Exportações brasileiras sob pressão: queda nos EUA, salto na China; Dados do MDIC mostram como a balança comercial reage às tensões entre as duas maiores economias do mundo
O primeiro mês de vigência da tarifa de 50% imposta por Donald Trump sobre produtos brasileiros já trouxe reflexos imediatos, segundo IstoeDinheiro.
Dados divulgados pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), as exportações brasileiras para os EUA caíram 18,5%, somando US$ 2,76 bilhões, contra US$ 3,39 bilhões em 2024.
No mesmo período, os embarques para a China, Hong Kong e Macau cresceram 29,9%, passando de US$ 7,38 bilhões para US$ 9,59 bilhões. Essa guinada mostra o deslocamento de parte do comércio exterior brasileiro diante do novo cenário tarifário.
Diretor do MDIC pede cautela: efeito imediato ou movimento de mercado?
Apesar da coincidência temporal entre a queda nos EUA e o aumento para a China, Herlon Brandão, diretor de Estatísticas e Estudos de Comércio Exterior do MDIC, evitou conclusões precipitadas:
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“Para falar o que é efeito de tarifa, é preciso de tempo. Não tem como aferir que é o produto de um país indo para outro.”
A fala ressalta que a leitura dos números deve considerar não apenas as tarifas, mas também fatores como antecipação de compras e variações de preços das commodities.
Produtos mais atingidos: açúcar, carne e madeira lideram quedas
A análise por setor mostra impacto forte em alguns itens-chave.
No mercado dos EUA, as exportações brasileiras recuaram em produtos diretamente sujeitos às novas tarifas:
- Açúcar: queda de -88,4%;
- Carne bovina: retração de -46,2%;
- Madeira: queda de -39,9%.
Além disso, também houve recuos em produtos não incluídos nas tarifas, mas que foram antecipados por compradores em julho, como aeronaves e partes (-84,9%), óleos combustíveis (-37%), minério de ferro (-100%) e celulose (-22,7%).
Na contramão, petróleo e soja puxam alta para a China
Se de um lado os EUA reduziram compras, a China ampliou sua presença na balança comercial brasileira.
Mesmo com queda nos preços de algumas commodities, o aumento no volume embarcado fez o valor total subir. Os destaques foram:
- Óleos brutos de petróleo: alta de 75%;
- Soja: aumento de 28,4%;
- Carne bovina: crescimento de 84%;
- Minério de ferro: avanço de 4,9%;
- Açúcar e melaço: expansão de 20%.
Outros parceiros também registraram altas, como México (+43,8%), Argentina (+40,4%) e Japão (+7,6%).
Balança comercial segue positiva, mas desafios permanecem
Mesmo com a queda para EUA e União Europeia (-11,9%), o saldo da balança comercial brasileira em agosto foi positivo em US$ 6,1 bilhões, crescimento de 35,8% em relação ao mesmo mês de 2024.
O número mostra resiliência do comércio exterior brasileiro, mas também evidencia um risco: a dependência cada vez maior da China como principal destino das exportações.
Equilíbrio comercial ou vulnerabilidade estratégica?
O tarifaço de Trump abriu um capítulo incerto para o comércio entre Brasil e EUA. Se por um lado a China absorve parte da produção, por outro o país se expõe a um risco de dependência excessiva de um único mercado.
E você, leitor: acredita que essa guinada para a China representa uma oportunidade estratégica para o Brasil ou um risco de ficar refém de um parceiro dominante?