Mesmo com juros elevados, o mercado segue em alta; especialistas projetam crescimento moderado e alertam para cenário econômico e internacional
O mercado automotivo brasileiro manteve o ritmo positivo no primeiro semestre de 2025. Foram emplacados 1.198.805 veículos novos, incluindo automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus. Esse número representa um aumento de 4,82% em relação ao mesmo período de 2024 (1,1 milhão de unidades) e um expressivo crescimento de 20,09% frente a 2023 (998.270 unidades).
De acordo com a Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores), mesmo com juros altos, atualmente em torno de 15%, o setor continua mostrando demanda. “O mercado ainda tem fôlego, mesmo com certa desaceleração”, afirmou Marcelo Ciardi Franciulli, diretor executivo da entidade. Porém, ele alerta que os juros elevados limitam o apetite por novas compras e investimentos.
Automóveis e comerciais leves lideram
Entre os segmentos, os automóveis foram responsáveis por 878.604 emplacamentos no semestre, alta de 3,52% em relação a 2024. Em junho, foram emplacados 159.128 veículos, uma queda de 5,02% frente a maio e retração de 2,84% comparado a junho do ano passado.
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Nos comerciais leves, o crescimento foi ainda mais expressivo: 252.665 unidades no semestre, alta de 10,74% sobre 2024. Em junho, foram 43.036 emplacamentos, com queda de 8,08% em relação a maio, mas aumento de 11,32% frente a junho de 2024.
Já caminhões e ônibus somaram 67.536 unidades no semestre, crescimento discreto de 1,16% em relação a 2024. Em junho, foram 10.733 emplacamentos, queda de 5,03% frente a maio e recuo de 9,14% comparado ao mesmo mês do ano anterior.
Projeções para 2025: ritmo mais moderado
A Fenabrave projeta um crescimento geral de 5% para 2025, chegando a 2.765.906 veículos vendidos. Para automóveis e comerciais leves, espera-se alta de 5%, totalizando 2.608.977 unidades. Já os caminhões devem sofrer queda de 7%, enquanto os ônibus devem registrar aumento de 6%.
A entidade destaca que as novas normas Euro 6 para motores a diesel, que visam reduzir emissões, acabaram retardando a renovação da frota de caminhões. Além disso, o cenário macroeconômico e político, tanto nacional quanto internacional, influencia diretamente essas previsões.
Segundo Tereza Fernandez, economista responsável pelas projeções da Fenabrave, a possível volta de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos traz incertezas sobre tarifas e comércio exterior. “As medidas de Trump já impactam o mercado internacional e podem reduzir o comércio global”, explicou.
No Brasil, a alta dos juros e o déficit fiscal continuam sendo os principais entraves. Mesmo com uma leve desaceleração recente, a inflação segue pressionando. A consultora avalia que o Marco Legal de Garantias ajuda a mitigar os impactos negativos do crédito mais caro, evitando um freio total nas vendas.