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TCU inicia avaliação de programas de pesquisa em petróleo, gás natural e mineração

Escrito por Paulo H. S. Nogueira
Publicado em 05/09/2025 às 07:09
Plataforma de petróleo offshore no mar com céu parcialmente nublado.
Estrutura offshore de exploração e extração de petróleo com nuvens no horizonte.
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TCU conduz avaliação de programas de pesquisa para medir impacto na inovação e no uso estratégico de recursos em setores essenciais do Brasil.

A avaliação de programas de pesquisa em setores estratégicos sempre ocupou papel central no desenvolvimento de políticas públicas e, consequentemente, no fortalecimento da economia brasileira.

Por esse motivo, o Tribunal de Contas da União (TCU) atua de forma contínua para analisar como os investimentos em ciência, tecnologia e inovação contribuem para transformar a realidade de áreas fundamentais como petróleo, gás natural e mineração.

Esses setores são cruciais não apenas pelo peso econômico, mas também pela capacidade de gerar soluções sustentáveis e de reduzir impactos ambientais.

Assim, ao realizar auditorias e fiscalizações, o TCU busca identificar se os recursos públicos e privados aplicados em pesquisa e inovação realmente produzem resultados concretos para a sociedade.

Nesse contexto, a preocupação envolve tanto a boa governança quanto a efetividade de projetos que precisam equilibrar crescimento econômico e preservação ambiental.

O papel da pesquisa nos setores extrativos

O investimento em pesquisa, desenvolvimento e inovação (PD&I) impulsiona a criação de tecnologias, novos processos e métodos que permitem melhorar a exploração de recursos naturais.

No caso do petróleo, do gás natural e da mineração, essa dinâmica se torna ainda mais relevante, já que o país depende fortemente desses setores para garantir segurança energética e equilíbrio na balança comercial.

Além disso, historicamente, o Brasil estruturou políticas de fomento em parceria com instituições como o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

Ao mesmo tempo, a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) e a Agência Nacional de Mineração (ANM) assumiram a responsabilidade de regulamentar e acompanhar a aplicação dos recursos.

Dessa forma, o esforço busca garantir que os programas de pesquisa se transformem em avanços tecnológicos e em maior competitividade para a indústria nacional.

Entretanto, o desafio sempre esteve em alinhar metas estratégicas de longo prazo com a execução prática dos projetos.

Muitas vezes, o excesso de burocracia ou a ausência de indicadores claros comprometeu a medição dos resultados alcançados.

O olhar histórico sobre a regulação da pesquisa

Desde a década de 1990, quando o Brasil abriu mais espaço para investimentos privados no setor energético, a discussão sobre inovação ganhou força.

A criação de regras que obrigaram empresas de petróleo a investir parte de sua receita em pesquisa marcou um ponto de virada.

Graças a essas normas, diversas parcerias entre universidades, centros de tecnologia e empresas privadas foram fortalecidas.

Por outro lado, no setor de mineração, o processo evoluiu de forma mais lenta.

Embora a atividade mineral sempre tenha sido relevante para a economia, a Agência Nacional de Mineração demorou para estruturar políticas específicas de incentivo à inovação.

Como consequência, a ausência de um programa próprio de PD&I, ressaltada pelo TCU, limitou a modernização do setor e deixou lacunas para um futuro mais sustentável e competitivo.

Além disso, o tribunal destacou a importância da Lei 13.575/2017, que concedeu à ANM a competência para instituir programas de inovação.

Entretanto, a agência justificou a falta de regulamentação por limitações orçamentárias e de pessoal.

Assim, ficou evidente que o avanço institucional depende de maior planejamento e de recursos consistentes.

A governança e os desafios do presente

A auditoria do TCU identificou que, apesar da existência de relatórios anuais e reuniões periódicas com empresas, falta ao programa de pesquisa no setor energético uma estratégia de longo prazo com metas definidas.

Como resultado, a ausência de indicadores compromete a avaliação de resultados e dificulta ajustes necessários ao longo do caminho.

Além disso, outro ponto levantado foi a restrição em contratos mais antigos, que ainda limitam a participação de fornecedores nacionais.

Nesse sentido, essa limitação reduz as oportunidades de inovação dentro do próprio país e impede que parte dos recursos destinados à pesquisa fortaleça empresas brasileiras.

Assim, em vez de promover avanços internos, muitos projetos acabam reproduzindo dependência de tecnologias externas.

Efetividade da fiscalização e prestação de contas

Atualmente, o modelo de fiscalização da ANP prioriza o controle formal e financeiro, mas não aprofunda a análise sobre os impactos tecnológicos e científicos dos projetos concluídos.

Como consequência, esse sistema cria barreiras para iniciativas de maior risco, que poderiam gerar grandes saltos de inovação.

Portanto, o TCU entende que apenas controlar documentos e relatórios não basta.

É preciso avaliar o impacto real de cada investimento em termos de geração de conhecimento, desenvolvimento de novas técnicas e fortalecimento da indústria nacional.

Desse modo, a prestação de contas se torna mais útil e gera aprendizado para políticas públicas futuras.

Recomendações e caminhos futuros

Com base nos resultados da auditoria, o TCU recomendou que a ANP estabeleça uma estratégia de longo prazo para a avaliação de programas de pesquisa, com metas e indicadores objetivos.

Além disso, orientou que as novas regras de investimento se estendam a contratos antigos, garantindo maior uniformidade no setor.

No caso da ANM, o tribunal sugeriu a inclusão da criação de um programa de PD&I específico para a mineração na agenda regulatória do biênio 2027-2028.

Dessa forma, a medida pode corrigir a lacuna histórica e abrir espaço para maior competitividade internacional.

Assim, essas recomendações reforçam a importância de alinhar fiscalização, regulamentação e gestão de recursos a uma visão integrada de inovação.

Sem esse alinhamento, os programas perdem relevância e deixam de atender às demandas crescentes por soluções tecnológicas e sustentáveis.

Pesquisa como alicerce para o futuro

O Brasil enfrenta um cenário global em que a inovação determina a velocidade do desenvolvimento econômico.

Por esse motivo, países que transformam pesquisa em tecnologia e soluções aplicáveis ampliam sua participação nos mercados internacionais.

No setor de energia e mineração, a busca por alternativas menos poluentes e mais eficientes coloca pressão adicional sobre todos os atores envolvidos.

Portanto, o investimento em pesquisa não pode ser visto apenas como uma exigência regulatória, mas sim como uma necessidade estratégica para garantir soberania energética, sustentabilidade ambiental e competitividade econômica.

Dessa forma, ao iniciar uma avaliação criteriosa dos programas de pesquisa, o TCU cumpre papel essencial de fiscalizar, mas também de orientar melhorias.

Afinal, a união entre governança eficiente, regulamentação clara e inovação tecnológica pode redefinir os rumos do Brasil no cenário internacional.

Mais do que simplesmente cumprir normas, investir em pesquisa significa preparar o país para os desafios do século XXI.

Portanto, esse movimento depende de visão de longo prazo, de políticas consistentes e da capacidade de transformar conhecimento em desenvolvimento sustentável e prosperidade.

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Paulo H. S. Nogueira

Sou Paulo Nogueira, formado em Eletrotécnica pelo Instituto Federal Fluminense (IFF), com experiência prática no setor offshore, atuando em plataformas de petróleo, FPSOs e embarcações de apoio. Hoje, dedico-me exclusivamente à divulgação de notícias, análises e tendências do setor energético brasileiro, levando informações confiáveis e atualizadas sobre petróleo, gás, energias renováveis e transição energética.

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