Medida ocorre após Zelenskiy acusar companhias da China de fornecerem armas a Moscou; ativos são congelados e transações proibidas no território ucraniano.
A Ucrânia anunciou, nesta sexta-feira (18), a imposição de sanções a três empresas registradas na China. A medida ocorre um dia após o presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskiy, afirmar que companhias chinesas estão fornecendo armamentos e materiais bélicos à Rússia, que está em guerra com a Ucrânia desde fevereiro de 2022.
A lista atualizada de sanções foi divulgada pelo governo ucraniano e inclui, além das empresas chinesas, outras entidades russas. As companhias afetadas estão proibidas de realizar qualquer tipo de transação financeira ou comercial na Ucrânia, além de terem seus ativos congelados no país.
Empresas chinesas na lista de sanções da Ucrânia
As três empresas chinesas incluídas na nova rodada de sanções são:
- EUA realizam ataque aéreo no porto de Ras Isa, no Iêmen; autoridades locais relatam dezenas de vítimas fatais
- Trump relança site sobre Covid, acusa China por vazamento de laboratório e inicia retirada da OMS
- Primeiro-ministro do Canadá afirma que China representa maior ameaça de interferência estrangeira e critica aliança com a Rússia na guerra da Ucrânia
- MGCS: França e Alemanha avançam no projeto do novo tanque europeu com criação de empresa conjunta
- Beijing Aviation And Aerospace Xianghui Technology Co. Ltd
- Rui Jin Machinery Co. Ltd
- Zhongfu Shenying Carbon Fiber Xining Co. Ltd
Embora as autoridades ucranianas não tenham detalhado os motivos específicos que levaram à inclusão dessas empresas na lista, elas foram descritas como registradas na China e, segundo o governo, estão ligadas a atividades que contrariam os interesses de segurança da Ucrânia.
China nega envolvimento e mantém posição de neutralidade
Pouco depois do anúncio das sanções, o Ministério das Relações Exteriores da China se pronunciou. O porta-voz da pasta classificou como “infundadas” as acusações feitas por Zelenskiy, que indicavam o fornecimento de artilharia e pólvora para a Rússia por meio de empresas chinesas.
O governo chinês afirmou que mantém uma postura neutra em relação ao conflito, apesar de seus vínculos econômicos estreitos com Moscou. Desde o início da guerra, a China tem evitado tomar uma posição clara em apoio a qualquer dos lados, mesmo mantendo relações comerciais com os dois países envolvidos.
Acusações sem apresentação de provas
Na quinta-feira (17), durante uma coletiva de imprensa em Kiev, o presidente Zelenskiy declarou que seu governo possui informações que indicam que entidades chinesas estariam fabricando armamentos diretamente em território russo. Segundo ele, essa produção incluiria itens como artilharia e componentes explosivos.
Entretanto, até o momento, o governo da Ucrânia não apresentou documentos ou provas públicas que confirmem as declarações. Questionado sobre as fontes das informações, Zelenskiy disse que os dados são de inteligência, mas não deu mais detalhes.
Presença de cidadãos chineses no conflito
Na mesma linha de acusações, o presidente ucraniano afirmou, na semana anterior, que cidadãos da China estariam lutando ao lado das forças russas. Ele mencionou que dois chineses teriam sido capturados em combate.
Essas alegações levaram o Ministério das Relações Exteriores da Ucrânia a convocar um diplomata chinês para prestar esclarecimentos. Posteriormente, autoridades ucranianas e norte-americanas informaram que os indivíduos se juntaram ao exército russo por conta própria, supostamente em troca de compensações financeiras.
Relações comerciais entre Ucrânia e China
Antes do início da guerra, a China era uma das principais parceiras comerciais da Ucrânia. Em 2021, a Ucrânia exportou aproximadamente US$ 8 bilhões em mercadorias para o mercado chinês, com destaque para matérias-primas e produtos agrícolas. Por outro lado, importou da China quase US$ 11 bilhões, principalmente em produtos manufaturados e tecnologia.
Com o prolongamento do conflito e o alinhamento político e econômico entre Rússia e China, as relações comerciais entre Kiev e Pequim vêm se tornando mais complexas. As recentes sanções marcam um novo capítulo na deterioração desse relacionamento.
Impacto das sanções no cenário internacional
As medidas tomadas pela Ucrânia contra empresas chinesas podem ter reflexos nas relações diplomáticas entre os dois países, além de impactar a dinâmica internacional do conflito. A decisão também sinaliza uma tentativa do governo ucraniano de pressionar aliados e parceiros econômicos da Rússia, buscando limitar o acesso de Moscou a insumos militares e tecnológicos.
A China, por sua vez, continua a defender sua posição de neutralidade, embora mantenha laços estreitos com a economia russa. O governo chinês afirma que não fornece armas nem apoia diretamente nenhum dos lados da guerra.
A guerra entre Rússia e Ucrânia já ultrapassa três anos e permanece sem uma resolução próxima. A comunidade internacional continua acompanhando com atenção os desdobramentos do conflito e as movimentações diplomáticas, comerciais e militares dos países envolvidos direta e indiretamente.
Fonte: Infomoney