Apesar de mais carregadores públicos e confiáveis, donos de carros elétricos não-Tesla nos EUA estão cada vez mais insatisfeitos com preços e acessibilidade. Entenda o impacto da Tesla no setor.
O mercado de carros elétricos nos Estados Unidos está em expansão, e a infraestrutura de recarga pública acompanha essa tendência. Há mais pontos de alta potência e eles quebram menos, mas paradoxalmente, a satisfação dos motoristas está caindo. O principal motivo: o preço das recargas, especialmente para quem não possui um Tesla.
Segundo o estudo mais recente da J.D. Power, apesar de melhorias na confiabilidade dos carregadores e da ampliação da rede, a experiência de uso de veículos de outras marcas ainda deixa a desejar.
Tesla lidera, mas cria um monopólio de recarga rápida
A consultoria de consumo explica que mais da metade dos carregadores de alta potência nos EUA pertencem à Tesla, os famosos Superchargers. Com isso, donos de carros elétricos de outras marcas acabam usando a rede da empresa de Elon Musk, enfrentando preços mais altos e algumas dificuldades de compatibilidade.
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“Uma experiência do usuário muito menos satisfatória” se você não tiver um Tesla, afirma o relatório. Isso acontece porque o uso do Supercharger exige o aplicativo da Tesla e a cobrança de tarifas dinâmicas que variam conforme demanda, localização e horário. Já os proprietários de Tesla desfrutam de preços fixos e assinatura com tarifas menores.
Mais carregadores, mas preços pesam no bolso
A pesquisa da J.D. Power avaliou mais de 7,4 mil motoristas de carros elétricos e híbridos plug-in entre janeiro e junho de 2025. Foram analisados aspectos como facilidade de uso, velocidade da recarga, disponibilidade, proximidade de pontos de carga e, principalmente, o custo do serviço.
O resultado mostrou que a satisfação com o preço das recargas caiu para 459 em 1.000 pontos em carregadores CA e 430 em CC de alta potência, uma redução de 16 pontos em relação ao ano anterior. Ou seja, mesmo com mais pontos de recarga e menos falhas, os usuários sentem o impacto financeiro.
Adaptadores e compatibilidade ainda são desafios
Outro ponto levantado pelo estudo é a compatibilidade dos veículos. Nem todos os carros elétricos se conectam diretamente aos Superchargers, exigindo adaptadores que, embora cada vez mais comuns, ainda representam uma barreira para alguns motoristas.
Além disso, redes de carregamento de outras montadoras, como Ford Charge ou Mercedes-Benz Charging Network, ainda são raras e não estão inclusas no levantamento da J.D. Power, o que reforça o domínio da Tesla.
Rede da Tesla é mais confiável, mas não agrada a todos
Quando o assunto é confiabilidade, a Tesla supera as operadoras independentes. Os Superchargers registraram 709 pontos de satisfação em 1.000, enquanto os carregadores de outras empresas ficaram com 591. O número de falhas caiu para o nível mais baixo desde que o estudo começou, e os carregadores de alta potência oferecem recargas mais rápidas e menos tempo de espera.
Mesmo assim, o custo elevado para veículos de outras marcas gera frustração. Para muitos proprietários, a rede Tesla representa um padrão de excelência técnica, mas um desafio econômico.
Preços dinâmicos e desigualdade na experiência
Enquanto a rede cresce e se moderniza, o modelo de preços dinâmicos da Tesla amplia a diferença entre donos de Tesla e os demais. Tarifas que variam por horário e demanda afetam diretamente quem não tem acesso às assinaturas mais vantajosas, tornando a experiência menos satisfatória.
Portanto, embora os avanços tecnológicos e a expansão da infraestrutura sejam inegáveis, a insatisfação do usuário não-Tesla evidencia que, no setor de carros elétricos, o monopólio de recarga rápida da Tesla ainda é um fator decisivo.