De joia colonial a laboratório socialista, a ilha vive hoje um paradoxo entre avanços sociais e pobreza crônica
Nos debates sobre o socialismo, Cuba é sempre citada como um símbolo — seja de resistência, seja de fracasso. Mas entender a trajetória da ilha exige ir além da propaganda política e mergulhar nos fatos históricos, sociais e econômicos que moldaram uma das experiências mais polêmicas da América Latina.
Desde a independência até os dias atuais, o socialismo em Cuba teve altos e baixos, vitórias simbólicas e crises profundas. Embargos externos pesaram, mas decisões internas foram decisivas para o colapso de uma promessa de igualdade. O que restou foi uma realidade marcada por contradições e um povo preso entre ideologia e escassez.
O passado colonial e o domínio estrangeiro
Cuba nasceu sob domínio espanhol, sustentada por monoculturas como o açúcar e o tabaco e pela escravidão. Mesmo após a independência formal em 1902, os Estados Unidos passaram a controlar boa parte da economia, transformando Havana em um paraíso de cassinos, luxo e negócios — mas para os estrangeiros.
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No campo, a miséria era regra. 75% das exportações iam para os EUA, enquanto o analfabetismo rural e a falta de infraestrutura deixavam a maioria da população à margem.
A revolução socialista: promessas e rupturas
A Revolução Cubana (1953–1959), liderada por Fidel Castro, Che Guevara e Camilo Cienfuegos, foi alimentada pela desigualdade e pela submissão ao capital estrangeiro. Com a queda do ditador Fulgêncio Batista, o novo regime implementou reformas radicais: nacionalizações em massa, reforma agrária, sistema de saúde e educação universais.
Por um tempo, os avanços sociais foram reais. O analfabetismo caiu drasticamente, a expectativa de vida aumentou, e Cuba se tornou referência em medicina preventiva. Mas havia um custo: o isolamento econômico, o fechamento político e a dependência completa da União Soviética.
O colapso soviético e o “período especial”
Com a queda da URSS em 1991, Cuba perdeu 85% de seu comércio exterior. O PIB despencou 40% em apenas quatro anos. A escassez atingiu níveis críticos: racionamento severo de alimentos, apagões diários e colapso da mobilidade urbana. Foi um dos momentos mais dramáticos da história cubana em tempos de paz.
Mesmo assim, o regime sobreviveu. Graças ao turismo internacional, às remessas de cubanos no exterior e à exportação de médicos para países aliados, a economia se manteve em estado crítico, mas funcional.
A aliança com a Venezuela e o novo fôlego
Nos anos 2000, a aliança com Hugo Chávez trouxe alívio. A Venezuela chegou a enviar 100 mil barris de petróleo por dia a preços subsidiados, em troca de médicos e técnicos cubanos. Isso sustentou temporariamente o modelo, sem resolvê-lo.
Reformas pontuais surgiram com Raúl Castro: abertura controlada ao setor privado, legalização de pequenos comércios e tímida atração de investimento estrangeiro. Mas os salários permaneciam abaixo de US$ 30 mensais, e a produtividade seguia estagnada.
A reaproximação com os EUA e o retrocesso
Entre 2014 e 2016, com Barack Obama, Cuba viveu sua maior chance de reconexão com o mundo. Voos diretos, turismo americano e otimismo interno marcaram o período. Mas tudo mudou com a eleição de Donald Trump, que retomou as sanções e minou os avanços diplomáticos.
A pandemia de 2020 aprofundou a crise. O turismo, que representava 10% do PIB, desapareceu. As remessas de cubanos no exterior também caíram. E a Venezuela, em colapso, deixou de sustentar a ilha com petróleo.
A desigualdade do socialismo cubano
Com o PIB per capita em torno de US$ 7.600 PPC, Cuba está atrás de países como República Dominicana. O IDH de 0,76 é inflado por indicadores de saúde e educação, mas esconde a pobreza real. Salários de US$ 3 por mês, racionamento e apagões ainda fazem parte do cotidiano.
Enquanto isso, a nova elite revolucionária vive em privilégios. Vídeos mostram netos de Fidel Castro dirigindo carros de luxo pelas ruas de Havana, frequentando festas privadas e vivendo cercados de conforto. Um contraste gritante com a maioria da população, que depende de bicicletas, transporte coletivo precário e cestas básicas do Estado.
A lição histórica de Cuba
A história da ilha caribenha expõe uma verdade incômoda: o socialismo, como implementado em Cuba, ofereceu acesso universal, mas não garantiu prosperidade coletiva. A tentativa de criar igualdade gerou outra forma de concentração — a do poder político e econômico nas mãos de poucos.
Mesmo reconhecendo os efeitos destrutivos do embargo americano, é impossível ignorar os erros internos: fechamento ao comércio internacional, sufocamento do setor privado, perseguição à dissidência e manutenção de um regime autoritário disfarçado de justiça social.
Você acredita que o socialismo cubano falhou por culpa do modelo ou por conta dos embargos externos? A desigualdade atual contradiz os ideais da revolução? Deixe sua opinião nos comentários — o debate é essencial para entendermos o futuro da América Latina.
Falhou por conta do socialismo que não funciona, o embargo dos EUA foi só uma consequência, quem em São consciência vai vender para não receber, foi o que aconteceu. Ilusão implantada na cabeça dos ****, que linsistem em acreditar que o socialismo é bom. É tão bom mas ninguém quer ir morar lá.