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A bacia que colocou o Brasil no mapa do petróleo: mesmo após 50 anos de sua descoberta, a Bacia de Campos continua importante para o Brasil

Publicado em 01/07/2025 às 11:29
A Bacia de Campos, berço da exploração em águas profundas no Brasil, renasce com tecnologias que aumentam a produção de petróleo e reduzem emissões. Saiba mais.
A Bacia de Campos, berço da exploração em águas profundas no Brasil, renasce com tecnologias que aumentam a produção de petróleo e reduzem emissões. Saiba mais. Fonte: Agência Petrobras
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A Bacia de Campos, berço da exploração em águas profundas no Brasil, renasce com tecnologias que aumentam a produção de petróleo e reduzem emissões. Saiba mais.

A tradicional Bacia de Campos, situada entre o litoral norte do Rio de Janeiro e o Espírito Santo, vem protagonizando uma impressionante virada. Em 2023, a região adicionou mais de 230 mil barris de petróleo por dia à produção brasileira, graças à entrada em operação de novas plataformas e à aplicação de tecnologias inovadoras.

A revitalização faz parte do maior programa global de recuperação de campos maduros em águas profundas — um esforço que recoloca a Bacia de Campos no centro da indústria de petróleo e gás, mesmo após quase 50 anos de sua descoberta.

Essa nova fase tem como pilares a sustentabilidade, a redução de custos e o uso intensivo de soluções tecnológicas. A operação está sob liderança da Petrobras, que transformou a região em um verdadeiro laboratório a céu aberto, onde inovação e eficiência caminham lado a lado.

O sucesso da iniciativa já rendeu à empresa seu quinto Prêmio OTC — a mais prestigiada premiação técnica da indústria offshore — por conta da redução de 55% nas emissões de gases de efeito estufa no campo de Marlim.

O passado glorioso da Bacia de Campos

Com cerca de 100 mil quilômetros quadrados, a Bacia de Campos é uma das maiores áreas sedimentares da margem continental brasileira. Sua origem remonta a 100 milhões de anos, formada pela separação dos continentes sul-americano e africano.

Localização da Bacia de Campos
Localização da Bacia de Campos. Fonte: BASTOS, 2015

O primeiro campo com potencial comercial foi Garoupa, descoberto em 1974, a 124 metros de profundidade. A produção offshore se iniciou oficialmente em 1977, no campo de Enchova, com o uso do inovador Sistema de Produção Antecipada (SPA).

O SPA foi um divisor de águas: reduziu o tempo de maturação da produção de petróleo de seis anos para apenas quatro meses. Essa estratégia permitiu iniciar a extração antes mesmo da instalação definitiva das plataformas fixas.

A partir desse marco, a Bacia de Campos passou a ser o centro das grandes descobertas em águas profundas no Brasil, como os campos de Albacora, Marlim, Roncador e Barracuda.

Nova fase impulsiona produção de petróleo com inovação e sustentabilidade

A recente revitalização da Bacia de Campos mostra que, mesmo com décadas de atividade, a região ainda tem muito a oferecer. Dois novos FPSOs (unidades flutuantes de produção, armazenagem e transferência de óleo) — Anita Garibaldi e Anna Nery — foram instalados no campo de Marlim em 2023.

Além disso, 45 novos poços foram perfurados desde 2020 em diversos campos da bacia, o que permitiu um salto significativo na produção de petróleo.

Esses resultados não seriam possíveis sem o uso de tecnologias inéditas. Uma das mais relevantes é o TOT-3P, um método inovador de perfuração em três fases.

Essa técnica, patenteada pela Petrobras, otimizou a construção dos poços, reduzindo o tempo de 110 para apenas 56 dias — uma queda de 49%. Os benefícios se estendem também ao meio ambiente, com redução de cerca de 50% nas emissões de CO₂ e nos custos operacionais.

Tecnologias que transformam a indústria offshore

Além do TOT-3P, a Bacia de Campos também foi palco de outra inovação: o novo modelo de padronização de dutos flexíveis.

Essa iniciativa estabelece requisitos técnicos uniformes para as linhas utilizadas nos projetos, o que reduz a variabilidade de materiais, diminui prazos de contratação e aumenta a durabilidade dos equipamentos.

Outro destaque é a extensão da vida útil das chamadas “Árvores de Natal molhadas” — equipamentos submarinos usados para controlar a produção de petróleo nos poços.

A adoção de métodos modernos permitiu sua reutilização e maior eficiência, ao mesmo tempo em que reduziu custos e as emissões de gases de efeito estufa.

Essas práticas estão sendo incorporadas em normativos técnicos da indústria, consolidando a Bacia de Campos como referência mundial em inovação offshore.

Reconhecimento internacional e impacto para o Brasil

A combinação de inovação, aumento de produtividade e sustentabilidade levou a Petrobras a conquistar seu quinto Prêmio OTC em 2024. A distinção é um reconhecimento global à excelência técnica e ao impacto positivo das iniciativas no campo de Marlim.

O feito é ainda mais simbólico, pois a primeira premiação da empresa, em 1992, também teve como cenário a Bacia de Campos.

Esse reconhecimento não é apenas técnico — ele também representa ganhos estratégicos para o Brasil. A revitalização da Bacia de Campos contribui diretamente para a segurança energética nacional e reforça a posição do país como líder em exploração de petróleo em águas profundas.

A autossuficiência brasileira em petróleo, alcançada em 2006, foi fruto direto dos investimentos e aprendizados obtidos ao longo das décadas nessa bacia histórica.

O futuro promissor da Bacia de Campos

Apesar da idade, a Bacia de Campos mostra que ainda tem um papel vital a desempenhar no cenário energético brasileiro e internacional. Mais do que um centro de extração, ela se tornou um símbolo de reinvenção tecnológica e compromisso ambiental.

As soluções desenvolvidas ali já estão sendo replicadas em outros projetos da indústria, elevando o padrão global de operações offshore.

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Com sua localização estratégica, experiência acumulada e contínua evolução tecnológica, a Bacia de Campos permanece no radar das grandes decisões da Petrobras e do setor de energia.

A história que começou há quase meio século com a descoberta do campo de Garoupa segue sendo escrita — agora, com ainda mais eficiência, inovação e responsabilidade ambiental.

A revitalização da Bacia de Campos não apenas reaqueceu a produção de petróleo no Brasil, como também consolidou a região como um dos principais polos de inovação da indústria offshore.

O uso de tecnologias como o TOT-3P, a padronização de dutos e a reutilização de equipamentos mostra que é possível unir alta performance, economia e respeito ao meio ambiente. E, acima de tudo, comprova que o potencial dessa bacia ainda está longe de chegar ao fim.

Fonte: Petrobras e PPSA

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Andriely Medeiros de Araújo

Ensino superior em andamento. Escreve sobre Petróleo, Gás, Energia e temas relacionados para o CPG — Click Petróleo e Gás.

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