Em estratégia para evitar acordo entre EUA e Rússia, Ucrânia oferece gás, petróleo, ferro e carvão para Donald Trump
A Ucrânia está navegando por um cenário político turbulento enquanto prepara um plano estratégico, conhecido como o “plano de vitória”, com o objetivo de fortalecer suas relações com o novo governo de Donald Trump.
Esta movimentação reflete tanto a preocupação de Kiev em garantir seu apoio continuado dos Estados Unidos quanto a necessidade de se adaptar à política externa de Trump, um presidente transacional, ou seja, alguém que avalia acordos com base em vantagens diretas e concretas para os EUA.
A estratégia ucraniana: Propostas concretas para Trump
Com a vitória de Donald Trump nas eleições de 2024, a Ucrânia se viu diante de um novo cenário político. Trump, conhecido por seu foco em acordos comerciais e em promover a força econômica americana, pode alterar significativamente a dinâmica da guerra com a Rússia e o apoio militar à Ucrânia.
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A Ucrânia, então, preparou um “plano de vitória”, destacando propostas tangíveis para atrair o apoio de Trump, evitando uma possível redução da assistência militar dos EUA.
O “plano de vitória” inclui propostas que combinam questões estratégicas de segurança e econômicas, oferecendo algo que possa ser atraente para Trump e sua administração. Dentre as ideias mais destacadas, duas se concentram diretamente em como a Ucrânia pode melhorar suas relações com os Estados Unidos.
A primeira envolve a substituição de algumas tropas americanas na Europa por forças ucranianas, uma medida que teria implicações tanto na segurança europeia quanto nas estratégias militares dos EUA.
A segunda proposta, sugerida inicialmente pelo senador republicano Lindsey Graham, propõe uma maior colaboração econômica, com a Ucrânia compartilhando seus vastos recursos naturais com parceiros ocidentais, especialmente os EUA.
Essas propostas visam não apenas fortalecer os laços entre Ucrânia e Estados Unidos, mas também garantir que o apoio militar de Washington não se esvaia diante das movimentações de paz da Rússia. Aliados ucranianos e europeus temem que Trump, em busca de um acordo rápido com a Rússia, possa ser persuadido a cortar o suporte à Ucrânia, algo que representaria uma grande derrota para o país e para seus aliados.
A Importância dos recursos naturais da Ucrânia
Para entender as propostas de Kiev, é essencial observar o vasto estoque de recursos naturais que a Ucrânia possui. O país é rico em minérios e solo fértil, recursos que são de grande interesse para os Estados Unidos e outros países ocidentais.
Entre as maiores riquezas da Ucrânia estão as suas enormes reservas de minério de ferro, carvão, gás natural, petróleo, além de solos altamente produtivos, como o “chernozem” — terra negra que torna a Ucrânia um dos maiores exportadores de grãos do mundo.
Essa riqueza mineral e agrícola coloca a Ucrânia em uma posição estratégica no cenário global, particularmente nas indústrias de energia e alimentos. A exportação de trigo, milho e cevada é vital não apenas para a economia ucraniana, mas para o abastecimento de alimentos em muitas regiões do mundo.
Além disso, a Ucrânia desempenha um papel significativo na indústria de metais e na produção de energia, fornecendo carvão e gás para seus vizinhos europeus. Essas reservas oferecem a Trump e aos EUA uma oportunidade de aumentar sua presença na região e diversificar suas fontes de recursos.
A ideia de compartilhar esses recursos com os Estados Unidos, como sugerido no “plano de vitória”, seria uma forma de atrair investimentos ocidentais e garantir que a Ucrânia se tornasse um parceiro estratégico e não um fardo para o Ocidente, como algumas vezes tem sido retratada. Isso poderia atrair mais capital e fomentar uma relação mais forte entre os dois países.
