Mudança anunciada em 2023 buscava “abrasileirar” os combustíveis, mas a gasolina já é vendida com prêmio acima da cotação internacional e reacende o debate sobre custos para consumidores e empresas.
A política da Petrobras, anunciada em maio de 2023, tinha como objetivo oferecer maior previsibilidade e preços mais baixos para os combustíveis no Brasil. A proposta era se afastar da paridade internacional de importação e adotar uma fórmula que considerasse custos de produção e logística no país, criando a ideia de preços “abrasileirados”.
De acordo com o jornal de brasilia, nos primeiros meses, a medida cumpriu a promessa. A gasolina chegou a cair 17,5% e o diesel 27,2% logo após a mudança, impulsionada também pela queda no preço do petróleo no mercado externo. O alívio foi imediato no bolso dos motoristas e no custo do transporte, reforçando a expectativa de estabilidade para consumidores e empresas.
Quando o cenário começou a mudar
O quadro positivo começou a se inverter a partir de meados de 2024, quando o barril de petróleo voltou a oscilar e a estatal manteve períodos mais longos sem reajustes.
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Desde junho de 2025, a gasolina passou a ser vendida sistematicamente acima da paridade internacional, o que reabriu espaço para importações privadas.
Na abertura do mercado desta sexta-feira, por exemplo, a gasolina da Petrobras era comercializada a R$ 0,28 por litro a mais que a referência internacional.
No porto de Santos, o maior do país, o prêmio médio registrado foi de R$ 0,20 por litro na semana anterior, segundo dados da ANP.
O contraste entre gasolina e diesel
Enquanto a gasolina acumula prêmios, o diesel segue trajetória oposta. O combustível continua abaixo da paridade de importação em cerca de R$ 0,16 por litro, estratégia que mantém empresas privadas fora desse mercado e evita repasses mais fortes ao transporte de cargas.
Essa dualidade reforça que a Petrobras tem usado margens diferentes para equilibrar pressões políticas e econômicas, ainda que isso crie distorções no setor.
Nas bombas, o consumidor sente pequenas variações. O preço médio da gasolina subiu apenas R$ 0,01 por litro nas últimas semanas, enquanto o diesel avançou R$ 0,02.
Esses ajustes, no entanto, refletem mais o aumento da mistura obrigatória de biocombustíveis do que a política de preços da estatal.
Impactos econômicos e riscos futuros
Especialistas alertam que o cenário atual pode gerar efeitos duradouros. A gasolina mais cara do que no exterior reduz a competitividade da economia, encarece o transporte urbano e pressiona a inflação.
Além disso, a disparidade em relação ao diesel pode desequilibrar o mercado e estimular práticas oportunistas de importação.
A Petrobras argumenta que a volatilidade internacional exige cautela e que a política comercial deve priorizar estabilidade a longo prazo.
Ainda assim, a diferença atual em relação à paridade de importação levanta dúvidas sobre até que ponto o modelo adotado em 2023 conseguirá cumprir sua promessa original de aliviar o bolso dos brasileiros.
A política da Petrobras, que nasceu com a promessa de preços mais baixos, agora gera discussões sobre se o modelo realmente protege o consumidor ou se apenas transfere a pressão para momentos de crise.
E você, o que acha? A Petrobras deveria manter os preços estáveis mesmo acima da paridade internacional ou alinhar de imediato para aliviar o custo da gasolina?
Deixe sua opinião nos comentários queremos ouvir quem sente esse impacto no dia a dia.