Mato Grosso supera Argentina e produz 50,6 milhões de toneladas de soja, consolidando liderança global também em milho, algodão, carne bovina e sustentabilidade agrícola
Se Mato Grosso fosse um país, ocuparia o terceiro lugar no ranking global de produção de soja, atrás apenas do Brasil e dos Estados Unidos. Na safra 2024/25, o Estado superou a Argentina ao colher 300 mil toneladas a mais do grão, somando 50,6 milhões de toneladas. O desempenho reafirma a liderança nacional não apenas na soja, mas também no milho, no algodão e na carne bovina.
Força agrícola no PIB estadual e nacional
A essência da economia mato-grossense é agrícola. Segundo o Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea), 71% do setor corresponde à agricultura e 29% à pecuária.
Essa combinação representa R$ 230 bilhões no Produto Interno Bruto (PIB) do Estado, valor que equivale a 56,2% da produção agrícola nacional.
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O mais importante é que esse desempenho também impacta o Brasil. O agronegócio brasileiro, impulsionado em grande parte por Mato Grosso, soma 23,2% do PIB nacional, hoje próximo de R$ 12 trilhões.
Soja e milho em expansão
Na safra 2024/25, o Brasil produziu 169,49 milhões de toneladas de soja. Os Estados Unidos ficaram em segundo, com 118 milhões.
Sozinho, Mato Grosso alcançou 50,6 milhões de toneladas, quase metade do volume americano. Isso representa 30,03% da soja brasileira e 12,06% da mundial. Mais de 60% da produção estadual segue para exportação, seja em grão, óleo ou farelo.
O milho também reforça a liderança do Estado. Nesta safra, foram 55 milhões de toneladas, 40% do total nacional.
Em dez anos, a produção mais que dobrou. Metade desse volume é exportada, enquanto o consumo interno responde por 31,6%.
Mercado impulsionado por biorrefinarias
O chefe-geral da Embrapa Soja, Alexandre Nepomuceno, explica que o crescimento do milho se deve ao avanço das biorrefinarias. “O milho em Mato Grosso foi impulsionado pelas biorrefinarias, que absorvem a produção regional. O consumo maior no Estado também beneficiou produtores do Sul, que já não enfrentam a concorrência do grão do Centro-Oeste.”
Na mesma linha, a pesquisadora Daniela Dalla Costa, da Fundação Mato Grosso, afirma que a produtividade alta incentiva a industrialização. “Quando se tem alta produtividade de grãos e insumos, também se consegue logística mais facilitada, o que atrai a indústria. No médio-norte, cresce a presença de usinas de etanol e derivados de milho.”
Investimentos em infraestrutura
Produtores apostam em infraestrutura para processar parte da safra dentro do Estado. Em pouco mais de uma década, a expectativa é de que Mato Grosso alcance o nível de São Paulo em agroindústria. “A indústria de etanol de milho gera o DDG (resíduo para ração animal) e já começamos a confinar bois. Empresas surgem ao redor do confinamento para insumos e serviços”, explica Gilson Antunes de Melo, vice-presidente Oeste da Aprosoja-MT.
Atualmente, Mato Grosso conta com 321 agroindústrias, incluindo 137 algodoeiras, 57 laticínios, 51 frigoríficos de bovinos e suínos e 24 plantas de biodiesel e etanol.
Algodão e pecuária em destaque
O algodão também se consolidou. O Estado responde por 72,5% da pluma nacional e 11% da mundial. Em dez anos, a produção triplicou, atingindo 2,9 milhões de toneladas.
Além disso, Mato Grosso possui o maior rebanho bovino do País, com 32,8 milhões de cabeças, equivalente a 14,3% do total nacional. Dos animais, 7,4 milhões são abatidos por ano.
Técnicas sustentáveis
A adoção da Integração Lavoura-Pecuária (ILP) mostra como o manejo sustentável reforça a produtividade.
Essa técnica permite recuperar 5,1 milhões de hectares degradados e possibilita até três safras no mesmo espaço: duas de grãos ou fibras e uma de carne.
Portanto, a combinação entre produtividade, tecnologia e infraestrutura reforça a posição de Mato Grosso como protagonista do agronegócio mundial.
Com informações de Estadão.