Carros conectados à internet podem ser alvos de hackers, colocando em xeque a segurança de motoristas mesmo em modelos populares e com recursos de automação avançados.
Carros modernos contam com sistemas cada vez mais avançados de conectividade e automação, mas essa evolução tecnológica também abre espaço para riscos invisíveis. Hoje, modelos populares, incluindo SUVs com recursos digitais, estão mais sujeitos a ataques cibernéticos realizados por hackers. O perigo muitas vezes não é percebido pelo motorista, mas pode afetar diretamente o controle do veículo e a segurança dos ocupantes. De acordo com especialistas, a combinação entre tecnologia embarcada e conexão à internet torna os veículos conectados vulneráveis a acessos indevidos, mesmo à distância.
SUVs e carros modernos se tornaram alvos de hackers
A digitalização dos veículos transformou os carros em verdadeiros computadores sobre rodas. Itens como controle de cruzeiro adaptativo, sistemas de estacionamento automático, chave por aproximação, comandos via celular e atualizações remotas fazem parte da rotina de muitos modelos, principalmente SUVs médios e de luxo. Esses sistemas operam com base em redes internas e externas, criando pontos de acesso que podem ser explorados em ataques cibernéticos.
Os hackers podem se infiltrar por conexões Wi-Fi, Bluetooth, sistemas de GPS ou mesmo pelas portas USB dos carros. Em alguns casos, é possível acessar funções como travamento das portas, acelerador, freios ou sistema de direção elétrica. A maioria dos motoristas desconhece essas vulnerabilidades, o que torna o risco ainda mais preocupante.
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Ataques cibernéticos em carros já ocorreram na prática
Pesquisadores e especialistas em segurança já demonstraram que é possível realizar ataques cibernéticos contra veículos em condições reais. Um dos casos mais conhecidos envolveu um Jeep Cherokee em 2015, nos Estados Unidos. Na ocasião, dois especialistas em segurança conseguiram controlar remotamente funções como o ar-condicionado, rádio, aceleração e até a direção, enquanto o carro estava em movimento. O episódio levou a montadora a realizar o recall de mais de 1 milhão de veículos.
Mais recentemente, um grupo de pesquisadores de segurança belgas demonstrou como invadir remotamente um Tesla Model X explorando falhas no sistema de chave digital. Também houve relatos de vulnerabilidades em sistemas de infoentretenimento de SUVs de marcas como Nissan e Toyota, que possibilitaram a ativação remota de luzes, buzina e janelas.
Esses episódios reforçam que os riscos são reais e não estão restritos ao campo teórico. Com o aumento da conectividade em SUVs modernos, os hackers possuem mais caminhos possíveis para infiltração em sistemas automotivos.
Sistemas digitais aumentam a superfície de ataque
Os carros modernos, especialmente os SUVs com múltiplas funções integradas, utilizam uma arquitetura eletrônica complexa. Vários módulos de controle eletrônico (ECUs) são interligados por redes internas, como o sistema CAN (Controller Area Network), que não possui autenticação ou criptografia de origem. Isso significa que, uma vez com acesso à rede do veículo, um invasor pode transmitir comandos falsos como se fossem legítimos.
Além disso, muitos fabricantes permitem o controle do veículo por aplicativos de smartphone. É possível, por exemplo, travar e destravar portas, acionar o motor remotamente ou monitorar o posicionamento via GPS. Esses aplicativos, se mal protegidos, também são alvos para tentativas de invasão por hackers.
Modelos que contam com conectividade 4G ou 5G de fábrica, como alguns SUVs lançados nos últimos anos, mantêm um canal constante de comunicação com servidores remotos. Caso esse canal não seja bem protegido, ele pode se tornar uma porta de entrada para ataques remotos — sem que o motorista perceba qualquer sinal de alerta.
Fabricantes reforçam medidas de segurança digital
Diante do avanço dos ataques cibernéticos contra carros modernos, montadoras têm investido em camadas extras de segurança digital. A Tesla, por exemplo, passou a promover competições entre especialistas para identificar falhas antes que hackers mal-intencionados o façam. Outras marcas adotaram a prática de atualizações OTA (over-the-air), para corrigir vulnerabilidades de forma remota e rápida.
A maioria das fabricantes também passou a trabalhar com especialistas em cibersegurança automotiva para desenvolver sistemas operacionais próprios com foco em proteção digital. Mesmo assim, especialistas alertam que não existe sistema infalível e que é necessário manter atenção constante.
Segundo pesquisadores do setor, quanto mais conectado for um carro, mais suscetível ele se torna. Um SUV moderno com conectividade integrada, sistema de entretenimento conectado à internet e integração com celulares, por exemplo, pode ter dezenas de pontos de acesso possíveis para um hacker.
Como reduzir os riscos de ataques cibernéticos em veículos
Embora grande parte da responsabilidade seja das fabricantes, motoristas também podem adotar medidas preventivas para diminuir o risco de ataques cibernéticos em seus carros. Entre elas:
- Manter sempre atualizado o software do veículo, seja via concessionária ou por atualizações remotas;
- Evitar conectar dispositivos de procedência desconhecida nas portas USB;
- Não deixar ativadas conexões Bluetooth e Wi-Fi quando não estiverem em uso;
- Utilizar senhas fortes nos aplicativos que controlam o carro remotamente;
- Monitorar qualquer comportamento incomum no sistema eletrônico do veículo.
No caso de SUVs comprados no mercado de seminovos, é importante realizar uma revisão técnica e digital completa, principalmente se o modelo contar com conectividade ativa, aplicativos de controle remoto ou sistemas de assistência autônoma.
A segurança digital se torna parte da rotina automotiva
À medida que os carros modernos evoluem em direção à direção autônoma, conectividade total e integração com redes externas, a proteção contra ataques cibernéticos se torna tão essencial quanto os freios ou os airbags. A tendência é que, nos próximos anos, a segurança digital seja um dos principais critérios de avaliação ao comprar um carro novo — principalmente SUVs com maior volume de sistemas embarcados.
Motoristas devem considerar que, ao adquirir um veículo inteligente, também estão levando para casa um equipamento digital sujeito a falhas e acessos externos. O cuidado com senhas, conexões, atualizações e privacidade não deve se limitar ao celular ou ao computador. O próprio carro, hoje, também está na mira dos hackers.