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13 países, 21 dias, 18.755 km: você embarcaria na viagem de trem mais longa do mundo quando retornar a ativa?

Escrito por Carla Teles
Publicado em 11/08/2025 às 14:01
13 países, 21 dias, 18.755 km você embarcaria na viagem de trem mais longa do mundo quando retornar a ativa
Descubra a viagem de trem mais longa do mundo: 18.755 km de Portugal a Singapura. Conheça o status da rota e por que esta jornada épica por 13 países não está ativa.
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Uma odisseia de 21 dias e quase 19.000 km que une a Europa e a Ásia, mas que a geopolítica global colocou temporariamente em pausa.

Existe um fascínio primordial em atravessar continentes por terra, observando o mundo se desdobrar lentamente pela janela. No topo dessas grandes jornadas está uma rota mítica: a viagem de trem mais longa do mundo. São 21 dias e 18.755 quilômetros, partindo de Portugal, cruzando 13 nações e chegando à tropical Singapura. No entanto, o que a engenharia tornou possível em 2021, a geopolítica tornou impraticável meses depois. Esta é a história de um sonho de conectividade global que, por enquanto, permanece fora de alcance.

18.755 km através de 13 países

Mapear a rota de Lagos a Singapura é desenhar uma linha através de uma diversidade impressionante de culturas e geografias. A jornada completa atravessaria 13 países. O percurso começaria na cidade de Lagos, em Portugal, seguindo por Espanha, França, Alemanha, Polônia, Bielorrússia e chegando a Moscou.

De Moscou, o viajante embarcaria na lendária Ferrovia Transiberiana, atravessando a Rússia até entrar na China, em Pequim. Da capital chinesa, a viagem continua para o sul, passando pelo Laos, Tailândia e Malásia, até o destino final em Singapura. É fundamental entender que esta não é uma viagem com um único bilhete. É um mosaico de conexões que exige a compra de passagens de diversas operadoras ferroviárias. Cidades como Paris, Moscou, Pequim e Banguecoque funcionam como pontos de transição cruciais.

O verdadeiro catalisador para esta rota foi a Ferrovia China-Laos, inaugurada em dezembro de 2021. Essa obra de infraestrutura foi o “elo final” que conectou a malha ferroviária chinesa à do Sudeste Asiático, tornando a odisseia uma possibilidade logística.

Por que a viagem de trem mais longa do mundo não é possível hoje?

Rota, Portugal à Singapura
Rota, Portugal à Singapura

A grande ironia desta rota é que sua artéria vital foi cortada quase no momento de sua concepção. O elo essencial que unia a Europa Ocidental à Ásia era o serviço de trem direto entre capitais como Paris e Moscou. Sem esses trens, a jornada se fragmenta em duas metades desconexas.

O principal obstáculo são as perturbações geopolíticas resultantes do conflito na Ucrânia. Em resposta à invasão, os serviços ferroviários diretos entre a Rússia e muitos países da União Europeia foram suspensos por tempo indeterminado. Isso tornou o segmento europeu-russo da viagem impraticável. Curiosamente, a fama da viagem cresceu exponencialmente justamente quando ela se tornou impossível, transformando-a em um mito moderno.

Vistos e custos para o viajante brasileiro

Embora a jornada completa esteja suspensa, o planejamento para seus trechos exige atenção a vistos e custos. Para um cidadão brasileiro, a documentação é uma mistura de burocracia e conveniência.

Nos países do Espaço Schengen (Portugal, Espanha, França, Alemanha, Polônia), brasileiros são isentos de visto por até 90 dias, mas a autorização de viagem ETIAS será necessária. Na Bielorrússia e na Rússia, brasileiros também gozam de isenção de visto para estadias de até 90 dias. Uma grande facilidade é a China, que a partir de 1 de junho de 2025, passa a ter um acordo de isenção mútua de visto para estadias de até 30 dias. Já no Laos, é preciso obter um Visto na Chegada (Visa on Arrival). Na Tailândia, a isenção de visto é válida por até 90 dias. Para entrar na Malásia, além da isenção, é obrigatório o Certificado de Vacinação contra Febre Amarela e o preenchimento do Malaysia Digital Arrival Card (MDAC). Por fim, em Singapura, a estadia de até 30 dias sem visto exige o preenchimento do Singapore Arrival Card (SGAC).

Quanto ao orçamento, a estimativa de 1.200 euros, frequentemente citada online, é excessivamente otimista. Um orçamento mais realista, somando os custos mais baixos de cada segmento, ficaria entre 2.000 a 2.500 euros apenas para o transporte. Uma viagem mais confortável poderia facilmente ultrapassar 4.000 a 5.000 euros.

As experiências de cada trecho da rota

Cada segmento da rota Lagos-Singapura oferece uma imersão cultural única. A viagem começa na calma de Lagos, em Portugal, e rapidamente entra na rede de alta velocidade da Europa.

O coração da odisseia é a Ferrovia Transiberiana, de Moscou a Pequim. É uma jornada de quase uma semana que redefine a percepção de tempo e distância. A vida a bordo tem um ritmo próprio, marcado pelas paisagens hipnóticas da Sibéria. Já na China, o viajante experimenta a proeza da engenharia moderna nos trens de alta velocidade até Kunming.

A etapa mais nova, de Kunming a Vientiane, atravessa as montanhas do Laos em um moderno trem-bala. Para seguir até a Tailândia, os trens-cama noturnos oferecem uma forma clássica e memorável de viajar pelo Sudeste Asiático. O trecho final, pela Malásia até Singapura, é o mais fragmentado, exigindo múltiplas conexões de trem ou a opção mais simples de um ônibus direto de Kuala Lumpur.

Outras grandes odisseias ferroviárias no mundo

Para quem busca uma aventura transcontinental hoje, existem alternativas épicas e totalmente realizáveis. Uma delas é a The Canadian (Toronto – Vancouver), uma jornada de 4.466 km que atravessa o Canadá de leste a oeste em quatro dias. O percurso é famoso pela travessia das Montanhas Rochosas, mas também por seus atrasos significativos. Outra grande odisseia é a The Indian Pacific (Sydney – Perth) na Austrália. Esta viagem de 4.352 km em quatro dias liga os oceanos Pacífico e Índico, com uma experiência focada no luxo, incluindo refeições e excursões.

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Carla Teles

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