STF forma maioria e valida nomeação de parentes em cargos políticos, reacendendo debate sobre nepotismo no Brasil.
STF decide manter nomeação de parentes em cargos políticos
O STF (Supremo Tribunal Federal) formou maioria de votos para manter a nomeação de parentes em cargos políticos. Até o momento, o placar é de 6 a 1 a favor da decisão, que deve impactar diretamente prefeituras, governos estaduais e ministérios em todo o Brasil.
A votação foi suspensa nesta semana, mas será retomada na quarta-feira (29). A decisão, embora ainda parcial, reacende o debate sobre nepotismo e pode definir novos rumos na ocupação de cargos públicos de confiança no país.
Entenda o caso que reacendeu o debate sobre nepotismo
O julgamento teve início com base na Súmula Vinculante 13, criada pelo próprio STF em 2008. Essa norma proíbe a nomeação de cônjuges, parentes e companheiros até o terceiro grau para cargos públicos comissionados ou de confiança.
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Porém, ao longo dos anos, o Supremo abriu exceções ao texto, permitindo nomeações para cargos políticos, como ministros, secretários estaduais e municipais. Essas decisões, entretanto, não tinham Repercussão Geral, ou seja, não obrigavam outros tribunais a segui-las.
O tema voltou à pauta após uma lei aprovada em Tupã (SP), em 2013, que permitia a nomeação de parentes para secretarias municipais. O MPF (Ministério Público Federal) contestou a medida, e o caso chegou ao STF depois que o TJ-SP considerou a lei inconstitucional.
Relator defende autonomia do Executivo para escolher auxiliares
O relator do processo, ministro Luiz Fux, votou para validar a lei municipal e sugeriu uma tese que permite a indicação de parentes para cargos políticos, desde que haja critérios técnicos claros e ausência de nepotismo cruzado.
Segundo Fux, o chefe do Executivo tem o direito de escolher seus auxiliares políticos. “A mensagem do Supremo é que a regra é a possibilidade; a exceção é a impossibilidade. Não é uma carta de alforria para nomear quem quer que seja”, afirmou o ministro.
Além disso, o relator defendeu que a decisão deve valer para todo o Brasil, já que o caso tramita com Repercussão Geral.
Maioria dos ministros acompanha o relator
O voto de Luiz Fux foi acompanhado por Cristiano Zanin, André Mendonça, Nunes Marques, Alexandre de Moraes e Dias Toffoli. Com isso, formou-se uma maioria de seis votos pela manutenção da nomeação de parentes em cargos de natureza política.
Em 2018, o Supremo já havia reconhecido que o tema teria Repercussão Geral, o que significa que todas as instâncias do Judiciário deverão seguir o mesmo entendimento após a conclusão do julgamento.
Flávio Dino é o único a divergir até agora
Por outro lado, o ministro Flávio Dino votou contra a medida. Em sua manifestação, ele foi enfático ao afirmar que “legalidade e afeto não se combinam”.
“Uma reunião de governo não pode ser um almoço de domingo. Isso é bonito na família, no jardim, mas não na praça pública. No espaço público, é preciso coerência nas regras”, escreveu Dino em seu voto.
O ministro defendeu o princípio da impessoalidade, segundo o qual decisões administrativas não devem sofrer influência pessoal ou familiar.
Cármen Lúcia alerta para risco à impessoalidade no poder público
A ministra Cármen Lúcia, que ainda não votou, já se manifestou de forma crítica. Para ela, o cumprimento do princípio da impessoalidade é um desafio constante no setor público.
“A esposa vai para o Tribunal de Contas para aprovar ou não as contas do próprio marido, que foi titular do Executivo. Isso é completamente contrário ao que discutimos, embora seja um cargo político”, afirmou.
Os ministros Edson Fachin, Gilmar Mendes e Cármen Lúcia devem apresentar seus votos na próxima sessão, marcada para a próxima quarta-feira (29).
Decisão do STF pode redefinir cargos públicos no Brasil
Com a maioria já formada, a decisão do STF tende a validar oficialmente a nomeação de parentes em cargos políticos. Caso seja confirmada, ela se tornará referência nacional e afetará diretamente a forma como prefeitos, governadores e o próprio presidente nomeiam seus secretários e ministros.
Assim, a votação do STF marca um momento crucial no debate sobre nepotismo e transparência nos cargos públicos. Por outro lado, também levanta questionamentos sobre os limites entre confiança política e impessoalidade administrativa — um tema que promete dividir opiniões em todo o Brasil.


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