A preocupação de Kiev com uma potencial redução de apoio dos EUA
A Ucrânia, no entanto, não está sem suas preocupações. Em conversas confidenciais com autoridades ocidentais, líderes ucranianos expressaram receio de que, após a posse de Trump, os Estados Unidos possam reduzir seu apoio militar.
Essa preocupação não é infundada, visto que Trump, em seu primeiro mandato, adotou uma abordagem pragmática com a Rússia, o que alimenta as suspeitas de que ele possa tentar alcançar um acordo de paz que favoreça Moscou.
O medo é que, sob a pressão de Putin, que tem demonstrado interesse em negociar um acordo de paz que envolva concessões, os Estados Unidos possam se render a uma solução favorável à Rússia, ignorando as necessidades e os interesses da Ucrânia. Como afirmam fontes envolvidas no planejamento estratégico, “o primeiro que piscar perde este jogo”, referindo-se à pressão crescente que Moscou poderia aplicar.
Essa situação é ainda mais complexa quando se considera o papel da Rússia no cenário. Putin, que já demonstrou disposição para negociar com Trump, está aproveitando a vantagem militar no campo de batalha e poderá usar sua força para forçar concessões durante qualquer negociação. A expectativa é que a Rússia tenha condições de empurrar um acordo que favoreça suas demandas, especialmente no que se refere à presença militar da OTAN na Europa e à autonomia de países vizinhos.
Trump e a Ucrânia: Negociações e Dilemas
A relação entre Trump e a Ucrânia está longe de ser simples. Enquanto o governo ucraniano tenta se aproximar de Trump e seus aliados republicanos, há uma complexa rede de interesses que precisa ser navegada. A Ucrânia não apenas precisa garantir o apoio militar, mas também precisa atender às exigências de um presidente transacional que busca benefícios concretos em qualquer acordo.
Por exemplo, Trump tem se mostrado interessado em garantir mais investimentos americanos na Ucrânia, especialmente em setores estratégicos como tecnologia, telecomunicações e infraestrutura. Em um gesto simbólico, líderes empresariais ucranianos propuseram até a criação de um mecanismo de “triagem de investimentos”, permitindo que Trump escolha quem pode fazer negócios no país, com uma ênfase em excluir a China dessas negociações. Essa proposta, ainda em estágio inicial, poderia atrair mais investidores dos Estados Unidos e reduzir a dependência da Ucrânia de fornecedores chineses.
Entretanto, enquanto Kiev tenta agradar a Trump, também precisa manter o equilíbrio com suas expectativas internas e suas relações com a Europa. A adesão da Ucrânia à OTAN, por exemplo, continua sendo um ponto sensível, e as autoridades ucranianas sabem que precisam de um equilíbrio delicado para garantir apoio contínuo dos aliados ocidentais sem alienar os Estados Unidos.
O Caminho Adiante para a Ucrânia e os Desafios de Trump
O futuro da Ucrânia dependerá de como ela conseguirá moldar sua relação com o governo Trump, enfrentando os desafios internos e externos enquanto busca garantir sua segurança e prosperidade. A estratégia de apaziguar as preocupações de Trump, oferecendo recursos estratégicos e propondo soluções de segurança mutuamente benéficas, pode ser a chave para assegurar uma parceria sólida com os EUA.
Mas essa relação está longe de ser simples. Em um cenário de negociações difíceis, a Ucrânia precisará manter sua postura firme diante de Putin e não ceder a pressões externas que possam minar sua independência e soberania.
O “plano de vitória” pode ser um passo importante, mas o verdadeiro desafio será navegar pelas complexas dinâmicas de poder e garantir que os interesses da Ucrânia sejam respeitados em qualquer acordo.
Se Trump e a Ucrânia conseguirem construir uma parceria forte, isso poderá não apenas beneficiar a Ucrânia, mas também representar uma vitória para a geopolítica dos Estados Unidos na Europa Oriental. Porém, as apostas são altas, e o futuro da região permanece incerto.