Uma viagem ‘insana’ até o centro da Terra: 6.370 km de rocha, magma e calor igual ao Sol
O centro da Terra é o limite extremo da curiosidade humana: um ponto a 6.370 quilômetros de profundidade, sob pressão um milhão de vezes maior que a da superfície e calor comparável ao do Sol, onde ferro e níquel formam uma esfera sólida que mantém o campo magnético do planeta e a vida possível na superfície.
Explorar o interior do planeta é um exercício de imaginação científica e de dados precisos. O centro da Terra está além do alcance humano e tecnológico atual, mas seus segredos vêm sendo revelados por sismógrafos, simulações de laboratório e modelos geofísicos. Essa viagem hipotética até o âmago do planeta permite compreender o que sustenta continentes, oceanos e o escudo invisível que protege a biosfera da radiação cósmica.
A primeira parada: a crosta terrestre
A jornada começa na crosta, uma camada fina que corresponde à “casca” do planeta. Sua espessura varia de 5 quilômetros nos oceanos a 70 quilômetros sob as montanhas.
-
O “país” que existiu dentro do Brasil: A história da cidade no sertão que criou a própria lei, desafiou a República e foi alvo do maior exército já visto no país
-
Por que os celulares perderam as baterias removíveis e agora te obrigam a trocar de aparelho quando a carga não dura nem um dia inteiro
-
Quando brincar na rua era a melhor parte do dia: a infância perdida dos anos 80 e 90 que ensinou uma geração a ser feliz sem internet
-
Montadora lança ‘cheiro de gasolina’ para quem sente falta do motor a combustão nos carros elétricos
É nela que estão todos os minerais, rochas e metais utilizados pela humanidade, com idade média de 2 bilhões de anos.
A crosta é dividida em duas partes principais: a oceânica, formada por rochas basálticas mais densas e jovens, e a continental, composta por granitos e minerais ricos em silício, alumínio e oxigênio.
É também nessa faixa que ocorrem as atividades humanas, as florestas e as raízes mais profundas das árvores, algumas alcançando 120 metros no solo africano.
A transição para o manto e o calor crescente
Logo abaixo da crosta está o manto, a camada mais espessa da Terra, com quase 3 mil quilômetros de profundidade.
Apesar de ser sólido, o manto flui lentamente, como uma massa viscosa, responsável pelo movimento das placas tectônicas e pela formação dos vulcões.
É nessa região que o calor radioativo de elementos como urânio, tório e potássio mantém a Terra geologicamente viva. A temperatura pode ultrapassar os 2.000 °C, e bolsões de magma ascendem, criando novas crostas oceânicas nas dorsais submarinas.
A partir de 700 quilômetros, os terremotos já não alcançam a superfície, e o ambiente se torna denso o suficiente para fundir minerais e gerar diamantes.
O núcleo externo: o mar de metal líquido
Ao atingir cerca de 2.900 quilômetros de profundidade, a rocha cede lugar a uma mistura de ferro e níquel em estado líquido, compondo o núcleo externo.
Essa camada é responsável por gerar o campo magnético da Terra, graças às correntes de convecção do metal fundido.
Sem esse campo, a radiação solar destruiria a atmosfera e inviabilizaria a vida como conhecemos. O núcleo externo também é palco de eventos raros, como a inversão dos polos magnéticos um fenômeno que ocorre em intervalos de centenas de milhares de anos e que inverte o norte e o sul geográficos.
O núcleo interno: o coração sólido do planeta
A cerca de 6.370 quilômetros, chega-se ao centro da Terra, uma esfera sólida de aproximadamente 1.200 quilômetros de raio, composta por 80% de ferro e 20% de níquel. A temperatura atinge 6.000 °C, praticamente igual à da superfície do Sol.
Apesar disso, o núcleo permanece sólido por causa da pressão extrema, um milhão de vezes superior à pressão atmosférica.
Estudos recentes indicam que o núcleo interno é relativamente jovem com idade entre 500 milhões e 1 bilhão de anos e pode ser formado por cristais de ferro gigantes, que se fundem gradualmente a partir das bordas.
Esse “núcleo de cristal” é a base magnética e térmica do planeta, sustentando sua rotação e estabilidade gravitacional.
Um destino impossível, mas essencial para a vida
Nenhum ser humano chegou sequer perto dessas profundezas: a perfuração mais profunda da história, o poço de Kola, na Rússia, atingiu apenas 12,3 quilômetros.
Mesmo assim, compreender o interior do planeta é essencial para prever terremotos, mapear recursos minerais e entender como a Terra mantém seu equilíbrio térmico e magnético.
Se fosse possível construir um túnel direto até o núcleo, a viagem levaria cerca de 18 minutos de queda livre.
Mas, enquanto isso não se torna realidade, a exploração científica continua sendo nossa única forma de chegar ao centro da Terra sem derreter no caminho.
Você toparia embarcar em uma jornada até o núcleo do planeta se a tecnologia tornasse isso possível, mesmo com o risco extremo de calor e pressão?



Seja o primeiro a reagir!