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URSS criou arma a laser com cristais de rubi para cegar satélites — mas o projeto sumiu após o colapso soviético

Escrito por Valdemar Medeiros
Publicado em 09/06/2025 às 16:05
URSS criou arma a laser com cristais de rubi para cegar satélites — mas o projeto sumiu após o colapso soviético
URSS criou arma a laser com cristais de rubi para cegar satélites, mas o projeto sumiu após o colapso soviético
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A URSS criou uma arma secreta a laser nos anos 80: o projeto 1K17 Szhatie usava cristais de rubi para cegar satélites e sensores inimigos. Após a queda soviética, o veículo desapareceu e virou lenda militar.

Durante os anos finais da Guerra Fria, enquanto os Estados Unidos avançavam com o projeto “Guerra nas Estrelas”, a União Soviética também buscava uma supremacia tecnológica nas armas de energia dirigida. Em meio a esse cenário de paranoia e corrida militar, nasceu o 1K17 Szhatie, uma arma a laser soviética secreta, projetada para inutilizar satélites e sensores ópticos inimigos.

Diferente do que muitos pensam, o 1K17 Szhatie não era um caça a laser, mas sim um veículo blindado terrestre equipado com um sistema de laser de alta potência. Seu funcionamento envolvia nada menos do que cristais de rubi sintético, usados para amplificar feixes de laser capazes de “cegar” equipamentos óticos — desde satélites espiões até sistemas de mira em aviões, tanques e mísseis.

O projeto é envolto em mistério: após a dissolução da URSS em 1991, o 1K17 simplesmente desapareceu do inventário militar russo. Apenas um exemplar foi preservado, hoje exposto em um museu, enquanto seu verdadeiro potencial permanece até hoje cercado por especulações.

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O que era o 1K17 Szhatie? A “arma de rubi” da União Soviética

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1K17 Szhatie (Сжатие, que significa “compressão” em russo) foi desenvolvido entre 1979 e 1990 pelo instituto soviético Ural Optical and Mechanical Plant (UOMZ), como parte de uma série de experimentos com armas a laser móveis. Ele era montado sobre o chassi modificado de um veículo antitanque 2S19 Msta-S, uma plataforma de artilharia autopropulsada com alta mobilidade e proteção blindada.

O grande diferencial do Szhatie estava na sua torre: uma bateria de 12 emissores de laser baseados em cristais de rubi sintético, cada um com seu próprio sistema de resfriamento e controle ótico. Esses cristais eram dispostos em uma formação circular, lembrando uma espécie de “canhão de energia”, visualmente muito semelhante a dispositivos de ficção científica.

A função primária do Szhatie não era destruir alvos físicos, mas sim cegar ou danificar permanentemente sensores ópticos, câmeras e sistemas de orientação — especialmente de satélites espiões, drones, mísseis guiados e aviões de reconhecimento.

Como funcionava a arma a laser soviética?

O funcionamento do 1K17 Szhatie envolvia um conceito relativamente simples, mas executado com altíssima complexidade técnica: usar feixes concentrados de laser em comprimentos de onda específicos para danificar sensores baseados em CCD, sistemas infravermelhos ou ópticos.

Esses feixes eram gerados a partir de cristais de rubi (Al2O3 com íons de cromo), que funcionam como meio de ganho laser quando energizados por pulsos de luz intensa — geralmente por lâmpadas de xenônio. O processo é semelhante ao de um laser de estado sólido, mas operando em alta potência, com emissão pulsada.

O feixe gerado era então direcionado por sistemas óticos de precisão, e podia ser emitido em disparos únicos ou em sequência rápida. Se um sensor ótico inimigo estivesse “olhando” para a origem do feixe, ele poderia ser instantaneamente danificado, derretido ou desativado — sem disparar um único projétil convencional.

Esse conceito tornou o Szhatie uma das primeiras armas a laser terrestres móveis já criadas, com potencial uso tanto contra satélites quanto em combate terrestre.

Por que a URSS desenvolveu essa arma?

A criação do 1K17 Szhatie foi uma resposta direta à Iniciativa de Defesa Estratégica dos Estados Unidos, mais conhecida como “Star Wars”, lançada pelo presidente Ronald Reagan em 1983. A ideia americana de desenvolver escudos espaciais e armas de energia motivou a União Soviética a acelerar seus próprios projetos de defesa não-convencional.

