Piloto do voo TransAsia 235 desligou o motor errado e causou a queda do avião em Taiwan. Entenda os erros e curiosidades sobre o acidente.
Quando um erro humano muda tudo: o caso TransAsia 235
O acidente com o voo TransAsia 235, ocorrido em 4 de fevereiro de 2015, ainda é um dos episódios mais chocantes da aviação civil moderna.
O avião ATR 72-600, com 53 passageiros e 5 tripulantes, caiu logo após a decolagem em Taipei, capital de Taiwan, depois que o piloto desligou o motor errado em meio a uma falha técnica.
O impacto foi devastador. A aeronave atingiu um táxi sobre a Huandong Boulevard e caiu no rio Keelung, matando 43 pessoas. As imagens do momento, captadas por câmeras de segurança, correram o mundo e chocaram o público pela sequência de erros humanos e falhas de treinamento que levaram à tragédia.
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O início do voo e o erro que custou vidas
O voo 235 da TransAsia Airways partiu do aeroporto de Songshan com destino à ilha de Quemói, em um trajeto curto e rotineiro. No comando estavam o capitão Liao Chien-tsung e o copiloto Liu Tze-chung, acompanhados por um terceiro piloto em treinamento.
Poucos segundos após a decolagem, o sistema ATPCS — responsável por controlar a potência dos motores — apresentou falha. Mesmo alertado pelo copiloto, o comandante decidiu prosseguir com a decolagem, contrariando os protocolos da aviação civil.
Com a aeronave já no ar, o sistema cortou automaticamente a potência do motor direito e sinalizou “Engine 2 flame out”. Confuso, o comandante Liao desligou o motor esquerdo, que funcionava normalmente. Sem potência em ambos os lados, o avião perdeu sustentação e entrou em estol — quando a aeronave perde a capacidade de manter voo.
Segundos de pânico e o desligamento fatal
Os registros de voz da cabine mostram o caos nos últimos segundos. Alarmes soaram, e os pilotos se confundiram sobre qual motor havia falhado. “Ok, desligamento do motor 2 confirmado”, disse o copiloto. Liao respondeu “ok”, mas continuou reduzindo a potência do motor 1 — o único que ainda operava.
Percebendo o erro, o copiloto tentou alertá-lo: “Empuxo! Empuxo!”. Mas era tarde demais. Aos gritos de “Terreno à frente!”, o comandante tentou religar os motores, sem tempo para recuperar altitude. A última frase gravada antes do impacto foi a constatação trágica: “Puxei a manete do lado errado”.
Falhas de treinamento e erros acumulados
As investigações revelaram uma cadeia de falhas que iam além do erro humano. O sistema ATPCS apresentava fissuras internas que causaram leituras incorretas. No entanto, o que mais chamou a atenção foi o histórico de deficiências do comandante.
Liao havia sido reprovado várias vezes em testes de qualificação e demonstrava nervosismo, lentidão e dificuldade em gerenciar emergências. Mesmo assim, a TransAsia Airways o promoveu ao posto de comandante do ATR 72-600.
Os relatórios oficiais apontaram falhas graves no processo de seleção e treinamento da companhia aérea, especialmente em relação ao CRM (Gerenciamento de Recursos de Cabine) — conjunto de técnicas que ensina os pilotos a trabalharem em equipe sob pressão.
Curiosidades e consequências na aviação civil
Após o acidente, o voo TransAsia 235 passou a ser reconhecido como um caso de estudo internacional sobre erro humano na aviação civil. Além disso, a tragédia provocou tensões diplomáticas entre Taiwan e China, já que 31 passageiros eram chineses e as relações entre os dois países sempre foram delicadas.
Com a forte repercussão global, a TransAsia Airways não resistiu à crise de imagem e entrou em colapso financeiro, encerrando suas operações em novembro de 2016.
Desde então, o caso tem influenciado novas normas de segurança e treinamento de pilotos em diversos países, reforçando a importância da padronização de procedimentos e do controle emocional em situações de emergência.
Lições deixadas pelo acidente TransAsia 235
O desastre do TransAsia 235, portanto, é lembrado como um exemplo trágico de como um pequeno erro pode escalar rapidamente em meio a uma sequência de falhas.
Assim, o caso reforça a necessidade de treinamento contínuo, revisões técnicas rigorosas e comunicação eficaz entre tripulantes.
Além disso, mais do que uma tragédia, o episódio deixou lições valiosas sobre como o fator humano e o preparo psicológico são essenciais para a segurança na aviação civil.
Dessa forma, o acidente se transformou em um alerta permanente para o setor aéreo e para a importância de procedimentos bem executados em situações de emergência.



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