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Trem bioceânico Brasil-Peru ganha força com apoio da China e mira megainfraestrutura logística transcontinental

Escrito por Caio Aviz
Publicado em 02/09/2025 às 20:10
Cruze ferroviário com trilhos metálicos se entrelaçando sobre dormentes e pedras britadas
Detalhe de cruzamento de trilhos ferroviários com dormentes de madeira e brita, representando a malha logística nacional
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Projeto estratégico do BRICS inicia estudos para conectar Ilhéus a Chancay por ferrovia, integrando portos, rodovias e hidrovias com foco em 2026

Brasil e China oficializaram o início dos estudos técnicos, econômicos e ambientais para a construção do trem bioceânico.
A ferrovia, que conectará Ilhéus (Bahia) ao megaporto de Chancay (Lima), integra-se à Iniciativa da Faixa e Rota (IFR) e simboliza um salto geopolítico nas ambições logísticas sul-americanas.

Memorando entre Lula e Xi Jinping impulsiona rota estratégica

Durante a XVI Cúpula do BRICS, realizada em julho de 2025, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o líder chinês Xi Jinping firmaram um memorando de entendimento decisivo.
O acordo selou a cooperação entre a estatal brasileira Infra S.A. e o China Railway Economics and Planning Research Institute, marcando o ponto de partida para o estudo da viabilidade da ferrovia interoceânica.
A iniciativa não surgiu do nada. Em novembro de 2024, ambos os governos já haviam assinado um acordo bilateral estratégico dentro do escopo do Projeto Rotas, com foco na integração da infraestrutura sul-americana, como parte do novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
Essa aproximação abriu caminho para, em abril de 2025, uma delegação chinesa visitar o Brasil com o objetivo de mapear a logística já existente para conexão futura ao trem bioceânico.

Trecho Ilhéus-Chancay é considerado o mais viável tecnicamente

A rota preferencial começa no porto de Ilhéus (Bahia) e termina no megaporto de Chancay, no litoral peruano. No trajeto, o trem passará por Campinorte, Lucas do Rio Verde, Vilhena, Porto Velho e Rio Branco, antes de cruzar a fronteira com o Peru e seguir por Pucallpa e Huánuco, até atingir Chancay, próximo a Lima.
Os estudos em andamento abordarão dois pilares centrais: a multimodalidade da rota transoceânica, incluindo conexões com rodovias, hidrovias, portos e aeroportos; e a avaliação da infraestrutura existente, com foco nos investimentos em andamento e nos trechos que exigem modernização.
Conforme o cronograma pactuado, a fase preliminar deve ser concluída até meados de 2026, permitindo avanços na engenharia e no financiamento do projeto.

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Malha ferroviária brasileira é base para conexão atlântica

De acordo com o Ministério dos Transportes, o Brasil conta com 30,5 mil km de ferrovias federais concedidas, o que representa 17% da matriz de transportes.
Outros 10 mil km estão em projetos autorizados, ligados a 27 contratos de adesão. Entre os trechos que podem integrar o corredor bioceânico, destacam-se: Ferrovia Norte-Sul, EF Carajás, FIOL, Ferrovia Centro-Atlântica, Ferrovia do Pantanal e Transnordestina.
Essa malha existente impulsiona a integração atlântica e favorece a conexão com hidrovias e rodovias.

Peru moderniza sistema ferroviário com apoio chinês

No lado peruano, o grande desafio logístico consiste em reativar e integrar os antigos trechos ferroviários, muitos dos quais datam do século XIX.

Desde 1871, o Peru opera com a Ferrovia Central, que liga Callao a Huancayo. Essa linha continua sendo uma das rotas mais importantes do país.

Além disso, a Ferrovia do Sul se destaca com 940 quilômetros de extensão entre Matarani e Cusco, atravessando áreas montanhosas e regiões economicamente relevantes.

Não menos relevante, a linha Tacna-Arica conecta o Peru ao Chile. Essa conexão reforça a integração regional andina e o comércio bilateral.

Atualmente, o projeto do trem Chancay-Pucallpa ganha notoriedade. Ele possui 904 quilômetros e obras complexas, o que o torna essencial para a infraestrutura nacional.

Essa nova ferrovia contará com 156 quilômetros de túneis e 97 de viadutos, de acordo com o Ministério dos Transportes e Comunicações do Peru.

Além disso, o investimento previsto é de US$ 14 bilhões, valor que reforça o peso estratégico dessa obra para o corredor do trem bioceânico.

Com essa infraestrutura, o Peru poderá escoar grãos e minérios brasileiros por seus portos, o que reduzirá significativamente os custos logísticos de exportação.

Adicionalmente, essa conexão ferroviária tende a fortalecer o papel sul-americano no comércio transpacifico, sobretudo com os mercados asiáticos, que crescem de forma acelerada.

Geopolítica e infraestrutura se entrelaçam no corredor bioceânico

O trem bioceânico vai além de uma obra de engenharia, pois representa uma estratégia geopolítica concreta, alinhada tanto à Iniciativa da Faixa e Rota da China quanto à agenda brasileira de reindustrialização.
Além disso, ao conectar o Atlântico ao Pacífico, oferece uma alternativa ao Canal do Panamá e, ao mesmo tempo, fortalece os laços comerciais com a Ásia.
Como parte fundamental desse avanço, o megaporto de Chancay simboliza a parceria estratégica sino-sul-americana, já que foi construído com o apoio direto da Cosco Shipping. Embora os estudos técnicos ainda estejam em andamento, Brasil e China já demonstraram, com clareza, um firme compromisso político e diplomático com o projeto.
Dessa forma, o trem bioceânico não apenas impulsiona o crescimentregional, como também redesenha rotas comerciais globais e deve permanecer como prioridade até 2030.

Se essa ferrovia sair mesmo do papel, qual será o impacto direto nos portos brasileiros e na relação comercial com a Ásia?

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Caio Aviz

Escrevo sobre o mercado offshore, petróleo e gás, vagas de emprego, energias renováveis, mineração, economia, inovação e curiosidades, tecnologia, geopolítica, governo, entre outros temas. Buscando sempre atualizações diárias e assuntos relevantes, exponho um conteúdo rico, considerável e significativo. Para sugestões de pauta e feedbacks, faça contato no e-mail: avizzcaio12@gmail.com.

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