Toyota vende mais de 200 mil unidades do SUV elétrico bZ3X na China em apenas 4 meses. Modelo custa R$ 80 mil, tem até 610 km de autonomia e desafia BYD e Tesla com fórmula acessível.
Em meio à forte disputa que domina o maior mercado automotivo do planeta, a Toyota surpreendeu ao alcançar uma façanha rara para marcas estrangeiras na China: vender mais de 200 mil carros elétricos em apenas quatro meses. E não se trata de um modelo de luxo ou de edição limitada, mas sim de um veículo 100% elétrico de entrada, com preço equivalente a cerca de R$ 80 mil.
O nome do sucesso? Toyota bZ3X, um SUV elétrico desenvolvido em parceria com a montadora local GAC — e que rapidamente se tornou referência em mobilidade elétrica acessível.
Toyota elétrico de R$ 80 mil conquista a China
Lançado oficialmente em março de 2025, o bZ3X foi projetado especialmente para o consumidor chinês, que busca veículos elétricos com boa autonomia, design moderno e preço competitivo. O modelo mais simples da linha, o bZ3X 430 Air, parte de 109.800 yuans, cerca de R$ 80 mil na conversão direta, e já entrega um pacote surpreendente.
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A versão de entrada conta com bateria de 50 kWh, autonomia de 430 km no ciclo CTLC e motor elétrico de 201 cv. No uso real, esse alcance costuma ficar em torno de 320 km — mais que suficiente para deslocamentos urbanos e viagens curtas.
E o apelo vai além do valor. O visual do carro combina linhas futuristas com traços de SUV urbano, e o interior entrega bons recursos tecnológicos, como painel digital, conectividade com apps chineses e assistentes por voz.
A resposta do público foi imediata. Segundo a GAC Toyota, joint venture responsável pela produção, o modelo já alcançou mais de 200 mil unidades entregues em quatro meses e 30 mil novos pedidos foram registrados recentemente.
Versões com mais autonomia continuam acessíveis
O grande trunfo do Toyota bZ3X está na variedade de versões com bom custo-benefício, algo difícil de encontrar mesmo entre marcas locais.
As variantes 430 Air+, 520 Pro e Pro+ aumentam o nível de conforto e a capacidade da bateria, com 58 kWh e autonomia declarada de 520 km, mantendo o mesmo conjunto motriz de 204 cv. Já o topo de linha, o bZ3X 610 Max, traz bateria de 68 kWh, 221 cv e promete autonomia de até 610 km, custando o equivalente a R$ 115 mil.
Mesmo com esse salto de performance, os preços continuam muito abaixo do que se pratica em mercados ocidentais, onde modelos com especificações similares podem custar o dobro.
Em resumo: o que a Toyota fez foi entregar o que o consumidor chinês realmente quer — alcance decente, tecnologia confiável e preço justo.
Enquanto rivais perdem espaço, Toyota cresce
O desempenho da Toyota na China ganha ainda mais destaque quando comparado ao cenário de seus concorrentes diretos. Volkswagen, Mercedes, Audi, BMW e até mesmo a Tesla vêm sofrendo para manter a relevância em um mercado cada vez mais dominado por startups chinesas como BYD, Nio, XPeng e Li Auto.
Em contrapartida, a GAC Toyota registrou 364.218 veículos vendidos nos seis primeiros meses de 2025, um crescimento de 5,6% — mesmo em um ambiente desafiador e competitivo.
O Toyota Camry, por exemplo, cresceu 66% em vendas apenas no mês de junho, enquanto a minivan Saina teve alta de 16% no acumulado do ano. Isso mostra que a marca japonesa soube alinhar tradição e inovação, criando uma linha de produtos que não apenas resiste à pressão local, mas ganha tração entre os consumidores chineses.
Por que esse modelo não chega ao Brasil?
Diante do sucesso estrondoso do Toyota elétrico de R$ 80 mil na China, é natural que brasileiros se perguntem: por que não temos acesso a esse tipo de carro aqui?
A resposta envolve barreiras comerciais, falta de incentivos e custo logístico elevado. O Brasil ainda taxa fortemente veículos importados, especialmente modelos elétricos produzidos fora do Mercosul, o que inviabiliza preços competitivos. Além disso, a cadeia de carregamento e infraestrutura elétrica nacional ainda engatinha, tornando o mercado menos atrativo para carros elétricos de entrada.
A Toyota, inclusive, ainda não lançou nenhum carro 100% elétrico no Brasil — preferindo apostar nos híbridos flex como o Corolla e o Corolla Cross. Isso reflete uma estratégia cautelosa diante das incertezas regulatórias e da baixa demanda por EVs fora dos nichos premium.
Mas o desempenho da marca na China pode influenciar decisões futuras, especialmente com a pressão por eletrificação global se intensificando.
A fórmula Toyota: simplicidade, confiança e parceria local
O caso do bZ3X ilustra com perfeição como a Toyota encontrou um caminho único para crescer em território chinês, enquanto outras montadoras patinam.
O segredo parece estar na fórmula tripla:
- Parceria local com a GAC, que garante adaptação às demandas culturais e técnicas do mercado chinês;
- Projeto totalmente voltado ao consumidor local, sem adaptações de modelos ocidentais;
- Equilíbrio entre preço acessível e performance confiável, sem promessas exageradas ou soluções complexas.
Isso mostra que a Toyota não tenta competir diretamente com BYD e Nio em inovação extrema ou design chamativo — mas oferece uma experiência sólida e bem precificada, que fala a língua do consumidor chinês médio.