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Zelândia, o oitavo continente oculto da Terra, acaba de ser encontrado

Escrito por Fabio Lucas Carvalho
Publicado em 09/11/2024 às 23:47
Atualizado em 10/11/2024 às 09:41
continente
Foto: Reprodução

Oitavo continente descoberto: conheça Zelândia, a nova massa continental oculta da Terra

Abaixo das ondas do Pacífico Sul relacionado à Zelândia, uma enorme massa de terra submersa, muitas vezes considerada o oitavo continente da Terra. Cerca de 95% de sua área permanece submersa, mas suas origens geológicas remontam a milhões de anos, desde o supercontinente Gondwana.

A história fragmentada da Zelândia oferece uma visão única sobre a evolução tectônica do nosso planeta e revela como este continente “perdido” se esconde sob as águas ao longo do tempo.

Um continente perdido para o mar

A Zelândia faz parte do supercontinente Gondwana, que existe há mais de 100 milhões de anos e inclui regiões que hoje são a África, a América do Sul, a Antártida, a Austrália e o subcontinente indiano.

Com o tempo, Gondwana passou por um processo de fragmentação, e Zelândia começou a se separar de seus vizinhos.

A separação da Zelândia do sul da Antártida Ocidental ocorreu há cerca de 85 milhões de anos. Já o norte da Zelândia se distanciou da Austrália há aproximadamente 60 milhões de anos.

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No entanto, diferente de outros continentes que foram colocados acima do nível do mar, a Zelândia começou a afundar gradativamente durante o período Paleógeno.

A crosta terrestre da região se resfriou e afinou, fazendo com que a maior parte da Zelândia ficasse submersa, com apenas a Nova Zelândia e a Nova Caledônia permanecendo visível hoje.

As partes mais reconhecíveis da Zelândia que permanecem acima da água são as ilhas da Nova Zelândia. (CRÉDITO: Tectonics)

Descobrindo os segredos da Zelândia

Embora a existência da Zelândia tenha sido sugerida décadas atrás, somente os avanços científicos recentes permitiram que o continente ganhasse maior atenção no meio acadêmico.

Um estudo publicado na revista Tectonics pela GNS Science, liderado pelo geólogo Nick Mortimer, representou um avanço importante nas pesquisas sobre a Zelândia.

Para investigar, a equipe utilizou técnicas avançadas de dragagem nos trechos ao norte da Zelândia, coletando amostras de rochas que incluem arenito, lamito, calcário e lava basáltica. Essas amostras trouxeram revelações fundamentais sobre a história geológica da região.

“Ao dados essas rochas e analisar suas características magnéticas, conseguimos mapear as unidades geológicas principais da Zelândia do Norte”, explicou a equipe de Mortimer. Este mapeamento geológico offshore foi o primeiro do tipo para o continente da Zelândia e ofereceu um panorama inédito.

Algumas das amostras de rocha, como o arenito, têm cerca de 95 milhões de anos, datando do período Cretáceo Superior. Já amostras de granito e rochas vulcânicas possuem até 130 milhões de anos, remetendo ao período Cretáceo Inferior.

Amostras de basalto foram datadas do Eoceno, cerca de 40 milhões de anos atrás. Essa combinação de dados oferece uma linha do tempo detalhada da evolução geológica da Zelândia.

Mapeamento geológico revelando as conexões entre Zealandia e Antártida. Amostras do Permiano (azul), Batólito Mediano (rosa). (CRÉDITO: Tectonics)

Teorias sobre a formação da Zelândia

As descobertas recentes desafiam as teorias anteriores sobre a formação do continente. Anteriormente, muitos pesquisadores sugeriram que a Zelândia foi formada por uma ruptura de penetração entre as placas tectônicas, onde uma placa se moveu horizontalmente sobre a outra.

No entanto, o estudo da equipa de Mortimer aponta para uma teoria alternativa.

Uma pesquisa sugere que o estiramento das placas perfuradas fissuras semelhantes a um processo de subducção, formando o Mar da Tasmânia. Este processo de extensão tectônica levou ao afinamento da crosta, fazendo com que a Zelândia afundasse, até atingir seu atual estado submerso.

“Ao datar essas rochas e estudar as anomalias magnéticas que elas apresentavam”, disseram os pesquisadores, “fomos capazes de mapear as principais unidades geológicas da Zelândia do Norte”. (CRÉDITO: Tectonic)

Significado geológico além da superfície

Compreender a evolução geológica da Zelândia traz implicações significativas para o estudo da tectônica global. A crosta da Zelândia é afinada em até 65%, um aspecto raro que permite estudar processos tectônicos com mais profundidade.

Além disso, a Zelândia serve como um “laboratório natural” que ajuda os geólogos a entender melhor a dinâmica geológica do Pacífico.

Um pesquisador da GNS Science comentou que “o fato da Zelândia estar submerso não diminui de forma alguma sua importância geológica“. Pelo contrário, o continente submerso revela características únicas que auxiliam no entendimento da evolução do planeta.

Continuação da pesquisa e avanços tecnológicos

As pesquisas na Zelândia continuam e apresentam desafios únicos devido ao seu estado submerso. No entanto, o desenvolvimento de novas tecnologias, como dragagem em alto mar e técnicas avançadas de imagens sísmicas, permitiu que os cientistas desvendassem segredos do continente submerso.

Esses estudos têm como objetivo refinar ainda mais nossa compreensão da geologia da Zelândia, e última em instância, da própria história da Terra.

Enquanto cientistas exploram a Zelândia, eles não apenas desvendam os mistérios de um continente oculto, mas também estão escondidos para uma compreensão mais completa da história dinâmica do nosso planeta.

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Fabio Lucas Carvalho

Jornalista especializado em uma ampla variedade de temas, como carros, tecnologia, política, indústria naval, geopolítica, energia renovável e economia. Atuo desde 2015 com publicações de destaque em grandes portais de notícias. Minha formação em Gestão em Tecnologia da Informação pela Faculdade de Petrolina (Facape) agrega uma perspectiva técnica única às minhas análises e reportagens. Com mais de 10 mil artigos publicados em veículos de renome, busco sempre trazer informações detalhadas e percepções relevantes para o leitor. Para sugestões de pauta ou qualquer dúvida, entre em contato pelo e-mail flclucas@hotmail.com.

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