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76% valorizam o uso de energia renovável, contra apenas 26% que a utilizam

Escrito por Paulo H. S. Nogueira
Publicado em 11/11/2025 às 07:57
Pessoa segurando uma lâmpada apagada sobre o solo, com painéis solares e pequenas plantas ao fundo, representando energia sustentável.
A integração entre energia solar e cultivo sustentável simboliza o futuro verde que une tecnologia e natureza.
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Descubra por que o uso de energia renovável cresce em importância no Brasil, mas ainda enfrenta desafios para chegar à rotina da maioria da população.

O uso de energia renovável desperta cada vez mais atenção no Brasil e no mundo. De fato, a preocupação com o meio ambiente e a busca por alternativas limpas para geração de energia ganham espaço nas conversas, nas políticas públicas e nas decisões empresariais.

Entretanto, ainda existe um grande descompasso entre a valorização das fontes renováveis e sua adoção no cotidiano.

Um levantamento da Demanda Pesquisa e Desenvolvimento de Mercado, dentro do estudo “ESG Trends 2025”, mostra que 76% dos brasileiros consideram o uso de energia renovável importante, mas apenas 26% colocam esse hábito em prática.

Portanto, essa diferença de 50 pontos percentuais se torna o maior hiato entre os 24 hábitos sustentáveis avaliados em 13 países.

Assim, a distância entre o discurso e a ação demonstra que, embora o Brasil tenha uma matriz energética relativamente limpa, ainda há barreiras econômicas, informativas e culturais que dificultam a ampliação das fontes renováveis no dia a dia da população.

Um país com vocação para a energia limpa

Historicamente, o Brasil mantém uma relação privilegiada com as energias renováveis. Desde a construção de grandes hidrelétricas no século XX, o país aproveita fontes naturais para gerar eletricidade.

Além disso, o uso dos rios, da luz solar e do vento sempre representou um ativo estratégico para o desenvolvimento nacional.

Durante as décadas de 1970 e 1980, em meio à crise do petróleo, o governo criou o Programa Nacional do Álcool (Proálcool), que incentivou a substituição da gasolina por etanol.

Assim, essa iniciativa pioneira na busca por energia mais limpa marcou o início de uma consciência energética sustentável, ainda que motivada por necessidades econômicas.

Nos anos 2000, a energia eólica e solar começaram a ganhar força. Graças a incentivos públicos, leilões e avanços tecnológicos, essas fontes se tornaram mais acessíveis.

Por isso, atualmente o Brasil figura entre os maiores produtores de energia eólica da América Latina e lidera o crescimento da energia solar distribuída, impulsionada pelos painéis fotovoltaicos em residências e empresas.

Apesar dos avanços, o acesso continua desigual. Enquanto algumas pessoas reconhecem o valor das fontes limpas, muitas ainda enfrentam dificuldades financeiras ou falta de informação para adotá-las.

Além disso, essa diferença entre valorização e prática também tem raízes históricas e sociais. Regiões com infraestrutura energética mais antiga dependem de fontes tradicionais, como o diesel e o gás natural.

Por outro lado, nas áreas urbanas, a transição energética avança com mais velocidade, impulsionada por políticas locais e empresas especializadas.

Desafios e oportunidades do uso de energia renovável

Segundo Silvio Pires de Paula, presidente da Demanda Pesquisa, a diferença entre o que os brasileiros consideram importante e o que realmente praticam resulta de uma combinação de fatores econômicos e informativos.

O acesso limitado a fornecedores de energia limpa, o custo percebido como alto e a falta de informação sobre alternativas viáveis ainda dificultam a mudança.

Enquanto atitudes simples, como reduzir o consumo de energia ou evitar o desperdício de alimentos, já fazem parte da rotina da maioria, medidas que exigem investimento inicial — como instalar painéis solares — permanecem menos comuns.

Por outro lado, a percepção de que a energia renovável é cara ou difícil de implementar começa a mudar.

Com novas políticas públicas e avanços tecnológicos, as fontes renováveis se tornam mais competitivas e acessíveis.

Nos últimos anos, o preço dos sistemas solares caiu significativamente, e as linhas de crédito voltadas à eficiência energética se ampliaram.

Além disso, o avanço do mercado livre de energia transforma o cenário, permitindo que empresas e consumidores contratem diretamente fornecedores de energia renovável, com tarifas mais vantajosas e previsíveis.

Nesse contexto, a digitalização do setor elétrico, impulsionada pela transição energética 4.0, acelera ainda mais essa transformação.

Ferramentas de monitoramento remoto, medidores inteligentes e integração de redes tornam o consumo mais transparente e ajudam a planejar o uso racional da eletricidade.

Informação, cultura e conscientização energética

O desafio para ampliar o uso de energia renovável no Brasil não é apenas tecnológico, mas também cultural e informativo.

Muitas pessoas desejam contribuir com a sustentabilidade, entretanto ainda não sabem como agir de forma prática.

A educação energética continua sendo um ponto frágil.

