Modelos populares no mercado de zero quilômetro aparecem entre os usados com maior risco de manutenção cara, falhas conhecidas e desgaste acelerado, segundo mecânicos e especialistas em reparação automotiva.
Mecânicos e especialistas do mercado de reposição apontam cinco grupos de veículos que merecem cautela quando entram no mercado de usados.
São modelos que, como zero quilômetro e dentro da garantia, tendem a ser compras seguras; porém, após alguns anos de uso, podem trazer custos elevados, manutenção sensível ou histórico de falhas recorrentes.
O alerta recai especialmente sobre Ford com câmbio Powershift, Chevrolet com motores que usam correia banhada a óleo, automáticos de embreagem única de várias marcas, Peugeot de geração 7 e parte dos carros de luxo.
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Por que evitar esses modelos usados
O problema não está necessariamente no projeto inteiro, mas na combinação de uso real, manutenção nem sempre criteriosa e componentes conhecidos por exigir atenção.
Em veículos fora de garantia, a conta de um reparo específico pode superar a economia de compra.
Outro fator agravante é o histórico de negligência: revisões puladas, peças paralelas sem especificação exata e trocas de fluido fora do padrão aceleram falhas e elevam o risco para quem compra depois.
Ford EcoSport, Focus e New Fiesta com Powershift
Entre os casos mais citados por oficinas independentes aparece o câmbio automatizado de dupla embreagem Powershift, aplicado em EcoSport, New Fiesta, Focus e Focus Sedan.
A transmissão ganhou fama de apresentar superaquecimento, trepidações e desgaste prematuro de embreagens e atuadores, o que pode levar a reparos caros.
Há relatos de atualizações de software e campanhas de serviço, mas muitos carros já circulam há anos fora de cobertura.
Em unidades usadas, a recomendação profissional é redobrar o cuidado: testar o carro por um período maior, checar histórico de serviços e, quando possível, submeter o conjunto a diagnóstico especializado antes da compra.
Em bom estado e com manutenção em dia, podem rodar bem; o desafio é separar os exemplares preservados dos que acumularam intervenções.
Chevrolet Onix, Onix Plus, Montana e Tracker com correia banhada a óleo
Modelos recentes da Chevrolet equipados com motores que utilizam correia interna lubrificada por óleo exigem observância rígida das especificações de fluido e dos intervalos de troca.
Oficinas reportam que o uso de óleo incompatível e atrasos na manutenção aceleram a degradação da correia, com risco de contaminação do sistema e danos de maior monta.
No carro novo, sob garantia, a rede autorizada tende a conter esses problemas com revisões programadas.
Já no usado, onde o histórico pode ser incerto, cresce a probabilidade de o próximo dono herdar uma correia em fim de vida ou um conjunto comprometido por manutenção inadequada.
Para quem considerar a compra, vale exigir registros completos, avaliar o estado do lubrificante e prever a substituição preventiva conforme orientação técnica.
Automatizados de embreagem única: Fiat, Chevrolet, Renault e Volkswagen
Soluções de câmbio automatizado de embreagem simples foram uma alternativa mais barata ao automático tradicional em modelos da Fiat (Dualogic/GSR), Chevrolet (Easytronic), Renault (Easy’R) e Volkswagen (I-Motion).
Embora ofereçam a comodidade do “dois pedais”, acumulam críticas de dirigibilidade por mudanças de marcha mais lentas e por trancos típicos desse sistema.
Com o tempo, atuadores, módulos e a própria embreagem podem exigir reparos frequentes, especialmente em uso urbano severo.
A boa notícia é que a manutenção se popularizou, o que reduziu custos unitários.
Ainda assim, o comprador de usados precisa contar com inspeção minuciosa, testes em diferentes condições (subidas, manobras, trânsito pesado) e margem no orçamento para eventuais trocas de componentes.
Peugeot geração 7: 207, 307 e 407
A família conhecida como geração 7 da Peugeot — casos de 207, 307 e 407 — aparece com frequência em relatórios de oficinas por itens de suspensão mais sensíveis ao piso irregular e por eletrônica que demanda diagnóstico adequado.
Também há registros pontuais de falhas em câmbio, dependendo do histórico de uso e de intervenções.
Isso não significa que todos os exemplares sejam problemáticos, mas indica um risco estatístico maior quando comparados aos Peugeot atuais de oitava geração, que evoluíram em robustez e projeto.
Quem optar por um usado desses anos deve priorizar carros com manutenção documentada, verificar folgas de suspensão em elevador e passar o sistema elétrico por varredura em scanner automotivo.
Carros de luxo e blindados: alto custo e desgaste extra
Modelos de marcas premium costumam desvalorizar mais rapidamente, o que torna o preço de compra atraente no mercado de usados.
O que nem sempre aparece no anúncio é o custo das peças e a necessidade de mão de obra especializada, especialmente em carros com mais de uma década.
Quando há blindagem, o desgaste de freios, suspensão e conjunto de tração tende a ser superior, além de exigir manutenção específica da proteção balística.
Em veículos sem histórico completo, essa equação pode virar rapidamente contra o novo proprietário.
Por isso, recomenda-se vistoria técnica detalhada, orçamento prévio de itens caros (ar-condicionado dual zone, amortecedores eletrônicos, câmbio automático de múltiplas marchas) e análise da disponibilidade de peças.
O que considerar antes de fechar negócio
Há exceções bem cuidadas em todos os grupos citados, e elas existem em quantidade apreciável.
O ponto central é reduzir incertezas.
Histórico comprovado de revisões, notas fiscais de serviços, laudo de inspeção cautelar e avaliação de câmbio e motor por oficina de confiança mudam o cenário.
Ainda assim, convém provisionar recursos para uma revisão de chegada, com troca de fluidos por especificação técnica, checagem de sistemas eletrônicos e substituições preventivas quando houver dúvida.
Enquanto carros novos desses modelos podem ser boas escolhas pela cobertura de fábrica e por atualizações aplicadas na rede, o mesmo nome, em condição de usado e com manutenção discutível, pode transferir para o comprador a conta de falhas acumuladas.
O resultado é um risco financeiro que muitas vezes supera a vantagem do preço de entrada mais baixo.
Por fim, vale lembrar que critérios como uso anterior, qualidade das peças empregadas e aderência às especificações do fabricante pesam tanto quanto o projeto em si.
Essa avaliação caso a caso — sobretudo nos Ford com Powershift, nos Chevrolet com correia banhada a óleo, nos automatizados de embreagem única, nos Peugeot geração 7 e nos luxo/blindados — é o diferencial entre um negócio equilibrado e um problema crônico de oficina.
Você já comprou ou cogitou algum desses modelos usados e, se sim, quais cuidados tomou antes de decidir?