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Tacada de mestre? Nubank supera Banco do Brasil, surpreende com lucro bilionário, ações em alta e queda na inadimplência

Escrito por Alisson Ficher
Publicado em 16/08/2025 às 14:09
Nubank surpreende com lucro bilionário, ações em alta e queda na inadimplência, reforçando eficiência e resultados financeiros.
Nubank surpreende com lucro bilionário, ações em alta e queda na inadimplência, reforçando eficiência e resultados financeiros.
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Nubank registra lucro bilionário no 2º trimestre, amplia base de clientes e surpreende o mercado financeiro com melhora em indicadores de crédito, alta nas ações em Nova York e reforço em eficiência operacional.

O Nubank reportou um segundo trimestre com forte avanço de resultados, ancorado em alavancagem operacional, expansão de receita e melhora nos indicadores de qualidade de crédito de curto prazo.

Em base neutra de câmbio, o lucro líquido cresceu 42% ante o mesmo período do ano anterior e alcançou US$ 637 milhões entre abril e junho, enquanto a receita somou US$ 3,7 bilhões, alta de 40%, superando o todo poderoso Banco do Brasil, que por sua vez, teve ganhos de R$ 3,03 bilhões.

A reação do mercado foi imediata: as ações da controladora Nu Holdings saltaram 8,3% no after-hours em Nova York.

Resultados do 2º trimestre: crescimento com eficiência

A companhia encerrou o trimestre com quase 123 milhões de clientes em seus três mercados — Brasil, Colômbia e México —, mantendo a expansão da base sem abrir mão de rentabilidade.

O retorno sobre o patrimônio (ROE) ficou em 28%, patamar semelhante ao do ano passado, sinalizando consistência na geração de valor mesmo em um ambiente de juros ainda elevados na região.

Para analistas do Citi, foi um “trimestre forte”, com lucro acima do esperado e recuperação da margem líquida de juros, elemento-chave para sustentar ganhos em negócios de crédito.

Reforço operacional no centro da estratégia

Segundo o diretor financeiro, Guilherme Lago, em entrevista à agência de notícias Reuters nesta quinta-feira (14), dois vetores explicam a expansão do lucro: “alavancagem operacional e crescimento da receita”.

O executivo ressaltou, contudo, uma mudança na origem desse crescimento.

Se nos últimos três a cinco anos o motor principal foi a entrada de novos clientes, daqui para frente o avanço tende a vir do aprofundamento do relacionamento com a base — mais uso, mais produtos por cliente e monetização gradual.

O redesenho do foco, típico de plataformas já escaladas, reforça eficiência: com infraestrutura tecnológica e atendimento já dimensionados, cada real adicional de receita tende a exigir custos incrementais menores, ampliando a diluição de despesas.

Carteira de crédito e qualidade de ativos

O estoque total de empréstimos cresceu 8% na comparação com o primeiro trimestre, para US$ 27,3 bilhões.

A expansão ocorreu com maior peso dos empréstimos pessoais dentro do portfólio, ainda dominado pelo rotativo e parcelado de cartões.

Pelo lado do risco, a inadimplência de curto prazo (atrasos iniciais) recuou a 4,4%, baixa de 0,3 ponto percentual frente ao trimestre anterior.

Já a inadimplência acima de 90 dias ficou em 6,6%, leve alta de 0,1 ponto percentual, movimento atribuído pelo banco a efeitos sazonais e à piora observada no curto prazo no início do ano.

Enquanto isso, as originações seguem calibradas ao comportamento do risco.

Em teleconferência com analistas, Lago indicou que a instituição “continuará a aumentar as originações de empréstimos sem garantia ao longo do restante de 2025 e 2026”, condicionando o ritmo à manutenção dos atuais níveis de qualidade de ativos.

O comentário reforça o viés de prudência: crescimento, sim, mas com governança de risco e métricas sob vigilância.

Eficiência escalável e monetização do cliente

A trajetória descrita pela administração sugere maior ênfase em cross-sell e engajamento, reduzindo a dependência exclusiva de novos cadastros para expandir a receita.

Em outras palavras, a plataforma busca capturar mais valor por cliente, elevando o ticket de monetização com produtos que vão do crédito a serviços transacionais.

Nesse contexto, a alavancagem operacional ganha protagonismo: manter estrutura enxuta, tecnologia proprietária e canais digitais permite que custos cresçam em ritmo inferior ao das receitas, sustentando margens mesmo em ciclos macroeconômicos mais desafiadores.

Ao mesmo tempo, a recuperação da margem líquida de juros apontada por casas de análise funciona como suporte para o lucro.

Margens mais saudáveis costumam decorrer de precificação adequada, mix de portfólio e disciplina de funding, variáveis que, combinadas, ajudam a compensar eventuais oscilações de inadimplência.

A leitura é especialmente relevante quando o portfólio avança em linhas de maior retorno, como o crédito pessoal, que exigem contrapartidas robustas de análise, limites e cobrança.

Mercados reagem ao sinal de consistência

No mercado acionário, a alta de 8,3% do Nubank no after-hours indica percepção positiva sobre a execução e as perspectivas de rentabilidade.

É um reflexo do conjunto de dados: lucro em alta, receita acelerando e ROE de 28% preservado, além do recuo na inadimplência de curto prazo, que tende a antecipar a direção da curva de perdas.

Comentários como o do Citi, classificando o período como “trimestre forte”, endossam esse diagnóstico e ajudam a consolidar o humor favorável.

Ainda assim, a administração evita triunfalismo.

Lago frisou que a prioridade é aprofundar o relacionamento no Brasil, principal mercado do grupo, movimento que exige disciplina ao conceder crédito e selecionar clientes com maior propensão a uso de múltiplos serviços.

O equilíbrio entre escalar originações e preservar qualidade de ativos segue como variável crítica para o segundo semestre.

Perspectivas do Nubank: crescimento com prudência

Para os próximos trimestres, a diretriz comunicada é manter o ritmo de crescimento em linhas sem garantia, desde que as métricas de risco continuem no patamar atual.

A sazonalidade observada na inadimplência acima de 90 dias deve seguir monitorada, porém o recuo nos atrasos iniciais é um dado que, historicamente, tende a antecipar estabilização adiante.

Em paralelo, o avanço de receitas por cliente, via novos produtos e maior engajamento, sustenta a tese de reforço operacional: mais resultado com a mesma base de estrutura, tecnologia e atendimento.

No agregado, a fotografia do trimestre mostra uma companhia grande, rentável e ainda em expansão, que busca transitar do crescimento por volume para a captura de valor por relacionamento.

Se o ambiente macro se mantiver estável e a disciplina de crédito continuar, a combinação de alavancagem operacional com margens em recuperação tende a favorecer a geração de lucro.

Diante desse novo arranjo — carteira maior, margens melhores e foco em monetização do cliente —, o Nubank conseguirá manter o ritmo de crescimento preservando a qualidade de ativos no restante de 2025?

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Alisson Ficher

Jornalista formado desde 2017 e atuante na área desde 2015, com seis anos de experiência em revista impressa, passagens por canais de TV aberta e mais de 12 mil publicações online. Especialista em política, empregos, economia, cursos, entre outros temas. Registro profissional: 0087134/SP. Se você tiver alguma dúvida, quiser reportar um erro ou sugerir uma pauta sobre os temas tratados no site, entre em contato pelo e-mail: alisson.hficher@outlook.com. Não aceitamos currículos!

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