Falta clareza sobre o funcionamento das fontes renováveis, os custos de instalação, o retorno financeiro e os impactos ambientais.

Em muitos casos, o investimento em energia solar se paga em poucos anos; contudo, essa informação nem sempre chega ao consumidor de forma acessível.

Adicionalmente, Adriana Hansen, diretora de Sustentabilidade do CTE, destaca que novas regulamentações devem impulsionar a mudança.

A Resolução CGIEE nº 4 determina que, a partir de 2027, prédios públicos terão etiquetagem de eficiência energética.

Em 2030, a exigência se estenderá aos prédios privados.

Portanto, essa medida tende a aumentar a conscientização sobre o consumo e incentivar o uso de tecnologias sustentáveis.

Com isso, a conscientização tende a crescer à medida que o custo da energia convencional sobe e os impactos das mudanças climáticas se tornam mais visíveis.

O brasileiro, por sua vez, costuma reagir quando percebe valor prático e financeiro em suas decisões.

Dessa forma, conectar o discurso ambiental com benefícios concretos é essencial para estimular novos comportamentos.

Além disso, a comunicação das empresas exerce papel decisivo.

Marcas que investem em energia limpa e mostram como reduzem sua pegada de carbono fortalecem a reputação e influenciam o comportamento dos consumidores.

O reflexo econômico das escolhas sustentáveis

Outro ponto revelado pela pesquisa é que as ações sustentáveis mais praticadas pelos brasileiros estão diretamente ligadas ao orçamento doméstico.

Evitar o desperdício de alimentos, reduzir o consumo de energia e comprar apenas o necessário são atitudes que trazem benefícios imediatos ao bolso.

Consequentemente, esse comportamento demonstra que, embora a consciência ambiental cresça, a motivação financeira ainda impulsiona a maioria das mudanças de hábito.

Por isso, a transição para fontes renováveis precisa ser vista também como uma oportunidade econômica.

Com a redução no preço dos equipamentos solares e o surgimento de novas modalidades de financiamento, investir em energia limpa torna-se uma decisão racional.

Assim, empresas e residências que adotam sistemas fotovoltaicos reduzem custos de eletricidade e valorizam seus imóveis.

Além disso, o setor de energia renovável gera empregos em ritmo acelerado.

Ele demanda mão de obra qualificada, especialmente nas fases de instalação e manutenção.

Segundo a Agência Internacional de Energia Renovável (IRENA), o Brasil já figura entre os maiores empregadores do setor na América Latina.

Portanto, essa tendência deve se intensificar à medida que novos projetos de energia solar, eólica e biogás se expandem pelo país.

Um futuro sustentável em construção

O Brasil tem condições únicas para liderar a transição energética global.

A ampla disponibilidade de recursos naturais, a matriz elétrica predominantemente renovável e o potencial para expansão de tecnologias limpas colocam o país em posição estratégica.

Contudo, para que o uso de energia renovável alcance a maioria da população, o país precisa ampliar incentivos, facilitar o acesso a financiamentos e investir em educação ambiental e energética.

A integração entre governo, empresas e sociedade civil é essencial.

À medida que a sustentabilidade se consolida como valor econômico e cultural, cresce a necessidade de transformar a consciência em prática concreta.

Adotar energia renovável não é apenas um ato de preservação ambiental, mas também uma escolha inteligente para o futuro.

Ela reduz custos, melhora a eficiência, gera empregos verdes e fortalece o desenvolvimento equilibrado.

Além disso, o fortalecimento das cooperativas de energia, os incentivos a comunidades isoladas e o avanço de tecnologias de armazenamento — como baterias de lítio e hidrogênio verde — moldam o próximo capítulo da história energética brasileira.

Dessa forma, essas soluções aumentam a autonomia dos consumidores e reforçam a segurança energética do país.

O estudo “ESG Trends 2025” revela um Brasil em plena transição energética.

Os brasileiros valorizam o uso de energia renovável, mas ainda enfrentam barreiras econômicas e informativas para aplicá-la de forma ampla.

A boa notícia é que o cenário está mudando rapidamente.

Com a evolução tecnológica, o mercado livre de energia e as políticas de eficiência energética, o acesso às fontes limpas cresce a cada ano.

Assim, mais do que uma tendência, a energia renovável representa o caminho para um futuro sustentável, no qual economia e meio ambiente caminham lado a lado.

Portanto, o desafio agora é transformar a consciência ambiental em ação cotidiana, aproximando intenção e prática e consolidando o Brasil como referência mundial em energia limpa.

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Paulo H. S. Nogueira

Sou Paulo Nogueira, formado em Eletrotécnica pelo Instituto Federal Fluminense (IFF), com experiência prática no setor offshore, atuando em plataformas de petróleo, FPSOs e embarcações de apoio. Hoje, dedico-me exclusivamente à divulgação de notícias, análises e tendências do setor energético brasileiro, levando informações confiáveis e atualizadas sobre petróleo, gás, energias renováveis e transição energética.

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