No litoral do Rio Grande do Norte, uma árvore extraordinária desafia a ciência e atrai milhares de visitantes todos os anos, formando uma verdadeira floresta sobre a areia e transformando a paisagem local em um espetáculo natural sem igual.
O Cajueiro de Pirangi, às margens da Praia de Pirangi do Norte, em Parnamirim (RN), mantém há mais de 130 anos o título de maior cajueiro do mundo.
Reconhecido pelo Guinness World Records desde 1994, o exemplar cobre impressionantes 9 000 m² — área maior que um campo e meio de futebol — e possui cerca de 500 m de perímetro, formando uma copa equivalente a 70 cajueiros comuns.
Segundo registros orais, o pescador Luiz Inácio Oliveira teria plantado a muda original em 20 de dezembro de 1888.
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Desde então, a árvore “caminha” lentamente pela praia: enquanto ramos antigos morrem, novos galhos se enraízam no sentido oposto, deslocando o centro vital da planta.
Assim, uma única copa gera a sensação de mini–floresta — fenômeno que intriga botânicos e entusiasma turistas.
Origem e reconhecimento do maior cajueiro do mundo
Em 1994, uma equipe do Guinness mediu a área da copa e confirmou o recorde.
De lá para cá, o maior cajueiro do mundo continuou a se expandir, obrigando o Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente do Rio Grande do Norte (Idema) a instalar passarelas suspensas para proteger as raízes e organizar o fluxo de visitantes.
A cada 20 de dezembro, data simbólica de plantio, o local recebe celebrações especiais.
Em 2024, o 136º aniversário incluiu apresentações culturais e distribuição de mudas de caju.
Mutação genética e formação da floresta de cajueiros
Por que essa árvore se multiplica?
Pesquisadores apontam para uma mutação rara em dois pontos do DNA do cajueiro-comum (Anacardium occidentale).
Primeiro, os galhos crescem lateralmente em vez de subir.
Depois, ao tocarem o solo arenoso, desenvolvem raízes adventícias e originam novos troncos, mas todos continuam ligados ao “tronco-mãe”.
O processo se repete, gerando uma rede viva que ocupa quase todo o quarteirão.
A hipótese de anomalia genética ganhou força após análises de tecido vegetal publicadas por universidades federais do Nordeste.
Os estudos descartaram prática humana de alporquia ou enxertia.
Ainda não há, porém, consenso sobre os marcadores genéticos exatos envolvidos.
Safra do caju e impacto na economia local
Entre novembro e janeiro, o Cajueiro de Pirangi entra em safra.
Durante seu pico produtivo, a árvore chegou a render 70 mil a 80 mil frutos, o equivalente a 2,5 toneladas de caju, utilizados em sucos, doces e licores artesanais vendidos nos arredores.
Nos últimos anos, pesquisadores registraram queda natural na frutificação — apenas 15 mil cajus foram colhidos em 2021.
A redução é atribuída ao envelhecimento de ramos centenários e ao estresse hídrico típico do litoral potiguar.
Ainda assim, a polpa aromática continua a perfumar toda a área e a castanha mantém valor comercial relevante para famílias locais.
A receita dos ingressos (R$ 10, valor de julho/2025) e das vendas de derivados abastece um fundo administrado pelo Idema.
Parte dos recursos sustenta projetos de educação ambiental e ações de manutenção, como podas controladas, iluminação de baixo impacto e fiscalização contra vandalismo.
Visitação ao Cajueiro de Pirangi e educação ambiental
O maior cajueiro do mundo recebe mais de 300 mil visitantes anuais, segundo a Secretaria de Turismo do Rio Grande do Norte.
O fluxo cresceu 12% entre 2022 e 2024 com a retomada do turismo pós-pandemia.
Para evitar compactação do solo, passarelas de madeira percorrem o interior da copa.
Um mirante central, a cerca de 8 metros de altura, oferece vista panorâmica da “floresta de um só pé” e da faixa de areia.
Guias locais explicam o ciclo de vida do caju, demonstram a extração da castanha e convidam o público a participar de oficinas de manejo do solo.
Essas atividades foram reforçadas em 2025 durante a Semana Estadual do Meio Ambiente.
Como chegar ao maior cajueiro do mundo
A partir da zona hoteleira de Natal, o trajeto mais curto segue pela Rota do Sol (RN-063) e leva cerca de 25 minutos de carro.
Quem prefere transporte público pode embarcar na linha intermunicipal para Pirangi do Norte.
Vans de receptivo turístico também incluem o Cajueiro de Pirangi em roteiros que passam pelo Complexo Barreira do Inferno e praias do litoral sul.
Sinalização reforçada pela prefeitura orienta motoristas a estacionar em bolsões pagos logo depois do portal de acesso.
Serviço: informações para visita
Endereço
Av. Dep. Márcio Marinho, s/nº, Pirangi do Norte, Parnamirim-RN
Horário
Diariamente, das 7h30 às 17h30
Ingresso
R$ 10 (preço de julho/2025; meia-entrada conforme legislação)
Contato
(84) 3232-3207 — idema.rn.gov.br
Curiosidades sobre o Cajueiro de Pirangi
- O dossel verde já invadiu trechos de calçada.
- Em 2012, o Idema ergueu um caramanchão para suspender galhos que avançavam sobre a via pública.
- Estudos apontam altura média de 7 a 8 metros, menor que muitos cajueiros convencionais, já que a energia da planta se concentra na expansão horizontal.
- Há outro candidato ao recorde — o “Cajueiro Rei”, em Cajueiro da Praia (PI) —, mas ele não possui aferição oficial do Guinness e mede cerca de 8 800 m². Mesmo assim, comunidades locais defendem novas medições periódicas.
E você, já percorreu o labirinto de sombras desse cajueiro que “anda” pela areia ou ainda planeja sentir o aroma doce da próxima safra?