Picape chinesa aposta em conforto, tecnologia e visual refinado para competir com modelos médios e grandes, mas desempenho e custo deixam dúvidas sobre seu real equilíbrio entre robustez e eficiência.
A Tunland V9 da Foton chegou ao mercado brasileiro com uma proposta ousada: unir porte de picape grande, conforto urbano e tração 4×4 em um pacote de apelo visual e tecnológico. Com motor a diesel híbrido leve e preço que parte de R$ 310 mil, o modelo busca atrair consumidores que querem uma caminhonete moderna e confortável, mas sem vocação para o trabalho pesado.
Apesar do acabamento refinado e do bom espaço interno, o alto consumo e o desempenho limitado comprometem parte da proposta. Ainda assim, o lançamento sinaliza a ambição da Foton em consolidar presença no segmento de veículos leves em que até agora era reconhecida principalmente pelos caminhões.
Conforto e espaço de picape grande

Ser a maior picape média vendida no Brasil é uma das principais cartas da Tunland V9. O modelo tem 4,61 metros de comprimento, aproximando-se de gigantes como Ford F-150 e RAM 1500, e superando em porte a tradicional Ranger.
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O espaço interno é um dos pontos altos: três adultos viajam com conforto no banco traseiro, e o ambiente ganha luminosidade com o teto solar panorâmico, item ainda raro entre concorrentes da categoria.
A versão V9 adota suspensão Multilink na traseira, solução voltada ao conforto no uso urbano e em viagens, diferente da V7 que utiliza feixe de molas e custa R$ 290 mil.
O resultado é uma condução mais macia e estável, ideal para quem valoriza conforto em vez de capacidade de carga. O acabamento também surpreende: materiais macios ao toque e bom isolamento acústico reforçam a intenção de elevar o padrão das picapes chinesas no Brasil.
Tecnologia e tração 4×4 para uso urbano e recreativo
No pacote de tecnologia, a Tunland V9 impressiona. O modelo vem equipado com sistema ADAS de assistência à condução, incluindo controle de cruzeiro adaptativo (ACC) com função stop e centralização automática em faixas, formando um conjunto semiautônomo de direção.
O sistema híbrido leve, com bateria de 48V, auxilia nas partidas e melhora a eficiência energética, garantindo à picape isenção do rodízio municipal em São Paulo.
O conjunto mecânico conta ainda com tração 4×4 com reduzida, reforçando a versatilidade para enfrentar trilhas leves e trechos de terra. Apesar disso, a proposta é claramente voltada ao uso urbano e familiar, com comportamento mais suave que aventureiro.
O isolamento de ruídos e a estabilidade em alta velocidade também merecem destaque positivo.
Desempenho e consumo deixam a desejar
Por outro lado, o desempenho da Tunland V9 não acompanha seu porte. O motor turbodiesel de 175 cv e torque de 45 kgfm cumpre bem o papel em trechos urbanos, mas sofre em ultrapassagens e retomadas em pista simples, especialmente quando o veículo está carregado.
A sensação de força é menor do que o esperado para uma picape de mais de duas toneladas e proposta premium.
O consumo de combustível também decepciona: média de 8,7 km/l na cidade e pouco mais de 9 km/l na estrada, valores altos para um modelo que se apresenta como híbrido leve.
Mesmo com a assistência elétrica, o ganho em eficiência é discreto um ponto que reduz a atratividade do conjunto diante de concorrentes mais equilibrados entre potência e economia.
Acabamento de qualidade, mas com limitações de uso
Embora o interior da Tunland V9 transmita qualidade visual e tátil, barulhos perceptíveis em pisos irregulares e no fora de estrada comprometem a sensação de robustez.
O porte avantajado, que garante espaço interno generoso, também dificulta manobras em vagas apertadas e ruas estreitas algo que pode incomodar motoristas acostumados a SUVs.
Além disso, a ausência de Android Auto, tanto com fio quanto sem fio, destoa da proposta tecnológica do modelo. Em um segmento que valoriza conectividade, a limitação pesa negativamente.
Outro ponto crítico é o preço elevado, que coloca a Tunland V9 em disputa direta com picapes consagradas e mais potentes, como Toyota Hilux, Ford Ranger e GWM Poer P30, todas com versões equivalentes na faixa entre R$ 240 mil e R$ 300 mil.
Tunland V9: entre o luxo e o desafio de convencer
A Tunland V9 da Foton demonstra a capacidade da marca chinesa em produzir um veículo moderno, confortável e visualmente atraente, mas ainda enfrenta o desafio de equilibrar desempenho e valor percebido.
O sistema híbrido leve agrega inovação, mas não muda significativamente o consumo; e o preço coloca o modelo em um patamar competitivo onde tradição e confiança de marca ainda pesam mais que design e conforto.
Para quem busca uma picape com acabamento premium, espaço amplo e foco urbano, a V9 entrega o que promete. Mas quem procura eficiência e potência em proporção ao preço, talvez encontre opções mais equilibradas.
E você, acha que as novas picapes chinesas, como a Tunland V9 da Foton, já conseguem competir de igual para igual com as marcas tradicionais?


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