A decisão de Donald Trump de aplicar uma tarifa de 50% sobre produtos do Brasil deve gerar impactos imediatos na balança comercial entre os dois países. As cidades brasileiras que mais exportam para os Estados Unidos podem ser diretamente afetadas, colocando em risco setores estratégicos da economia nacional.
Em comunicado publicado na plataforma Truth Social, o presidente Donald Trump declarou que os Estados Unidos aplicarão uma tarifa de 50% sobre todos os produtos importados do Brasil a partir de 1º de agosto.
A medida, segundo o republicano, é uma resposta direta ao que ele chamou de “injustiças comerciais” e “ataques à liberdade de expressão“, atribuindo críticas ao Supremo Tribunal Federal (STF) brasileiro por decisões contra plataformas digitais dos EUA e pela forma como vem conduzindo processos contra o ex-presidente Jair Bolsonaro.
“Conheci e tive contato com o ex-presidente Jair Bolsonaro, e o respeitei profundamente”, escreveu Trump. Trump classificou os julgamentos como “caça às bruxas” e usou o episódio para justificar a sanção econômica.
-
Esposa de ex-primeiro-ministro do Nepal fica ferida em ataque durante protestos
-
Trump promete novas sanções contra a Rússia após ataque devastador na Ucrânia
-
Alerta na fronteira: em resposta direta à pressão dos EUA, Maduro mobiliza 25 mil militares para as fronteiras com a Colômbia e o Caribe
-
Após tarifaço e Brasil cogitando usar Lei da Reciprocidade contra os EUA, Lula reúne Brics para junto da China, Rússia e outros defender uma ordem internacional mais justa e multilateralismo
Além do teor político, o presidente norte-americano argumentou que há um desequilíbrio comercial entre os dois países.
Segundo ele, a nova alíquota é uma forma de compensar as “barreiras tarifárias e não-tarifárias” impostas pelo Brasil.
E fez um alerta: se o governo brasileiro retaliar com aumento de tarifas, os EUA elevarão a cobrança na mesma proporção.
Rio de Janeiro e São José dos Campos na linha de frente
Com o novo cenário, cidades brasileiras que mais exportam para os Estados Unidos devem sentir o impacto direto da decisão. Informações divulgadas pelo VALOR.
O Rio de Janeiro lidera as exportações brasileiras para os EUA, com cerca de US$ 4,9 bilhões em produtos enviados no último ano, a maioria ligada ao setor petrolífero.
Com a nova tarifa, o petróleo bruto e refinado exportado a partir da capital fluminense deve enfrentar forte queda na competitividade, o que pode afetar empregos e investimentos no estado.
Outro município vulnerável é São José dos Campos, em São Paulo, polo da indústria aeroespacial nacional. A cidade exportou aproximadamente US$ 1,7 bilhão em aeronaves e peças — principalmente pela atuação da Embraer.
Com a tarifa de 50%, a margem de lucro pode ser comprimida, e a empresa terá mais dificuldade para competir com fabricantes dos próprios Estados Unidos.
Duque de Caxias e Piracicaba também devem sentir efeitos
Duque de Caxias, também no estado do Rio, é outro centro de exportação importante, especialmente de petróleo refinado.
Já Piracicaba, no interior paulista, se destaca pela venda de maquinário pesado para os americanos. Essas exportações envolvem setores industriais estratégicos, que sustentam cadeias produtivas extensas.
Mesmo cidades menores que não aparecem diretamente nas listas de maiores exportadoras também podem sofrer.
Muitas integram a cadeia produtiva de setores como aviação, petróleo e manufatura, fornecendo peças, insumos e serviços logísticos.
Cidades que mais vendem aos EUA
Município | Estado | Valor, em US$ bilhões |
Rio de Janeiro | RJ | 4,9 |
São José dos Campos | SP | 1,9 |
Duque de Caxias | RJ | 1,6 |
Piracicaba | SP | 1,3 |
Serra | ES | 1,3 |
São João da Barra | RJ | 0,9 |
Santos | SP | 0,8 |
Ilhabela | SP | 0,6 |
Guarulhos | SP | 0,6 |
Gavião Peixoto | SP | 0,6 |
Agronegócio pode ser o próximo alvo
Embora a taxação tenha foco inicial nos produtos industriais, o agronegócio brasileiro mantém posição importante no comércio com os EUA.
Setores como carnes, sucos e produtos florestais também têm presença no mercado norte-americano e podem enfrentar barreiras no futuro, caso o clima de tensão comercial aumente.
Medida pode afetar investimentos e empregos
Além da pressão sobre as empresas exportadoras, a taxação pode gerar incertezas no ambiente de negócios, afastando investimentos estrangeiros e retardando planos de expansão de grandes indústrias nacionais.
O comércio com os Estados Unidos é um dos motores da economia brasileira, movimentando bilhões de dólares por ano.
Os efeitos da tarifa de 50% poderão ser sentidos tanto nos grandes centros industriais quanto em regiões periféricas, que dependem dessas atividades para manter empregos e renda.