Wesley Batista afirmou que a JBS enxerga oportunidades de aquisições na Europa e que a fragmentação do mercado europeu cria terreno para capturar sinergias operacionais e ampliar portfólio de marcas locais.
A JBS, maior empresa de carnes do mundo, sinalizou um novo ciclo de crescimento inorgânico no continente europeu. Em um evento transmitido ao vivo nesta terça-feira, 16 de setembro de 2025, o acionista controlador Wesley Batista disse que o mercado europeu de proteína animal é “fragmentado”, o que abre espaço para consolidação via aquisições. Segundo ele, há várias janelas de compra no curto e no médio prazo.
O executivo frisou que a estratégia global mira regiões onde barreiras regulatórias sejam mais manejáveis. Na Europa, a avaliação é que os negócios podem avançar com menor risco de concentração do que em outros mercados maduros. “Sem dúvida” haverá busca de ativos, afirmou Batista, sem citar alvos específicos.
No mesmo palco, Marcos Molina, controlador de Marfrig e BRF, participou do debate sobre o protagonismo de empresas brasileiras nas três proteínas (boi, porco e frango) e sobre o cenário competitivo global. A presença dos dois reforçou a leitura de que o setor passa por um novo ciclo de consolidação.
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Europa “fragmentada”: onde estão as oportunidades de aquisição em proteína animal
Para a JBS, a fragmentação do mercado europeu cria terreno para capturar sinergias operacionais e ampliar portfólio de marcas locais. Em vários países, frigoríficos regionais competem com grupos de médio porte, o que pode permitir ganhos de escala a quem agrega produção e distribuição.
Batista indicou que a prioridade é avançar onde a regulação antitruste não impõe travas imediatas e onde o custo de integração seja compatível com a geração de caixa. A lógica inclui fortalecer processados e valor agregado, segmentos menos cíclicos que carne in natura.
A empresa não divulgou nomes de potenciais alvos, nem cronograma. Ainda assim, o tom do executivo sugere apetite por ativos que reforcem presença local e exportações para a própria Europa, reduzindo dependências e diversificando receitas.
NYSE: listagem em Nova York reduz custo de capital e aproxima JBS da Tyson
A listagem da JBS na NYSE, concluída em 13 de junho de 2025 sob o ticker JBS, foi apresentada como peça central para o novo ciclo. Segundo a companhia, o dual listing (B3 e NYSE) amplia a base de investidores, reduz o custo de capital e facilita eventuais movimentos de M&A. Esse reforço financeiro é apontado por Batista como diferencial para competir com gigantes norte-americanas como a Tyson Foods.
O processo foi precedido por aprovação de minoritários em maio, após anos de idas e vindas. Analistas destacaram na ocasião potencial de reprecificação dos papéis com a exposição internacional e governança aprimorada, embora ONGs e parte do mercado tenham mantido pressões ESG sobre a companhia.
Na prática, estar em Nova York dá mais moeda de troca para aquisições, seja via caixa, seja via ações listadas globalmente, além de ampliar o acesso a dívida mais barata. Para uma consolidação europeia, financiamento competitivo é decisivo.
Antitruste freia aquisições nos EUA e no Brasil (20%–25% nas três proteínas)
Se na Europa a JBS enxerga espaço, em EUA e Brasil o tabuleiro é outro. Batista afirmou que, em boi, porco e frango, a empresa já tem entre 20% e 25% de participação no mercado norte-americano, o que limita novas compras por questões antitruste. No Brasil, a leitura é semelhante, especialmente em alimentos processados, onde aquisições relevantes tendem a enfrentar resistência de reguladores.
Essa fotografia explica por que a agenda de M&A deve se concentrar fora desses dois mercados. Crescer sem esbarrar em concentração virou condição para que o capital levantado com o dual listing se traduza em negócios.
O pano de fundo é a maior escrutínio concorrencial global em alimentos, com autoridades nos EUA e no Brasil mais atentas a movimentos que reduzam a rivalidade entre players — cenário que ajuda a entender o foco europeu da estratégia.
A JBS deve acelerar compras na Europa ou esperar mais dados sobre o impacto dos GLP-1 na demanda por carne? Concorda com a leitura de que antitruste nos EUA e no Brasil empurra o crescimento para fora? Comente abaixo sua visão.