Um rosto misterioso surgiu no topo de uma montanha remota no sul do Chile, intrigando usuários do Google Maps. A descoberta reacendeu teorias sobre vida extraterrestre, mas especialistas explicam o fenômeno com base na psicologia humana. O debate entre ciência e imaginação voltou ao centro das atenções.
Usuários atentos do Google Maps ficaram surpresos ao notar algo inusitado no sul do Chile.
Em uma região isolada, próxima ao extremo sul do país, um rosto misterioso parece surgir no topo de uma montanha.
A imagem, descoberta nas coordenadas -55.544240031062884, -69.2657059749214, rapidamente se espalhou pelas redes sociais e levantou todo tipo de teoria.
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O responsável pelo achado foi Scott C Waring, um conhecido caçador de OVNIs. Ele publicou um vídeo no YouTube mostrando a imagem e questionando: “Esses são alienígenas?”.
Segundo Waring, seres muito antigos e avançados poderiam ter deixado marcas assim, que hoje seriam vistas como anjos, demônios ou até deuses.
Base alienígena ou ilusão de ótica?
A especulação sobre a origem da imagem não parou por aí.
Nos comentários do video, muitos apoiaram a ideia de algo extraterrestre.
Um dos seguidores afirmou já ter encontrado imagens semelhantes na Antártida e disse que, inicialmente, pensava ser apenas falhas digitais.
No enntanto, depois da descoberta no Chile, ele passou a considerar que talvez fossem glifos antigos, semelhantes aos de Nasca.
Apesar do entusiasmo, especialistas sugerem uma explicação bem diferente para o fenômeno.
Pareidolia: o cérebro quer ver rostos
O mais importante é entender que essa imagem pode ser apenas resultado de um processo psicológico chamado pareidolia.
Segundo o Dr. Robin Kramer, da Universidade de Lincoln, nosso cérebro é treinado para identificar rostos em qualquer lugar, mesmo onde não há nenhum.
“Nosso sistema de detecção facial evoluiu para ser excelente na detecção de rostos”, afirmou o especialista.
Para ele, faz mais sentido o cérebro errar vendo rostos onde não existem do que deixar de perceber rostos reais.
Esse fenômeno ajuda a explicar por que estruturas geológicas, como montanhas ou pedras, às vezes parecem ter olhos, nariz ou boca.
É a mesma razão pela qual algumas pessoas dizem ver imagens religiosas em torradas ou árvores.
Vantagem evolutiva e reflexos automáticos
Segundo o professor Kevin Brooks, da Universidade Macquarie, essa habilidade de identificar rostos rapidamente pode ter sido essencial para a sobrevivência humana.
“Temos tendência a classificar qualquer coisa vagamente parecida com um rosto como um rosto até que se prove o contrário”, explicou.
Para os nossos ancestrais, isso aumentava as chances de perceber a aproximação de um amigo — ou de um inimigo.
Em situações de perigo, era melhor errar por excesso do que correr riscos. Assim, esse reflexo visual teria sido preservado ao longo das gerações.
Crer no invisível pode afetar o que se vê
Além disso, estudos apontam que pessoas mais inclinadas a crenças religiosas ou sobrenaturais são mais propensas a esse tipo de percepção.
Um estudo realizado na Finlândia, em 2012, mostrou que quem acredita em fenômenos paranormais tende a ver rostos em imagens aleatórias com maior frequência.
A pesquisadora Susan Wardle, do Instituto Nacional de Saúde, reforça que isso geralmente não é sinal de problema neurológico.
No entanto, ela alerta que uma alta incidência de pareidolia pode indicar uma predisposição para acreditar em explicações sem base real.
Ela afirma: “A maioria das pessoas que vê rostos em coisas reconhece que os rostos não são reais”.
O problema, segundo a especialista, surge quando alguém passa a interpretar esses padrões como mensagens ocultas ou sinais sobrenaturais.
Fenômeno recorrente em outras regiões
O caso no Chile não é único. Ao longo dos anos, o Google Maps se tornou um verdadeiro palco para descobertas curiosas.
Desde formas que lembram naves no Deserto do Saara até portais estranhos na Antártida, não faltam imagens que despertam a imaginação.
Um dos exemplos mais famosos da pareidolia ocorreu fora da Terra. Em 1976, uma sonda da NASA fotografou uma formação no planeta Marte que parecia um rosto.
Durante anos, o “rosto em Marte” alimentou teorias de civilizações alienígenas. No entanto, imagens mais recentes mostraram que era apenas o efeito da luz e do relevo em dunas de areia.
Entre o fascínio e a ciência
Portanto, a imagem descoberta por Scott Waring deve ser vista com cautela. O mais provável, segundo os cientistas, é que a formação seja apenas um resultado natural da geologia, combinado com a tendência humana de enxergar padrões onde não existem.
Ainda assim, o fascínio por esse tipo de imagem continua. Plataformas como o Google Maps permitem que qualquer pessoa explore o mundo de forma detalhada, abrindo espaço para descobertas, teorias e, às vezes, ilusões.
O que chama atenção neste caso é a forma como a mente humana pode ser facilmente enganada por estímulos visuais. E como, diante do desconhecido, muitas vezes preferimos acreditar no extraordinário.
Seja por curiosidade, fé ou pura vontade de imaginar algo além da realidade, essas descobertas seguem provocando debates e encantando os internautas.
Afinal, quem nunca olhou para uma nuvem e viu um rosto?