Visa lança cartão de crédito com até 3,5% de retorno em Bitcoin, em parceria com Stripe e Fold, marcando uma nova era na integração entre consumo e investimento digital.
O que parecia um movimento distante tornou-se realidade: a Visa, uma das maiores empresas de pagamentos do planeta, entrou de vez na corrida das criptomoedas. Em parceria com a fintech Fold e a plataforma de pagamentos Stripe, a companhia está lançando um cartão de crédito que oferece até 3,5% de cashback em Bitcoin, um produto que une consumo e investimento em um mesmo gesto. A novidade, revelada em setembro de 2025, promete remodelar o mercado financeiro global e desafiar diretamente bancos tradicionais que ainda resistem à integração com ativos digitais.
Um cartão que transforma cada compra em investimento digital
O novo cartão, emitido na rede Visa e operacionalizado pela Stripe, concede 2% de retorno automático em Bitcoin em todas as compras realizadas.
O diferencial está na possibilidade de ampliar esse bônus: quem pagar a fatura por meio de uma conta qualificada na plataforma Fold pode receber mais 1,5% adicional, totalizando 3,5% de retorno em criptomoedas.
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Essa estrutura é radicalmente diferente dos programas convencionais de pontos ou milhas. Em vez de recompensas atreladas a companhias aéreas ou produtos específicos, o cliente acumula satoshis — as frações do Bitcoin diretamente em sua conta, convertendo o consumo do dia a dia em investimento digital automático.
Segundo a Fold, não há categorias de gasto, staking de tokens ou exigência de conta em corretora. O foco é simplificar o acesso ao Bitcoin como reserva de valor e aproximar o usuário comum do ecossistema cripto.
“Queremos que as pessoas ganhem Bitcoin simplesmente por viverem suas vidas normalmente, sem precisar se preocupar com volatilidade ou processos técnicos”, afirmou o CEO da empresa, Will Reeves, em nota oficial.
A estratégia por trás da Visa
A entrada da Visa nesse mercado é mais do que simbólica é estratégica. A companhia processa mais de 260 bilhões de transações anuais e movimenta trilhões de dólares em todo o mundo.
Ao permitir que seus parceiros emitam cartões vinculados a criptomoedas, a empresa busca ocupar um espaço que bancos tradicionais e reguladores ainda tratam com cautela.
O projeto surge num momento em que o Bitcoin valorizou quase 40% apenas em 2025, superando os US$ 85 mil, impulsionado por compras institucionais e expectativas de corte de juros nos EUA.
Para analistas, o movimento da Visa não é apenas uma resposta a esse ciclo, mas um passo natural na consolidação das criptos como instrumento de pagamento e reserva de valor.
O Deutsche Bank já havia projetado em relatório recente que o Bitcoin pode ser reconhecido como ativo de reserva global até 2030, ao lado do ouro e o novo cartão reforça essa tese, tornando o uso da criptomoeda mais cotidiano.
O papel da Stripe e o avanço das fintechs
A parceria com a Stripe, gigante de infraestrutura de pagamentos digitais, garante escalabilidade ao projeto e reduz custos de emissão. A empresa, avaliada em mais de US$ 65 bilhões, é responsável por integrar os pagamentos entre comerciantes e a rede Visa, garantindo compatibilidade com sistemas de pagamento internacionais.
Essa tríade: Visa, Stripe e Fold — representa uma nova geração de produtos financeiros que unem infraestrutura bancária tradicional, inovação cripto e recompensas diretas em ativos digitais, um formato que especialistas já chamam de “finança híbrida”.
Segundo analistas da CoinDesk Research, o sucesso do produto pode inspirar outras instituições financeiras a desenvolverem modelos semelhantes com Ethereum, stablecoins ou até tokens de carbono.
O objetivo é transformar recompensas financeiras em veículos de investimento automáticos, criando uma ponte real entre consumo e patrimônio.
Efeitos sobre o mercado global e o Brasil
Embora o cartão ainda esteja em fase inicial de distribuição nos Estados Unidos, o impacto já é sentido globalmente. Especialistas apontam que o movimento da Visa pode acelerar a adoção institucional de criptomoedas e abrir espaço para versões regionais do produto.
No Brasil, a empresa mantém parceria com fintechs como Nubank, Alter e Binance Card, que já oferecem cashback em Bitcoin ou stablecoins, mas com percentuais muito inferiores (geralmente entre 0,1% e 1%).
Caso o modelo da Fold com cashback de 3,5% se expanda, o país pode se tornar um dos primeiros mercados da América Latina a receber a tecnologia, especialmente diante do crescimento exponencial das transações via Pix e da integração entre carteiras digitais e exchanges de criptoativos.
O Brasil já ocupa posição de destaque no setor: segundo relatório da Chainalysis 2025, o país é o 9º maior mercado de criptomoedas do mundo, com mais de 5 milhões de usuários ativos em plataformas digitais e um volume de transações superior a US$ 120 bilhões anuais. A chegada de um produto global como esse tende a ampliar a concorrência e pressionar bancos a modernizarem seus sistemas de fidelidade.
O início de uma nova disputa financeira
A iniciativa da Visa simboliza uma nova disputa entre o sistema financeiro tradicional e o universo descentralizado das criptomoedas.
Bancos ainda dependem de juros, taxas e intermediação; já as fintechs apostam em transparência, autonomia e retorno direto ao usuário.
A “corrida pelo Bitcoin do dia a dia” promete mudar o comportamento de consumo, já que cada compra, café ou viagem pode representar um pequeno investimento automático.
Para investidores e consumidores, o novo cartão é uma oportunidade de transformar gasto em rentabilidade — mas também um alerta de que a fronteira entre o mundo bancário e o digital está desaparecendo.