2 bilhões, com alavancagem variando entre 2,5x e 2,8x no período.
Parte desse ganho adicional, segundo Ticle, será impulsionada justamente pelo avanço das iniciativas de inteligência artificial e pela operação mais eficiente das unidades incorporadas.
Valor de mercado em alta
Os investidores acompanham de perto esse movimento. Nos últimos doze meses, a ação da Minerva acumula alta de 17%. Na B3, a companhia já alcança valor de mercado de R$ 6,5 bilhões.
Com um horizonte marcado pela escassez global de carne e pela vantagem competitiva da América do Sul, a empresa busca capturar espaço em mercados estratégicos e se consolidar como uma das protagonistas do setor nos próximos anos.
Com informações de Brazil Journal.