Descubra como o hub de biometano da TBG pode impulsionar a transição energética no Brasil e conectar pequenos produtores ao mercado nacional.
O setor de energia no Brasil vive um período de transformações importantes. A busca por fontes mais limpas e sustentáveis cresce a cada ano, o que fortalece o espaço do gás natural, do biometano e de outras alternativas na matriz energética.
Nesse cenário, a Transportadora Brasileira Gasoduto Bolívia-Brasil (TBG) assume papel relevante ao propor a criação de um hub de biometano, projeto que pode ampliar o acesso ao mercado e acelerar a transição energética.
Além disso, o tema ganha destaque porque o país, historicamente dependente de combustíveis fósseis como petróleo e gás importado, começa a enxergar novas oportunidades em recursos renováveis.
Como resultado, o biometano se apresenta como combustível estratégico, já que pode substituir o gás natural em diferentes usos, sem necessidade de grandes mudanças na infraestrutura existente.
O biometano e sua importância na matriz energética
O biometano é um gás renovável obtido a partir da purificação do biogás, que se forma da decomposição de resíduos orgânicos como restos agrícolas, lixo urbano e efluentes industriais.
Portanto, sua composição se aproxima da do gás natural, o que permite injeção direta em gasodutos e utilização em indústrias, residências e transportes.
No Brasil, a produção de biogás começou a crescer principalmente nos anos 2000, em razão da expansão do setor sucroenergético e da necessidade de dar destino adequado a resíduos agroindustriais.
Entretanto, a purificação necessária para obter biometano em escala comercial ainda enfrenta desafios, sobretudo ligados a custos e logística de distribuição.
Dessa forma, a proposta da TBG de implantar um hub de biometano se mostra inovadora.
A empresa pretende criar centrais de injeção que reúnam o gás de diferentes pequenos produtores, reduzindo custos de interconexão e tornando o acesso ao mercado mais democrático.
Assim, o biometano deixa de ser restrito a grandes projetos e passa a ser solução acessível para vários perfis de produtores.
O papel histórico do gás no Brasil
Para compreender a importância desse movimento, é preciso voltar no tempo e observar a trajetória do gás natural no país.
Até os anos 1990, o consumo era pequeno e dependia quase totalmente de importações e da produção associada ao petróleo.
Contudo, o marco decisivo ocorreu com a construção do Gasoduto Bolívia-Brasil, inaugurado em 1999, que ampliou a oferta e impulsionou o uso do gás em setores como energia elétrica, indústria e transporte.
Esse gasoduto, operado pela TBG, representou um passo relevante na diversificação da matriz energética, até então fortemente apoiada em hidrelétricas.
Com o tempo, o gás natural passou a ocupar espaço como combustível de transição, reduzindo emissões em relação ao óleo combustível e ao carvão.
Atualmente, mais de duas décadas depois, o país vive uma nova virada.
Se no passado a expansão ocorreu pela importação de gás da Bolívia, hoje o desafio é integrar fontes renováveis à infraestrutura existente.
Nesse sentido, o biometano aparece como elo entre a experiência do passado e as exigências do futuro.
O projeto da TBG para o hub de biometano
Segundo o presidente da TBG, Jorge Hijjar, a companhia planeja implantar inicialmente dois a três pontos de injeção de biometano, cada um com capacidade de 200 mil metros cúbicos por dia.
Desse modo, essas centrais funcionariam como estações de recebimento que viabilizam a comercialização de pequenos produtores sem que precisem arcar com altos custos de conexão.
Além disso, a proposta não exige obrigatoriedade regulatória, mas oferece um modelo de negócio inovador que reduz barreiras e estimula a entrada de novos agentes no setor.
Como consequência, a estimativa aponta que cada hub de biometano aumentará apenas 0,03% no preço final do gás ao consumidor.
Esse percentual é pequeno diante dos benefícios ambientais e econômicos.
Outro ponto relevante é que mais de 17 produtores já enviaram cartas de intenção para participar do projeto.
