Huawei e Vale discutem projeto de minas inteligentes no Brasil com uso de 5,5G, automação remota e robôs autônomos, em iniciativa que também inclui México e Chile. A proposta envolve digitalização, produtividade e maior segurança nas operações.
A Huawei informou que mantém conversas com a Vale para desenvolver um projeto de minas inteligentes conectadas ao 5G Avançado (5,5G) no Brasil.
De acordo com o site Poder 362, a proposta prevê pilotos também no México e no Chile, com integração entre veículos, rede e computação em nuvem para operações autônomas e controle remoto.
Em resposta, a mineradora afirmou que dialoga com diferentes fornecedores, incluindo a empresa chinesa, para expandir a digitalização de suas atividades.
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Negociações sobre minas inteligentes
De acordo com a Huawei, a intenção é selecionar unidades específicas na América Latina para validar o sistema de integração veículo–rede–nuvem em ambiente real.
Em entrevista a jornalistas latino-americanos na mina de carvão de Yimin, na região autônoma da Mongólia Interior, na China, o gerente-geral da unidade de negócios de petróleo, gás e mineração da companhia, Shao Qi, declarou: “Nossa intenção é selecionar algumas minas do México, Brasil e Chile para testar o sistema de integração veículo, rede e nuvem. (…) Também estamos em conversas com a Vale, uma das maiores mineradoras de ferro”.
A Vale confirmou, em nota, que “mantém conversas com diversos fornecedores de tecnologia, entre eles a Huawei, para explorar parcerias de digitalização de suas operações. O objetivo é reforçar continuamente a segurança e aumentar a produtividade das operações através da implantação de tecnologias digitais.”
Até o momento, não há anúncio público sobre cronograma, escopo detalhado ou quais ativos brasileiros poderão participar dos pilotos.
O que define uma mina inteligente
Minas inteligentes combinam sensoriamento contínuo, plataformas de dados e automação para elevar eficiência e segurança.
Em vez de presença humana constante nas frentes de maior risco, a operação conecta escavadeiras, perfuratrizes e caminhões autônomos a sistemas de comando e supervisão à distância.
A coleta e o processamento de dados ocorrem em tempo real, com alertas sobre condições de terreno, manutenção e segurança ocupacional.
Esse arranjo reduz a exposição de equipes a áreas perigosas e permite tomada de decisão baseada em indicadores objetivos.
Além disso, a integração de sensores ambientais a painéis de controle viabiliza acompanhamento permanente de qualidade do ar, ruído, vibração e estabilidade de taludes.
Importância do 5,5G para mineração
O 5,5G promete maior velocidade de transmissão, latência reduzida e suporte a uma densidade superior de dispositivos por célula.
Em mineração, tais características são decisivas para robôs autônomos e para o controle remoto de máquinas pesadas, que exigem comunicação rápida e confiável.
Com mais capacidade, torna-se viável transmitir vídeo de alta definição para inspeções, sincronizar frotas e acionar protocolos de segurança sem atrasos.
No Brasil, Claro, TIM e Vivo realizam testes com 5,5G desde 2024, porém ainda não há previsão de entrada em operação comercial.
Em ambientes privados, como cavas e plantas de beneficiamento, redes dedicadas permitem validar aplicações críticas com requisitos de disponibilidade e segurança mais rígidos.
Etapa atual das conversas
As declarações da Huawei foram dadas durante visita técnica à mina de Yimin, na Mongólia Interior, onde a companhia demonstra soluções para setores extrativos.
O recorte latino-americano inclui Brasil, México e Chile como candidatos a pilotos do sistema veículo–rede–nuvem.
Embora a Vale tenha sido citada nominalmente, as tratativas seguem em fase exploratória, sem anúncio de contrato assinado ou definição pública de sites no território brasileiro.
Por ora, a prioridade é identificar casos de uso com impacto direto em segurança e produtividade.
Entre os cenários mais citados no setor estão perfuração remota, navegação autônoma de caminhões com redundância de comunicação e inspeções por robôs em áreas de ventilação restrita.
Também ganham espaço câmeras de alta resolução com processamento na borda para detecção de pessoas e obstáculos, além de manutenção preditiva baseada em dados de vibração e temperatura.
Histórico da Vale com conectividade
A mineradora mantém desde 2019 um projeto com a Vivo para monitorar equipamentos autônomos por meio de 4G.
As iniciativas alcançam as minas de Carajás (PA) e São Gonçalo do Rio Abaixo (MG), conectando veículos, sensores e sistemas de gestão.
Essa base de conectividade pode facilitar a adoção de arquiteturas mais avançadas.
Nas novas redes, a menor latência e a maior largura de banda do 5,5G viabilizam orquestração em tempo real de múltiplos ativos e teleoperação mais responsiva.
Além da camada de rede, a evolução envolve integração com plataformas de dados, segurança cibernética industrial e políticas de redundância.
Impactos esperados na operação
A digitalização tende a influenciar indicadores de segurança do trabalho ao reduzir a presença física em frentes críticas e ao ampliar a visibilidade sobre a operação.
Em paralelo, dados de telemetria ajudam a otimizar rotas, consumo de combustível e regime de manutenção.
Esses fatores contribuem para ganhos de eficiência energética e redução de paradas não planejadas.
Do ponto de vista ambiental, o monitoramento contínuo de variáveis como poeira, ruído e vibração alimenta painéis de conformidade e protocolos de resposta.
Com conectividade robusta, as redes de sensores podem cobrir áreas extensas da cava e das instalações de beneficiamento. Isso permite rastreabilidade de eventos e apoio a auditorias ambientais.