Santuário cristão de 1.500 anos revela caixa de marfim adornada com motivos bíblicos, conectando-a a Moisés e aos Dez Mandamentos
Arqueólogos em Irschen, uma pequena vila no alto da colina Burgbichl, na Áustria, realizaram uma descoberta que pode trazer novas luzes à história cristã primitiva. Sob o altar de uma antiga capela, uma equipe de escavação encontrou um santuário de mármore contendo uma caixa de marfim de 1.500 anos adornada com motivos cristãos.
Esta descoberta, anunciada pela Universidade de Innsbruck, é considerada um achado significativo, pois apenas cerca de 40 caixas desse tipo foram encontradas até hoje no mundo.
“Sabemos de cerca de 40 caixas de marfim desse tipo no mundo todo”, afirmou Gerald Grabherr, o arqueólogo chefe da escavação. “A última vez que uma dessas imagens foi encontrada foi há cerca de 100 anos. Os poucos píxes encontrados estão em tesouros de catedrais ou museus ao redor do mundo”.
- Pirâmide misteriosa encontrada sob o gelo da Antártida! Descoberta impressionante levanta questões sobre o passado do continente gelado
- Descoberta rara no Egito Antigo! Túmulo do Império Médio revela joias e gerações de uma mesma família preservadas por 3.800 anos!
- Presidente Lula cria feriado nacional em 20 de novembro: trabalhadores ganham o dobro por horas extras! Veja como essa mudança histórica transformará a relação entre empresas e trabalhadores no Brasil
- Latam condenada por omissão após passageiro sofrer injúria racial durante voo internacional
Representações bíblicas na caixa de marfim
Os motivos esculpidos na caixa são particularmente impressionantes e chamam a atenção dos especialistas. Uma das cenas representadas mostra um homem virando a cabeça com uma mão descendo do céu, colocando algo em seus braços.
Esta imagem é interpretada como a entrega das leis a Moisés, um evento bíblico central que marcou o início da aliança entre Deus e os homens, conforme descrito no Antigo Testamento.
Outro motivo intrigante retratar um homem em uma carruagem puxada por dois cavalos, com a mesma mão celestial erguendo-o ao céu.
Esta cena é entendida pelos pesquisadores como uma representação da ascensão de Cristo, simbolizando o cumprimento da aliança divina.
“A combinação de cenas do Antigo e Novo Testamento é uma característica típica da arte cristã da antiguidade tardia. Entretanto, a representação da Ascensão de Cristo em uma carruagem de dois cavalos é algo extremamente raro e desconhecido até então”, destacou Grabherr.
Descobertas adicionais e contexto histórico
Além da caixa de marfim, os arqueólogos encontraram ruínas de duas igrejas cristãs, uma cisterna e diversos pertences pessoais dos antigos habitantes do assentamento.
Esses achados sugerem que, no fim do Império Romano, quando a incerteza era uma constante, os colonos optaram por viver em áreas mais altas e facilmente defensáveis, em vez de habitarem os vales.
Segundo Grabherr, as investigações ainda não terminaram, e análises adicionais serão feitas para determinar a origem do marfim e dos componentes metálicos e de madeira encontrados junto à caixa.
“O significado destruído e artístico desse pyx é inegável. Ela oferece uma janela para a rica herança cultural e espiritual do início do cristianismo, revelando como as práticas religiosas evoluíram com o tempo”, concluiu o arqueólogo.
Outras caixas de relicários notáveis da antiguidade
As caixas de marfim conhecidas como pyxes desempenharam papéis importantes no contexto cristão primitivo. Esses objetos eram normalmente usados para guardar itens sagrados, como relíquias de santos ou o pão eucarístico consagrado. A seguir, apresentamos alguns exemplos notáveis:
- Pyxis de zamora
- Origem e dados : Feita em 964 dC, durante o Califado de Córdoba.
- Localização atual : Museu Arqueológico Nacional de Madri, Espanha.
- Descrição e significado : Esta caixa de marfim cilíndrica foi encomendada por califa al-Hakam II como um presente para sua concubina Subh. Suas inscrições em árabe detalharam sua criação e dedicatória. Embora provavelmente tenha sido usado para guardar cosméticos ou perfumes, a pyxis reflete a sofisticação cultural da época.
- Caixão leyre
- Origem e dados : Produzido em 1004/5 dC no Califado de Córdoba.
- Localização atual : Museu de Navarra, em Pamplona, Espanha.
- Descrição e significado : Este relicário de marfim retangular é adornado com cenas realizadas da corte e inscrições. Originalmente criado para o líder político e militar ʿAbd al-Malik al-Muẓaffar, o caixão foi posteriormente reaproveitado para guardar os restos dos santos Nunilo e Alodia.
- Pyxis de Čierne Kľačany
- Origem e dados : Acredita-se que tenha sido feito no século IV e trazido para a região no final do século IX.
- Local da descoberta : Vila de Čierne Kľačany, Eslováquia.
- Descrição e significado : Esta caixa de marfim oval apresenta cenas do cotidiano, como agricultura e criação de animais, além de uma referência à lenda da fundação de Roma. Acredita-se que tenha sido um presente ao governante Rastislav da Morávia.
- Caixão de Brescia
- Origem e dados : Criado no final do século IV, provavelmente em Milão, Itália.
- Localização atual : Museu de Santa Giulia em Brescia, Itália.
- Descrição e significado : Este artista exibe 36 cenas de iconografia cristã primitiva. As imagens complexas têm sido estudadas por acadêmicos, que são fundamentais para o entendimento da evolução da arte religiosa.
Importância das pyxes de marfim para a história cristã
Essas caixas de relicário de marfim revelam muito sobre as práticas religiosas e culturais de suas épocas. Mais do que simples recipientes, eles eram artefatos sagrados e preciosos, que carregavam significados espirituais profundos.
Cada pyx, com suas tradições e inscrições, era uma peça de comunicação com o sagrado, refletindo as crenças e os valores das comunidades cristãs primitivas.
A descoberta em Irschen traz uma nova adição a essa coleção rara e fornece novas pistas sobre as conexões culturais e religiosas entre o Antigo e o Novo Testamento.
Essas relíquias, preservadas ao longo dos séculos, continuam a fascinar os estudiosos e a enriquecer nossa compreensão da história cristã primitiva.