EUA e China retomam negociações diretas enquanto ampliam tensões sobre fentanil, terras raras, TikTok e comércio internacional
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o líder chinês Xi Jinping se reúnem nesta quinta-feira (30), na Coreia do Sul, em um dos encontros mais aguardados desde o retorno de Trump à Casa Branca. A reunião ocorre em meio a uma guerra comercial que reacende o confronto político e tecnológico entre as duas maiores economias do planeta, agora atravessado por novas disputas que envolvem drogas sintéticas, minerais estratégicos e plataformas digitais.
Nos bastidores, diplomatas americanos e chineses trabalham sob um cronograma apertado. O prazo de 10 de novembro para uma trégua tarifária se aproxima, e ambos os países tentam evitar uma nova rodada de retaliações que pode afetar cadeias globais de suprimentos. A expectativa é de avanços pontuais, mas o clima é de desconfiança e cálculo estratégico, especialmente diante do impacto eleitoral e econômico de cada gesto público.
Guerra comercial e tarifas sob risco de nova escalada
Desde fevereiro, os EUA mantêm tarifas médias de 20% sobre produtos chineses, inicialmente ligadas ao combate ao fentanil.
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Trump acusa Pequim de não conter o envio da droga sintética que provoca milhares de mortes por overdose nos Estados Unidos, enquanto a China afirma ter endurecido o controle sobre laboratórios ilegais.
O impasse transformou o tema de saúde pública em arma de negociação comercial.
Além disso, Trump prometeu tarifas de até 100% sobre novas categorias de produtos chineses a partir de 1º de novembro, caso o encontro não produza resultados concretos.
Em resposta, Pequim impos restrições inéditas à exportação de terras raras, minerais fundamentais para a fabricação de chips, motores elétricos e armamentos.
A medida afeta diretamente empresas americanas e europeias dependentes desses insumos.
Terras raras e dependência tecnológica
A China domina mais de 90% do processamento global de terras raras, o que a torna peça central na disputa tecnológica.
A restrição imposta por Pequim é vista em Washington como um sinal de força e um aviso político.
Sem acesso estável a esses minerais, os EUA enfrentam limitações em setores estratégicos como semicondutores e defesa nacional.
O governo Trump, por sua vez, tenta acelerar acordos com países aliados para diversificar o fornecimento desses recursos, incluindo Austrália e Canadá.
Entretanto, especialistas alertam que o reposicionamento logístico levará anos.
O tema deve ocupar posição central nas negociações de Seul, ao lado do debate sobre controles tecnológicos e chips de inteligência artificial.
TikTok, soja e Rússia no tabuleiro global
Entre os temas paralelos, o destino do TikTok surge como um dos pontos mais simbólicos.
Trump pressiona pela venda dos ativos da plataforma nos EUA para empresas americanas, alegando riscos à segurança nacional.
Fontes ligadas à Casa Branca afirmam que um acordo pode ser anunciado durante a reunião.
Outro impasse envolve a suspensão total das importações chinesas de soja americana desde maio, o que ampliou o descontentamento entre produtores rurais nos EUA.
Trump tenta vincular a retomada das compras a concessões tecnológicas e energéticas.
Nas discussões estratégicas, Washington também busca envolver Xi nas negociações de paz da Ucrânia, explorando a relação próxima de Pequim com Moscou.
O presidente americano acredita que a China pode pressionar Vladimir Putin a aceitar um cessar-fogo parcial, oferecendo em troca alívio tarifário.
Contenção, Taiwan e nova geopolítica
Para Pequim, o foco vai além das tarifas. Xi Jinping acusa os EUA de tentar conter a ascensão chinesa e limitar investimentos em empresas de tecnologia.
O líder chinês cobra o fim das restrições a investimentos de capital americano em setores como energia, defesa e telecomunicações.
A pauta de Taiwan também volta à mesa. A China pressiona Washington a abandonar sua política de “não apoio” à independência da ilha e adotar posição explícita de “oposição” à soberania taiwanesa.
Embora improvável, qualquer gesto dos EUA nesse sentido seria interpretado como vitória diplomática de Xi.
O encontro entre Trump e Xi ocorre à margem da cúpula de CEOs da Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (APEC) e representa o primeiro contato presencial entre os líderes desde 2019, no G20 de Osaka.
Diplomatas esperam um comunicado conjunto, mesmo que simbólico, sobre a retomada do diálogo.
Apesar do tom pragmático, analistas avaliam que a disputa entre Washington e Pequim é estrutural e deverá se estender pelos próximos anos, atravessando temas econômicos, tecnológicos e militares.
O que está em jogo é a liderança global na economia digital e na infraestrutura do século XXI.
Como você avalia essa tentativa de reaproximação entre as duas potências? Acredita em avanços reais ou em uma trégua apenas temporária?



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