A Stellantis reviu seu plano de eletrificação e desistiu de vender apenas elétricos até 2030. O grupo prioriza híbridos e mantém foco na combustão, após dificuldades com recalls e baixa demanda nos EUA.
A Stellantis surpreendeu o mercado automotivo ao anunciar uma guinada em sua estratégia global, conforme noticiado nesta sexta-feira, 19/09. O conglomerado, que reúne marcas como Jeep, Ram, Fiat e Peugeot, havia prometido em 2022 que, até 2030, comercializaria apenas veículos totalmente elétricos.
No entanto, essa meta foi deixada de lado, e os planos agora priorizam os modelos híbridos, além de manter parte da frota com motores a combustão.
Mudança foi anunciada durante o Salão de Munique
A mudança foi confirmada durante o Salão de Munique, por Jean-Philippe Imparato, chefe europeu da companhia. Segundo ele, o mercado automotivo global está em rápida transformação, mas ainda não oferece condições ideais para a adoção total de carros a bateria. Essa decisão também sinaliza um movimento de cautela diante da crescente competitividade das marcas chinesas, que avançam com modelos mais acessíveis e dominam nichos estratégicos.
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O impacto da decisão já é sentido nas marcas do grupo. A Ram desistiu oficialmente da produção da 1500 REV, que seria sua primeira picape elétrica. O modelo tinha como concorrentes diretos a Ford F-150 Lightning, a Tesla Cybertruck e a Chevrolet Silverado EV. Contudo, a demanda por caminhonetes elétricas nos Estados Unidos ficou bem abaixo do esperado, levando a Stellantis a reconsiderar o projeto.
No lugar dela, o destaque passa a ser a 1500 Ramcharger, equipada com dois motores elétricos e bateria, mas com autonomia ampliada por meio de um motor a combustão que atua como gerador. Assim, a marca aposta em oferecer desempenho elétrico sem abrir mão da confiabilidade do motor tradicional.
Desafios com recalls e qualidade
A mudança de rota não elimina outros obstáculos enfrentados pela Stellantis. Recentemente, o grupo precisou convocar recall de 75 unidades do Dodge Charger Daytona e do Jeep Wagoneer EV. O motivo foi uma falha em uma mola que poderia permitir movimentação do veículo mesmo com o câmbio em posição “P”.
Além disso, os modelos híbridos também apresentaram problemas. Aproximadamente 92 mil exemplares do Jeep Grand Cherokee Hybrid foram chamados às concessionárias devido ao risco de perda repentina de potência. Esses episódios reforçam os desafios técnicos enfrentados pelo conglomerado, que busca conciliar inovação com segurança e confiabilidade.
Com essa nova postura, a Stellantis deixa claro que não pretende travar uma guerra direta com as montadoras chinesas no segmento 100% elétrico. Em vez disso, aposta em uma transição mais equilibrada, combinando tecnologia híbrida com a continuidade dos motores a combustão. A estratégia, segundo executivos do grupo, busca alinhar rentabilidade, demanda real do consumidor e adaptação gradual ao futuro da mobilidade sustentável.