Esse interesse confirma a demanda e mostra confiança no modelo.
Ao mesmo tempo, evidencia a busca de produtores por alternativas que aumentem competitividade, diversifiquem receitas e atendam à crescente procura por energia sustentável.
O momento regulatório e os desafios
Atualmente, o ambiente regulatório passa por uma fase de “efervescência”.
A Nova Lei do Gás, aprovada em 2021, trouxe regras mais claras sobre transporte, comercialização e acesso à infraestrutura.
Contudo, ajustes ainda precisam ocorrer para garantir segurança a investidores e clareza a produtores.
Assim, o hub de biometano depende da análise da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), que avalia a viabilidade do modelo.
No entanto, a demora nessa definição dificulta o avanço do projeto e atrasa a entrada de novos agentes.
Portanto, esse debate regulatório se mostra crucial, já que estabelece as bases para que novos atores ingressem no mercado com confiança.
Se houver previsibilidade regulatória, produtores e investidores terão incentivo para apostar em projetos de longo prazo.
Do contrário, o risco de insegurança jurídica pode comprometer iniciativas inovadoras como a da TBG.
O potencial do biometano no Brasil
Estudos da Associação Brasileira do Biogás (ABiogás) revelam que o Brasil possui capacidade para substituir grande parte do consumo de gás natural por biometano.
Esse potencial pode ser explorado sobretudo a partir de resíduos agropecuários, urbanos e industriais.
Em estados como São Paulo, Paraná, Mato Grosso e Minas Gerais, a produção já se mostra economicamente viável.
No entanto, a distância entre polos produtores e grandes centros consumidores exige soluções de integração.
Caso não haja escoamento eficiente, algumas regiões acabam produzindo mais do que consomem.
Isso gera necessidade de exportar excedentes.
Dessa forma, o hub proposto pela TBG surge como alternativa prática para conectar a produção ao mercado nacional.
Além disso, o biometano traz vantagens ambientais expressivas.
Seu uso evita a liberação de metano, gás de efeito estufa muito mais potente que o dióxido de carbono, e substitui combustíveis fósseis em grande escala.
Desse modo, cada metro cúbico injetado representa benefício duplo: reduz emissões e promove energia renovável.
Uma transição que une passado e futuro
O movimento atual guarda semelhanças com o que aconteceu no final do século XX com o gás natural.
Se o Gasoduto Bolívia-Brasil representou marco de expansão e integração, o hub de biometano pode simbolizar a nova fase, em que a infraestrutura existente dá protagonismo às fontes renováveis.
Nesse processo, o gás natural não perde espaço, mas ganha um aliado.
Enquanto ele continua servindo como combustível de apoio em momentos de alta demanda, o biometano gradualmente conquista terreno e se consolida como opção sustentável.
Por consequência, o futuro energético brasileiro depende da combinação de inovação tecnológica, políticas públicas consistentes e iniciativas privadas que apostem em modelos flexíveis.
O projeto da TBG mostra como empresas tradicionais podem se adaptar às novas exigências e contribuir para uma matriz mais diversificada e limpa.
O Brasil atravessa momento estratégico em sua história energética.
A experiência acumulada com o gás natural, somada à necessidade de investir em fontes renováveis, cria ambiente propício para projetos como o hub de biometano.
Se aprovado e implementado, esse projeto facilitará a entrada de pequenos produtores, reduzirá custos de logística e ampliará a oferta de um combustível renovável com enorme potencial.
Mais do que simples investimento em infraestrutura, representa passo decisivo rumo a um futuro no qual desenvolvimento e sustentabilidade caminham juntos.
Por isso, o desafio atual é transformar o otimismo em realidade.
É fundamental que a regulação acompanhe a inovação e permita que os benefícios cheguem à sociedade.
Assim como no passado o gás natural mudou o perfil da matriz energética, o biometano tem condições de se consolidar como combustível do futuro.
Ele une economia, meio ambiente e segurança energética em uma mesma solução.