A montadora sueca pertencente ao Grupo Volkswagen inaugura sua primeira fábrica totalmente própria no país asiático, em um movimento estratégico para conquistar o maior mercado de caminhões pesados do mundo e diversificar sua produção global
A Scania inaugurou no dia 15 de outubro sua primeira unidade fabril totalmente própria na China, localizada em Rugao, província de Jiangsu, a cerca de 200 quilômetros de Xangai. O investimento robusto de 2 bilhões de euros (aproximadamente R$ 12,6 bilhões) representa a maior aposta industrial da marca fora da Europa e consolida a estratégia de expansão da fabricante sueca no competitivo mercado asiático.
A nova fábrica possui capacidade para produzir 50 mil caminhões anualmente e emprega cerca de 3 mil funcionários. Com isso, Rugao se torna a terceira base industrial global da Scania, ao lado de Södertälje (Suécia) e São Bernardo do Campo (Brasil).
A planta chinesa foi projetada para funcionar com fontes de energia renovável, incluindo biogás produzido localmente e eletricidade de baixo carbono, com meta de alcançar a neutralidade de carbono.
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Por que a China é estratégica para a Scania
O gigante asiático representa o maior mercado de caminhões pesados do mundo, com números impressionantes. Em 2024, a China vendeu em média 85.671 automóveis por dia, e o país já responde por quase um terço da produção e comércio mundial de veículos. Para fabricantes estrangeiros, esse mercado era historicamente desafiador devido às restrições que exigiam parcerias com empresas locais.
A recente flexibilização das políticas econômicas chinesas permitiu que marcas estrangeiras construam suas próprias fábricas no país sem necessidade de parceria, abrindo uma janela de oportunidade que a Scania aproveitou estrategicamente. Segundo Christian Levin, CEO da Scania, ter produção local significa entregas mais rápidas e produtos adaptados às necessidades asiáticas.
A proximidade com o mercado consumidor também funciona como proteção contra incertezas geopolíticas e mudanças em acordos comerciais internacionais. Com a nova unidade, a Scania pode atender não apenas o mercado chinês, mas também exportar para outros países da Ásia e Oceania.
Linha exclusiva criada para o mercado chinês
A fábrica de Rugao produz duas linhas de caminhões. A Global Super traz os modelos da Linha R, com motores de 13 litros e visual semelhante aos Scania brasileiros. Mas o destaque fica por conta da linha Next Era, desenvolvida especialmente para a estreia da operação chinesa.
Com design futurista, a Next Era apresenta grade e para-choque totalmente redesenhados, além de faróis de LED. Um detalhe curioso: em vez do logotipo tradicional, o nome Scania aparece escrito em caracteres chineses na dianteira do veículo. Os motores disponíveis são os TD13 02 e TD13 01, com 460 cv e 500 cv, respectivamente.
Em março de 2025, o primeiro caminhão protótipo fabricado na nova planta saiu da linha de produção – um trator 500R. Os veículos contam com sistema de câmeras 360 graus e condução autônoma de nível 2, incluindo controle de cruzeiro adaptativo e frenagem automática. A linha foi desenvolvida para integração total ao ecossistema digital local, atendendo às necessidades específicas do transporte de longa distância chinês.
Brasil continua como base estratégica global
Apesar da nova megafábrica chinesa, a operação brasileira mantém sua relevância. A unidade de São Bernardo do Campo, inaugurada em 1962, foi a primeira linha de produção da Scania fora da Suécia e se tornou laboratório de tecnologias regionais e base de exportação para a América Latina.
Em 2024, a fábrica brasileira produziu aproximadamente 30 mil caminhões e chassis de ônibus, sendo 35% destinados a outros países. A marca atingiu um marco histórico ao fabricar 500 mil caminhões no Brasil desde sua chegada ao país em 1957. Atualmente, a planta tem capacidade anual de 30 mil veículos e emprega quase 6 mil colaboradores.
A Scania anunciou um novo ciclo de investimentos de R$ 2 bilhões para o período de 2025 a 2028 no Brasil, com foco em descarbonização e preparação para fabricação de chassis de ônibus elétricos. A fábrica brasileira será a terceira unidade global da marca a produzir veículos elétricos, mantendo sua posição como segunda maior planta da Scania no mundo.
Sessenta anos de história com a China
A relação entre Scania e China começou em 1965, com a importação de caminhões L76 para transporte de madeira. Um capítulo importante dessa história ocorreu durante a construção da Ferrovia Tazara, que liga Tanzânia e Zâmbia, entre 1968 e 1975. O projeto, financiado pela China, utilizou 200 caminhões Scania L76 “Jacaré” que foram posteriormente devolvidos ao país asiático, onde fizeram grande sucesso.
Em 2002, a Scania estabeleceu um escritório na China, formalizando sua entrada no mercado. Em 2020, adquiriu a Nantong Gaokai Auto Manufacturing Co., dando início aos planos de produção local que agora se concretizam com a inauguração da fábrica de Rugao.
Vale lembrar que, desde 2014, a Scania é totalmente controlada pelo grupo Volkswagen, por meio da holding Traton SE, que também gerencia marcas como MAN e Navistar. Com capital fechado, a empresa sueca faz parte do mesmo conglomerado que controla outras grandes marcas automotivas globais.
E você, o que acha dessa estratégia da Scania de investir bilhões na China enquanto mantém operações no Brasil? Será que outras montadoras europeias deveriam seguir o mesmo caminho? Deixe sua opinião nos comentários e participe dessa discussão sobre o futuro da indústria automotiva global!