Stellantis abandona a meta 100% elétrica e prepara para 2026 inovação, novos carros elétricos e o retorno de motores clássicos.
A Stellantis revelou nesta semana quais serão suas prioridades para 2026, em um anúncio feito por Antonio Filosa, atual CEO do grupo, durante a Conferência de Outono da Kepler Cheuvreux, em 2025.
A montadora adiantou que, no primeiro trimestre de 2026, apresentará oficialmente um plano estratégico com novidades no portfólio de carros elétricos, além de mudanças significativas em relação ao compromisso anterior de eletrificação total até 2030.
A decisão marca uma guinada importante, com foco em inovação, flexibilidade tecnológica e no fortalecimento da posição da marca em mercados estratégicos como América do Norte, América do Sul e Europa.
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Por que a Stellantis mudou sua meta elétrica?
O grupo havia anunciado, ainda sob a gestão de Carlos Tavares, a intenção de se tornar 100% elétrico até 2030.
No entanto, Antonio Filosa reconheceu que o plano não seria sustentável diante das exigências atuais do mercado.
Ele explicou que o objetivo agora é oferecer ao consumidor aquilo que realmente deseja: variedade e flexibilidade, unindo carros elétricos, híbridos e a continuidade de motores a combustão em segmentos estratégicos.
De acordo com Filosa,
“temos os carros que os motoristas exigem, desenvolvendo modelos e know-how de acordo com as necessidades dos clientes”.
Essa visão, segundo o executivo, será essencial para retomar o crescimento global da empresa.
Três prioridades para 2026: crescimento, simplificação e flexibilidade
Durante sua apresentação, Filosa destacou três pontos que nortearão o novo plano:
- Crescimento dos negócios, com a retomada de modelos que haviam sido descontinuados e o lançamento de novos veículos.
- Simplificação dos processos internos, com uma equipe de gestão mais enxuta, composta por apenas 15 líderes para os principais departamentos.
- Flexibilidade tecnológica, permitindo que a empresa atenda diferentes mercados de acordo com suas demandas energéticas e econômicas.
Essas diretrizes reforçam a busca da Stellantis por inovação, mas sem abrir mão da competitividade.
O impacto no mercado da América do Norte
A Stellantis viu sua participação no mercado norte-americano despencar de 12% em 2019 para 7% no fim de 2024. A queda está associada à retirada de modelos icônicos como Jeep Cherokee, Dodge Charger, Dodge Challenger, Chrysler 300 e algumas picapes RAM.
Agora, a estratégia é inverter essa trajetória. O grupo confirmou o retorno do Dodge Charger com motor V8 HEMI, um pedido recorrente dos fãs da marca, além da nova geração do Jeep Cherokee e de uma picape média da RAM. Esses lançamentos pretendem recuperar clientes que se afastaram após a redução do portfólio.
América do Sul: mercado estratégico para Stellantis
Na América do Sul, a Stellantis mantém posição de liderança e seguirá apostando em modelos que atendam às preferências locais. A empresa considera o mercado sul-americano menos pressionado por questões políticas ligadas à transição energética, o que facilita o equilíbrio entre veículos a combustão e carros elétricos.
A flexibilidade de opções é vista como essencial para preservar a competitividade e manter a liderança regional, especialmente em países como Brasil e Argentina.
Flexibilidade para o mercado europeu
Na Europa, a nova fase da Stellantis tem uma palavra-chave: flexibilidade. A montadora voltou a integrar a ACEA (Associação Europeia de Fabricantes de Automóveis) após a saída na gestão Tavares. Com isso, o grupo busca negociar regras mais realistas. O objetivo é atender tanto às metas de emissão de carbono de 2025 quanto às demandas reais do mercado.
Além disso, Filosa destacou outro ponto crítico. Ele lembrou que a frota europeia tem idade média elevada. Por isso, defendeu a valorização dos carros pequenos. Segundo ele, “o carro pequeno consome e emite menos do que o grande”. Dessa forma, o executivo reforçou o apelo por políticas públicas que incentivem veículos mais acessíveis e sustentáveis.
Comparativo com outras montadoras
O novo posicionamento da Stellantis será acompanhado de perto no setor automotivo, já que outras gigantes mantêm estratégias agressivas rumo à eletrificação total. Enquanto algumas concorrentes mantêm prazos rígidos para eliminar motores a combustão, a Stellantis aposta em uma abordagem híbrida e mais adaptável.
Esse comparativo mostra que, ao flexibilizar seus objetivos, a montadora tenta se diferenciar pela oferta de alternativas, garantindo competitividade tanto no segmento de carros elétricos quanto no de combustão.
O que esperar do anúncio oficial em 2026
O plano estratégico completo será revelado no primeiro trimestre de 2026, e deve trazer não apenas novos modelos, mas também uma visão clara sobre investimentos em pesquisa, sustentabilidade e inovação tecnológica.
Para especialistas do setor, a mudança de rota pode representar uma forma mais realista de atravessar a transição energética global sem abrir mão de rentabilidade e da satisfação do consumidor.