Astronautas cultivarão cogumelos no espaço pela primeira vez. Experimento pode ajudar na produção de alimentos e estruturas na Lua e em Marte. Veja como isso pode funcionar
Em abril, uma missão espacial inusitada promete marcar a história. A bordo da cápsula Dragon da SpaceX, o astronauta Eric Philips levará um experimento inédito: o cultivo de cogumelos ostra no espaço. O objetivo é testar se esses fungos podem crescer em microgravidade, o que pode representar um avanço importante para a alimentação sustentável de astronautas.
O experimento é liderado pela empresa australiana FOODiQ Global. Batizada de Mission MushVroom, a missão quer provar que é possível cultivar cogumelos ostra fora da Terra. Isso abre caminho para futuras plantações em bases na Lua ou até em Marte.
Segundo a Dra. Flávia Fayet-Moore, presidente-executiva da FOODiQ, os cogumelos ostra têm várias vantagens. “Eles dobram de tamanho a cada dia. Eles não precisam de muitos insumos: não precisam de fertilizantes especiais, não precisam de muita água”, disse ela ao jornal The Guardian.
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Fungo nutritivo em ambiente hostil
Os cogumelos ostra são ricos em vitamina D, potássio, selênio e cobre. Esses nutrientes costumam ser obtidos de alimentos variados, como nozes e vegetais.
A NASA considera os cogumelos ideais para o cultivo no espaço. Eles são fáceis de plantar, colher e consumir, especialmente em locais onde não há como processar alimentos.
Embora já tenham sido realizados outros testes com fungos no espaço, este será o primeiro a tentar cultivar os corpos frutíferos dos cogumelos, que é a parte comestível.
No ano passado, uma equipe da Universidade Swinburne enviou micélios — estruturas semelhantes a raízes de fungos — à Estação Espacial Internacional. Mas o espaço limitado impediu que os cogumelos se formassem por completo.
Agora, na missão Fram2, a expectativa é diferente. Lançada a partir de Cabo Canaveral, na Flórida, essa missão deve testar com mais eficácia a viabilidade do cultivo dos cogumelos no espaço.
Crescimento em tempo real
Durante o voo, Eric Philips será o responsável por observar os cogumelos. Ele deve monitorar o crescimento, registrar qualquer contaminação e verificar as condições gerais do experimento.
Quando os fungos voltarem à Terra, passarão por análises detalhadas para entender como a microgravidade afetou seu desenvolvimento e valor nutricional.
A expectativa é que os cogumelos cresçam rapidamente. Seu ciclo é de cerca de 30 dias, muito menor do que o de algumas plantas, que podem levar até 100 dias para se desenvolver. Isso representa uma vantagem para missões espaciais longas, que enfrentam limitações de carga e custo.
“A razão pela qual estamos pesquisando isso é realmente criar um suprimento de alimentos sustentável, nutritivo e delicioso para as missões de exploração à Lua e a Marte”, explicou Fayet-Moore à rede ABC.
Cogumelos no espaço: efeitos também na Terra
Mas os benefícios vão além do espaço. A professora Jenny Mortimer, da Universidade de Adelaide, afirma que os resultados podem ter impacto direto na agricultura terrestre. Segundo ela, esses estudos ajudam a entender como produzir alimentos em ambientes extremos — algo útil também aqui.
“Os cogumelos são uma parte realmente crítica do pensamento sobre todo esse sistema circular de como alimentamos e sustentamos as pessoas a longo prazo”, disse Mortimer.
Outros experimentos semelhantes já estão sendo planejados. A NASA, por exemplo, pretende enviar lentilha-d’água e outras plantas à Lua na missão Artemis III, marcada para 2027. O objetivo é avaliar como esses organismos reagem à radiação, à microgravidade e a outras condições extremas.
Essas missões vão ajudar cientistas a responder perguntas importantes: se as plantas podem crescer bem na Lua ou em Marte, e se os aprendizados do espaço podem melhorar o cultivo na Terra.
Enquanto isso, todas as atenções estão voltadas para a missão Fram2. Se os cogumelos crescerem como esperado, a equipe trará de volta uma colheita simbólica, mas cheia de significado. Uma pequena safra que pode representar um grande passo para o futuro da alimentação no espaço.
Com informações de ZME Science.