Aos 86 anos, aposentada americana transformou o oceano em seu lar, vive há mais de 10 anos em um navio e gasta quase R$ 1 milhão por ano em alto-mar.
Em um mundo onde a maioria das pessoas sonha com a casa própria, Lee Wachtstetter decidiu ir na direção oposta, literalmente. Aos 86 anos, ela transformou o oceano em sua moradia permanente. A americana, conhecida carinhosamente como “Mama Lee”, viveu por mais de 10 anos a bordo do navio de cruzeiro de luxo Crystal Serenity, pertencente à empresa Crystal Cruises, e se tornou símbolo de uma vida livre das amarras da rotina.
A decisão de Lee aconteceu após a morte de seu marido, com quem viajou por décadas. “Meu marido me disse: nunca pare de viajar”, contou em entrevista à ABC News. E foi o que ela fez. Vendeu sua casa em Fort Lauderdale, na Flórida, e se mudou definitivamente para o mar em 2008. Desde então, navegou por mais de 100 países, sempre com a mesma tranquilidade de quem nunca precisou desfazer as malas.
O luxo de viver em movimento
Viver em um navio como o Crystal Serenity é o equivalente a morar em um resort cinco estrelas flutuante. Com 13 andares, milhares de metros quadrados de área habitável e tripulação de mais de 600 pessoas, o navio oferece restaurantes de chefs premiados, cassino, spa, teatro e até uma pista de corrida no deque superior.
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Mama Lee tinha à disposição uma cabine fixa, serviço de quarto 24 horas, eventos sociais e atendimento médico permanente. “Não preciso cozinhar, limpar ou cuidar de nada. Aqui tenho tudo o que quero — inclusive amigos e música de dança todas as noites”, declarou à BBC em 2015.
Esse estilo de vida, no entanto, tem um custo alto: cerca de US$ 164 mil por ano, o equivalente a R$ 900 mil na cotação atual. A quantia inclui hospedagem, alimentação, entretenimento e seguros de viagem. Mesmo assim, para ela, o preço valia cada centavo. “A liberdade e o conforto que encontrei aqui não têm preço”, completou.
Rotina sem endereço e sem arrependimentos
Enquanto muitas pessoas se aposentam em condomínios fechados, Lee escolheu o mundo. Sua rotina começa com o nascer do sol sobre o mar e termina em jantares de gala ou noites de dança. Todos os dias, uma nova vista pela janela e uma nova cidade no horizonte.
Tripulantes e passageiros viam nela uma figura inspiradora. Alguns até se referiam à idosa como “a alma do navio”. O capitão do Crystal Serenity chegou a declarar que “Mama Lee é parte da tripulação tanto quanto qualquer oficial”. Ela participava de festas, leituras, aulas de arte e dança, mantendo uma vida ativa e social mesmo em idade avançada.
O estilo de vida a bordo também ajudava a manter a saúde mental e física. “Nunca estou sozinha. Aqui tenho amigos, música, risadas e histórias. Isso me mantém viva”, afirmou.
O fenômeno do “residencial cruising”
A escolha de Mama Lee antecipou uma tendência que hoje ganha força entre aposentados milionários: o residencial cruising, uma forma de moradia itinerante em navios de luxo. Empresas como a Storylines e The World já oferecem cabines permanentes vendidas como imóveis, onde os proprietários moram navegando o planeta.
Especialistas estimam que mais de 1.000 pessoas no mundo já vivem de forma parecida, trocando endereços fixos por itinerários globais.
Os custos variam entre US$ 500 mil e US$ 8 milhões, dependendo do tipo de cabine e do contrato de residência. A tendência cresceu após a pandemia, com a busca por liberdade, segurança e conforto em meio à incerteza global.
Uma despedida que se tornou símbolo de liberdade
Lee Wachtstetter viveu a bordo até seus últimos anos e se tornou um ícone mundial de coragem e independência. Para muitos, ela mostrou que envelhecer não significa parar, mas reinventar o modo de viver. “O mar é meu lar. Nunca me arrependi de nada”, dizia.
Sua história continua sendo lembrada como uma das mais inspiradoras do século XXI. Entre os corredores de um navio que já cruzou todos os oceanos do planeta, uma mulher provou que o verdadeiro luxo não está em paredes de mármore, mas em acordar todos os dias com um horizonte novo pela frente.



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