Café panamenho vendido a US$ 10 mil o quilo supera concorrentes exóticos e conquista o título de mais caro do mundo — sem uso de animais e com produção artesanal nas montanhas.
Um quilo do café panamenho Elida Geisha Natural Torre foi vendido por US$ 10.013 (cerca de R$ 55 mil) em um leilão internacional, conquistando o título de café mais caro do mundo. A variedade, produzida pela Lamastus Family Estate, superou nomes conhecidos do setor e se consolidou como uma das maiores joias do agronegócio de luxo.
A venda não foi feita para um único comprador, mas dividida entre várias empresas especializadas em café de alta qualidade. O lote foi distribuído entre marcas renomadas como a Saza Coffee (Japão), Grand Cru Coffee (Austrália), Paradise Coffee Roasters (Havaí) e Ruliweb (China).
O café mais caro do mundo e seus concorrentes exóticos
O Elida Geisha Natural Torre desbancou misturas já famosas por seus preços elevados, como o Kopi Luwak e o Black Ivory, ambos com métodos de produção bastante inusitados.
-
O ‘rei do frango’ fatura R$ 3 bilhões e amplia império com fazenda avaliada entre as maiores de Goiás
-
Agro inteligente: não jogue mais fora as cinzas do seu churrasco — elas são um tesouro para plantas
-
Com apenas 45 mil habitantes, cidade do Paraná vai abrigar refinaria bilionária de etanol de milho com investimento de R$ 2 bilhões
-
Agro brasileiro importa 5,7 milhões de toneladas da Rússia e pode perder mercado nos EUA
- O Kopi Luwak, da Indonésia, é produzido a partir de grãos que passam pelo sistema digestivo da civeta-das-palmeiras asiática. Pode custar até US$ 1.200 por quilo.
- O Black Ivory, da Tailândia, envolve elefantes asiáticos, cujas enzimas digestivas alteram a composição química do grão, resultando em um café de sabor descrito como complexo, com notas de cacau, tabaco, cereja vermelha e grama. Seu preço pode ultrapassar US$ 2.500 o quilo.
Apesar da fama desses cafés, eles enfrentam críticas de ativistas por envolverem o uso de animais no processo. O Elida Geisha, por outro lado, não utiliza nenhum método animal em sua produção, o que o torna uma opção mais ética no segmento de cafés superpremium.
Como é produzido o Elida Geisha Natural Torre
A Lamastus Family Estate, responsável pela criação da variedade, opera em três fazendas localizadas entre 1.600 e 2.500 metros acima do nível do mar, nas encostas do Monte Baru, no Panamá — o ponto mais alto do país e também um estratovulcão ativo.
A altitude, o solo vulcânico e o clima estável criam as condições ideais para o cultivo de grãos Geisha, uma variedade já reconhecida por sua complexidade aromática e alta pontuação em concursos de qualidade.
Os grãos são colhidos manualmente, armazenados por cinco dias em recipientes herméticos e, em seguida, passam por um processo de secagem lenta de até 40 dias. Esse método prolongado realça notas sensoriais como cereja, capim-limão e pêssego, características que atraem compradores dispostos a pagar valores elevados por um café verdadeiramente exclusivo.
Reconhecimento internacional e tradição centenária
A reputação do Elida Geisha foi consolidada ao vencer o segmento “café” do prestigiado concurso The Best of Panama em 2018, 2019 e 2024. O prêmio é considerado um dos mais relevantes do setor cafeeiro global e tem papel central na valorização dos cafés panamenhos.
A Lamastus Family Estate foi fundada em 1918 por Robert Lamastus, um imigrante de Kentucky (EUA), e é hoje comandada por seus descendentes diretos. Com mais de 100 anos de história, a empresa combina tradição, inovação e controle de qualidade rigoroso para competir no topo do mercado mundial.
O Panamá no mapa do agronegócio de luxo
Embora não seja um dos maiores exportadores de café em volume, o Panamá tornou-se referência em qualidade, especialmente com as variedades Geisha. Segundo a International Trade Administration, o país exporta anualmente mais de 50 mil sacas de 60 kg de café e atrai turistas com roteiros que incluem visitas guiadas às fazendas, degustações e experiências sensoriais.
Esse modelo, que une turismo rural, café de excelência e valor agregado, fortalece o setor agrícola local e insere o país na rota do agronegócio de luxo — uma tendência crescente que valoriza produtos artesanais, raros e com história para contar.
Uma bebida com valor de relíquia
A venda do Elida Geisha por mais de US$ 10 mil o quilo evidencia não apenas o prestígio do café panamenho, mas também o avanço de um nicho de mercado onde a experiência e a exclusividade são mais valorizadas do que a quantidade.
Com sua origem controlada, processo de fermentação inovador e distribuição limitada, essa variedade é tratada por colecionadores e especialistas como uma relíquia do agronegócio moderno.