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Terras raras em Roraima: descoberta em Caracaraí pode ser até 50 vezes maior que depósitos convencionais e reforça Brasil como 2ª maior reserva do mundo

Escrito por Bruno Teles
Publicado em 12/09/2025 às 20:35
Descoberta em Caracaraí (RR) pode ser até 50 vezes maior que depósitos convencionais. UFRR confirma concentração inédita de terras raras e Brasil pode assumir 2ª maior reserva mundial.
Descoberta em Caracaraí (RR) pode ser até 50 vezes maior que depósitos convencionais. UFRR confirma concentração inédita de terras raras e Brasil pode assumir 2ª maior reserva mundial.
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Pesquisadores da UFRR identificaram concentrações inéditas de terras raras em Caracaraí, no centro-sul de Roraima. O potencial é até 50 vezes maior que depósitos convencionais e pode reposicionar o Brasil como potência global em minerais estratégicos.

As terras raras são um conjunto de 17 elementos químicos cruciais para o mundo moderno. Usados em ímãs permanentes, baterias de lítio, catalisadores, telas de LED, supercondutores e sistemas de defesa, esses minerais são considerados insumos estratégicos para a transição energética e para a chamada indústria 4.0.

Hoje, a China domina cerca de 70% da produção global, o que gera preocupações sobre dependência e risco geopolítico. Nesse contexto, novas descobertas fora da Ásia ganham peso imediato, especialmente quando se trata de países com grande potencial como o Brasil.

A descoberta em Caracaraí

Terras raras em Roraima: descoberta em Caracaraí pode ser até 50 vezes maior que depósitos convencionais e reforça Brasil como 2ª maior reserva do mundo
Assembleia Legislativa de Roraima (ALERR) realizou uma visita ao complexo mineral localizado em Caracaraí, no estado de Roraima. 

De acordo com a Revista Fórum, pesquisadores da Universidade Federal de Roraima (UFRR) anunciaram a identificação de concentrações de terras raras até 100 vezes superiores ao normal em amostras coletadas no Complexo Mineral Barreira, localizado na zona rural de Caracaraí, a cerca de 140 km de Boa Vista.

Os estudos iniciais, conduzidos por Vladimir de Souza, Carlos Eduardo Lucas Vieira e Lorena Malta Feitosa, encontraram teores expressivos de elementos como ítrio, essencial na fabricação de ligas metálicas, semicondutores e dispositivos ópticos.

As medições revelaram até 296 partes por milhão (ppm) de ítrio, número que chama a atenção de laboratórios internacionais e de grandes indústrias.

Dimensão inédita da jazida

A estimativa é que a área de Caracaraí tenha 100 mil hectares de potencial mineral, com depósitos até 50 vezes maiores do que os convencionais.

Se confirmados por sondagens mais profundas, esses números colocariam o Brasil como a segunda maior reserva mundial de terras raras, atrás apenas da China.

O terreno analisado pertence ao advogado Gustavo Hugo de Andrade e ao empresário Lucergio Barreira Abreu da Silva.

A localização é considerada estratégica, pois fica a 60 km das terras indígenas mais próximas e a 50 km de áreas de preservação ambiental, reduzindo, ao menos em tese, os riscos de sobreposição direta com territórios protegidos.

Quem regula e o que vem pela frente

O processo está sendo acompanhado pela Agência Nacional de Mineração (ANM), pelo Conselho de Defesa Nacional e pela Polícia Federal, com coordenação técnica da UFRR. As próximas etapas envolvem:

Mapeamento geológico detalhado;

Coleta ampliada de amostras;

Perfurações de sondagem;

Avaliação econômica da jazida.

Somente após essa etapa será possível saber se a riqueza encontrada em laboratório se traduz em viabilidade industrial.

O marco regulatório brasileiro permite que pessoas físicas ou empresas solicitem autorização de pesquisa mineral, desde que apresentem relatórios técnicos e comprovem capacidade financeira.

O prazo é de até três anos, e o descumprimento gera multas.

Esse processo é a porta de entrada para a lavra mineral, momento em que a exploração comercial é oficialmente liberada.

Brasil no mapa global das terras raras

O Brasil já possui áreas em exploração, como os projetos de argilas iônicas em Goiás (Serra Verde Pesquisa e Mineração), e depósitos promissores em Poços de Caldas, Araxá e Tapira, em Minas Gerais.

A descoberta em Roraima, porém, adiciona um novo polo estratégico dentro da Amazônia Legal.

O presidente Lula já afirmou em discurso que “ninguém vai colocar o dedo nos nossos minerais críticos”, reforçando que o tema é de soberania nacional.

A declaração mostra que o governo enxerga os elementos de terras raras não apenas como oportunidade econômica, mas também como ativo estratégico de defesa e diplomacia.

O dilema ambiental e social

Apesar do potencial econômico, a descoberta traz preocupações ambientais.

A mineração em larga escala na Amazônia pode gerar impactos como:

Desmatamento e degradação do solo;

Contaminação de rios e aquíferos;

Pressões sobre comunidades tradicionais.

Pesquisadores alertam que a exploração só será sustentável se houver planos de recuperação ambiental, monitoramento independente e participação das comunidades locais.

Caso contrário, os ganhos econômicos podem ser anulados por perdas ambientais e sociais irreversíveis.

Consequências geopolíticas

Se confirmada a escala da jazida, o Brasil passará a ter poder de barganha internacional.

Isso porque países como Estados Unidos, Japão e membros da União Europeia estão em busca de alternativas para reduzir a dependência da China.

Com terras raras abundantes, o Brasil pode se tornar um fornecedor estratégico de minerais críticos, atraindo investimentos, parcerias tecnológicas e acordos bilaterais.

Por outro lado, isso também aumenta a pressão sobre o governo para definir políticas claras de exploração, exportação e industrialização local.

A descoberta em Caracaraí, em Roraima, pode representar a maior virada do Brasil no setor de minerais críticos em décadas.

Se as estimativas de depósitos até 50 vezes maiores que os convencionais se confirmarem, o país passará a disputar protagonismo global com a China.

O desafio será equilibrar exploração econômica, preservação ambiental e interesses geopolíticos.

A riqueza está no subsolo, mas cabe ao Brasil decidir se ela será transformada em dependência externa ou em alavanca para inovação e desenvolvimento nacional.

E você, acredita que o Brasil deve priorizar a exploração das terras raras de Roraima para ganhar relevância mundial, mesmo diante dos riscos ambientais? Deixe sua opinião nos comentários — queremos ouvir quem acompanha de perto esse debate estratégico.

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Bruno Teles

Falo sobre tecnologia, inovação, petróleo e gás. Atualizo diariamente sobre oportunidades no mercado brasileiro. Com mais de 7.000 artigos publicados nos sites CPG, Naval Porto Estaleiro, Mineração Brasil e Obras Construção Civil. Sugestão de pauta? Manda no brunotelesredator@gmail.com

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