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A broca de perfuração de um poço do Pré-Sal, que atravessa 2.000 metros de água e 5.000 metros de rocha e sal para achar petróleo

Escrito por Bruno Teles
Publicado em 16/06/2025 às 15:02
Atualizado em 18/06/2025 às 16:30
A broca de perfuração de um poço do Pré-Sal: A saga da Petrobras a 7.000 metros de profundidade
A broca de perfuração de um poço do Pré-Sal: A saga da Petrobras a 7.000 metros de profundidade
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A tecnologia, que precisa atravessar 2.000 metros de água e outros 5.000 metros de rocha e sal, reduziu o tempo de perfuração para até 18 dias e consolidou a liderança mundial da empresa.

A exploração de petróleo no pré-sal brasileiro é uma das operações de engenharia mais complexas do mundo. Para alcançar as reservas, é preciso vencer um abismo de mais de 7.000 metros, uma jornada que começa com uma broca de perfuração de um poço do Pré-Sal. Essa ferramenta é a ponta de lança de um ecossistema tecnológico que a Petrobras desenvolveu para superar desafios extremos.

O sucesso dessa empreitada não se deve a uma única invenção, mas a um conjunto de inovações que vão desde o design da broca até o uso de inteligência artificial em tempo real. Essa tecnologia transformou a Petrobras em líder global, quebrando recordes de produção e atingindo custos de extração ultracompetitivos.

Atravessando 2.000 metros de água e a instável camada de sal

Perfurar um poço no pré-sal significa enfrentar um ambiente hostil. Primeiramente, as operações ocorrem em águas ultraprofundas, com uma lâmina d’água que ultrapassa 2.000 metros. A distância da costa, que pode chegar a 400 km, adiciona um enorme desafio logístico.

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Abaixo do leito marinho, o obstáculo mais conhecido é a camada de sal, que pode atingir 2.000 metros de espessura. Esse sal não é uma rocha estática; ele se comporta de forma plástica, “fluindo” e exercendo uma pressão intensa e desigual sobre o poço, o que pode causar seu colapso. Abaixo do sal, o desafio continua com rochas de carbonato extremamente duras, abrasivas e heterogêneas, que geram vibrações severas e desgastam as ferramentas rapidamente.

Da broca comum à tecnologia híbrida e de diamante

A exploração de petróleo no pré-sal brasileiro é uma das operações de engenharia mais complexas do mundo. Para alcançar as reservas, é preciso vencer um abismo de mais de 7.000 metros, uma jornada que começa com uma broca de perfuração de um poço do Pré-Sal. Essa ferramenta é a ponta de lança de um ecossistema tecnológico que a Petrobras desenvolveu para superar desafios extremos.

No início, as brocas convencionais do tipo PDC (Polycrystalline Diamond Compact), o padrão da indústria, simplesmente falhavam no pré-sal. Elas sofriam desgaste prematuro e danos catastróficos nas rochas duras, exigindo múltiplas e caras viagens para troca de equipamento.

A resposta da Petrobras, em parceria com fornecedores, foi uma intensa campanha de inovação:

Brocas PDC customizadas: foram desenvolvidas brocas PDC com cortadores mais resistentes ao impacto e à abrasão, projetadas especificamente para a geologia do pré-sal.

Brocas de diamante: para as rochas mais duras, a solução foi usar brocas impregnadas de diamante, que operam moendo a rocha em vez de cortá-la. Uma inovação nacional, da empresa CVDVale, desenvolveu brocas com diamantes sintéticos (CVD) ainda mais resistentes.

A revolução da broca híbrida: a mudança mais significativa foi a introdução da broca híbrida. Essa tecnologia combina a ação de corte das brocas PDC com a ação de esmagamento dos cones de rolos, aumentando drasticamente a velocidade de perfuração e, crucialmente, reduzindo as vibrações perigosas em até 50%.

Mais do que uma broca: O sistema integrado que evitou perdas de US$ 130 milhões

O sucesso da broca de perfuração de um poço do Pré-Sal depende de um complexo sistema de suporte que trabalha em conjunto. A broca é apenas a ponta de lança.

Um dos pilares dessa estrutura é a Perfuração com Pressão Gerenciada (MPD), tecnologia essencial para navegar com segurança na estreita janela de pressão do poço, evitando desmoronamentos ou fraturas na rocha. Fluidos de perfuração avançados também foram desenvolvidos para garantir a estabilidade do poço em meio à camada de sal móvel.

A tecnologia digital, no entanto, foi o grande diferencial. A Petrobras desenvolveu um sistema proprietário de assessoria de perfuração em tempo real. Usando um “gêmeo digital”, o sistema compara os dados da perfuração com simulações ideais e prevê problemas antes que eles aconteçam. Entre 2014 e 2019, esse sistema evitou mais de 100 incidentes, gerando uma economia de 130 milhões de dólares ao impedir paradas não produtivas.

Poços perfurados em 18 dias e produção recorde

A aplicação desse ecossistema tecnológico se traduziu em um desempenho de classe mundial. O tempo para construir um poço, que antes levava meses, foi drasticamente reduzido. A Petrobras já quebrou sucessivos recordes, com o poço mais rápido do pré-sal sendo perfurado em apenas 18 dias.

Essa eficiência impulsionou a produção a níveis massivos. Hoje, o pré-sal responde por aproximadamente 80% de toda a produção da Petrobras. Campos gigantes como Tupi, Búzios e Mero estão entre os mais produtivos do mundo. O campo de Búzios, o maior em águas profundas do planeta, tem a meta de produzir 2 milhões de barris por dia até 2030. Essa eficiência se reflete nos custos, com um custo de extração (lifting cost) no pré-sal entre 13 e 19 dólares por barril, um dos mais baixos do mundo.

Como a Petrobras se tornou líder mundial em águas ultraprofundas

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A liderança da Petrobras no pré-sal não se deve a uma única tecnologia, mas à criação de um “fosso tecnológico” — um ecossistema de inovação difícil de ser replicado por concorrentes. A empresa combina o poder de seus supercomputadores, os mais potentes da América Latina, para modelar os reservatórios, com o trabalho de seu centro de pesquisas (CENPES) e parcerias com universidades e fornecedores globais.

Essa estratégia permitiu que a Petrobras não apenas resolvesse um problema, mas dominasse uma nova fronteira. A jornada da broca de perfuração de um poço do Pré-Sal, de uma ferramenta comum a um sistema de engenharia de precisão, espelha a transformação da própria Petrobras em uma potência tecnológica global.

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Renato Diniz
Renato Diniz
21/06/2025 09:41

Toda essa tecnologia proprietária passará de graça às empresas transnacionais, quando “o trem da alegria dos patriotas” entregar o que resta da Petrobrás, com vantagens inconfessáveis aos entreguistas.
Às vezes aparecem jóias e relógios de marca, os receptadores podem ate ser presos – serão? – mas o estrago já estará feito.

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Bruno Teles

Falo sobre tecnologia, inovação, petróleo e gás. Atualizo diariamente sobre oportunidades no mercado brasileiro. Com mais de 7.000 artigos publicados nos sites CPG, Naval Porto Estaleiro, Mineração Brasil e Obras Construção Civil. Sugestão de pauta? Manda no brunotelesredator@gmail.com

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