Ao perceber que o futuro do combate passaria pela guerra eletrônica e neutralização de sensores, a URSS investiu pesado em armas de energia dirigida. O Szhatie foi o culminar de anos de testes com feixes de laser, começando com protótipos em laboratórios, passando por sistemas montados em navios (como o Dixon Project) e culminando nesse veículo terrestre.

O objetivo era claro: impedir que satélites americanos observassem tropas soviéticas, ou interferir em armas guiadas que dependiam de sensores visuais. A ideia era neutralizar o inimigo sem causar destruição física, uma forma sutil e sofisticada de guerra eletrônica.

Por que o projeto 1K17 desapareceu?

Apesar da sofisticação tecnológica e da promessa de superioridade tática, o projeto 1K17 Szhatie foi encerrado com o colapso da União Soviética em 1991. Com o fim da URSS, muitos programas militares ultra-secretos foram descontinuados por falta de recursos, desorganização administrativa ou mudança de prioridades.

A produção do Szhatie nunca passou da fase de protótipo avançado. Estima-se que apenas dois veículos tenham sido construídos. Um deles foi preservado e hoje está exposto no Museu da Artilharia em São Petersburgo, na Rússia. O outro desapareceu sem deixar rastros.

Vários fatores contribuíram para seu abandono:

  • Altíssimo custo de produção (principalmente pelos cristais de rubi sintético);
  • Infraestrutura de suporte complexa, exigindo veículos auxiliares e manutenção constante;
  • Evolução tecnológica rápida, com sensores mais resistentes a interferência óptica;
  • Nova doutrina militar russa, focada em armas mais convencionais e nucleares.

Assim, o Szhatie se tornou uma relíquia tecnológica da Guerra Fria — uma demonstração do que a URSS poderia ter feito se tivesse mais tempo e dinheiro.

Ainda existe algo parecido hoje?

Sim. Embora o Szhatie tenha desaparecido, a ideia de armas a laser para guerra ótica continua viva — e em crescimento. Países como Estados Unidos, China e até Israel desenvolvem hoje sistemas de laser para destruir drones, mísseis e até satélites.

A Rússia também voltou a investir em tecnologias de energia dirigida, com projetos como:

  • Peresvet: um sistema de laser móvel revelado em 2018, supostamente capaz de neutralizar satélites e mísseis.
  • Zadira: outro projeto russo de laser militar, mencionado como alternativa de defesa antimíssil.

Contudo, nenhum deles confirmou oficialmente o uso de cristais de rubi, como no Szhatie, e pouco se sabe sobre suas capacidades reais. A maioria das informações permanece classificada ou encoberta por desinformação estratégica.

Curiosidades sobre o 1K17 Szhatie

  • O sistema exigia uma equipe técnica altamente treinada, composta por engenheiros, operadores de radar e especialistas óticos.
  • Seu nome “Szhatie” (compressão) provavelmente faz referência à compressão de pulsos de laser para aumentar sua intensidade.
  • O sistema era tão caro que os cristais de rubi usados eram tratados como joias militares — literalmente valiosos demais para testes regulares.
  • Alguns teóricos afirmam que o 1K17 poderia, em teoria, danificar satélites em órbita baixa (LEO), embora não haja registros confirmados de uso real.

1K17 Szhatie é um exemplo fascinante de como a URSS buscou soluções tecnológicas radicais para vencer a Guerra Fria — mesmo que isso significasse construir armas com cristais de rubi para cegar satélites. Foi um projeto tão ousado quanto secreto, que combinou ciência de ponta com a urgência geopolítica de uma superpotência em declínio.

Seu desaparecimento após o colapso soviético só aumenta o mistério: até hoje, não se sabe o destino do segundo protótipo, nem se a Rússia moderna ainda mantém pesquisas baseadas em sua arquitetura.

Hoje, o 1K17 sobrevive apenas em fotografias de museu, documentos técnicos e rumores. Mas sua existência real prova que, nos anos finais da Guerra Fria, a linha entre ficção científica e tecnologia militar foi perigosamente tênue.

Na sua opinião, armas a laser como essa ainda têm espaço na guerra moderna?
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Valdemar Medeiros

Jornalista em formação, especialista na criação de conteúdos com foco em ações de SEO. Escreve sobre Indústria Automotiva, Energias Renováveis e Ciência e Tecnologia

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