Banco Central autoriza bloqueio de Pix por suspeita de fraude: contas podem ficar travadas por até 72 horas durante investigação.
O Pix se consolidou como o principal meio de pagamento do Brasil, superando transferências bancárias tradicionais e até os cartões. Em 2024, foram mais de 42 bilhões de transações, segundo o Banco Central (BC). Mas a popularidade também atraiu golpistas, e para conter fraudes, o BC instituiu o chamado Mecanismo Especial de Devolução (MED), que autoriza os bancos a bloquear transações suspeitas por até 72 horas.
Essa medida, que continua em vigor em 2025, tem mudado a relação entre consumidores, bancos e golpistas, trazendo mais segurança — mas também gerando dúvidas e preocupações entre usuários que tiveram o dinheiro retido em situações legítimas.
Como funciona o bloqueio do Pix
O bloqueio temporário não ocorre em qualquer transferência. Ele depende de indícios claros de fraude ou golpe. Entre os sinais monitorados pelos sistemas estão:
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- Movimentações atípicas em valores ou horários incomuns.
- Contas recém-criadas que recebem grande volume de Pix em pouco tempo.
- Denúncias feitas por outros usuários via sistema de devolução.
- Histórico de suspeitas vinculadas ao CPF ou CNPJ envolvido na operação.
Quando a instituição financeira detecta risco, ela pode travar a transação por até 72 horas, tempo necessário para verificar a procedência. Durante esse período, os recursos ficam indisponíveis para o beneficiário, mas também não retornam ao pagador.
Se confirmada a fraude, o valor é devolvido. Caso contrário, a transação é liberada automaticamente.
A base legal da medida
O mecanismo foi criado pela Resolução BCB nº 103/2021 e já está consolidado nas regras do Pix. O artigo 41-A estabelece que as instituições participantes devem implementar controles para suspender transferências em casos de fundado indício de fraude.
A ideia surgiu diante do aumento exponencial de golpes de “falso boleto”, “falso funcionário de banco” e sequestros-relâmpago, crimes em que o Pix virou ferramenta preferida dos criminosos. Ao autorizar bloqueios rápidos, o Banco Central buscou dar ao sistema financeiro um tempo de resposta para proteger o usuário.
Segurança x comodidade: o dilema do usuário
Embora o mecanismo seja elogiado por especialistas em segurança, ele traz um dilema prático: o risco de travar transações legítimas. Muitos clientes relatam que já tiveram Pix retidos indevidamente, especialmente em valores altos ou quando movimentaram dinheiro para contas pouco usadas.
Esse “falso positivo” pode gerar transtornos sérios, como a impossibilidade de pagar uma compra, quitar uma dívida ou concluir um negócio. E, como o prazo pode chegar a 72 horas, o impacto pode ser grande para quem precisa do dinheiro com urgência.
O Banco Central, ciente disso, orienta que os bloqueios devem ser aplicados de forma criteriosa e que os bancos precisam manter canais de comunicação ágeis para informar o cliente sobre o motivo da retenção.
O impacto para golpistas
Para os criminosos, o bloqueio representou um freio. Antes do mecanismo, bastava convencer a vítima a transferir via Pix para que o dinheiro fosse imediatamente sacado ou pulverizado em dezenas de contas. Agora, como a operação pode ser congelada por até três dias, a devolução ficou mais viável e muitos golpes perdem eficácia.
Levantamentos internos do BC indicam que o MED já permitiu recuperar centenas de milhões de reais desde sua criação. Bancos e fintechs também relatam queda na reincidência de fraudes em contas usadas como “laranjas”.
O que fazer se seu Pix for bloqueado
Para o usuário, a recomendação é simples:
Verifique a notificação – o banco deve avisar sobre o bloqueio por aplicativo ou SMS.
Aguarde o prazo – a retenção pode durar até 72 horas. Se a operação for legítima, o dinheiro será liberado.
Entre em contato – em caso de dúvida, abra chamado no SAC ou ouvidoria da instituição.
Denuncie fraude – se foi vítima de golpe, registre boletim de ocorrência e comunique imediatamente ao banco.
Não há cobrança de tarifa para esse procedimento. O sistema foi desenhado para proteger o consumidor, mesmo que em alguns casos o bloqueio traga incômodo temporário.
O futuro do Pix e novos mecanismos
O Banco Central já estuda ampliar as ferramentas de proteção. Entre as propostas está a criação de um limite dinâmico, em que o sistema ajusta automaticamente o valor máximo de transferência conforme o perfil do cliente.
Outra medida em discussão é integrar ainda mais o Pix com o Drex, a futura moeda digital brasileira. A ideia é que ambos compartilhem mecanismos de segurança, permitindo identificar rapidamente fraudes em ecossistemas digitais cada vez mais complexos.
O bloqueio temporário do Pix em caso de suspeita de fraude é um exemplo de como a inovação tecnológica exige contrapesos de segurança. Embora cause transtornos em alguns casos, a medida é considerada essencial para reduzir o impacto dos golpes e proteger milhões de brasileiros.
Com mais de 150 milhões de usuários ativos, o Pix se tornou parte inseparável da vida financeira nacional. E, se a agilidade é sua maior vantagem, a segurança passa a ser seu maior desafio.
E você, leitor: prefere arriscar a velocidade total das transferências ou aceita esperar até 72 horas se isso significar menos chance de cair em um golpe?