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Só 12% dos jovens querem Engenharia: déficit já passa de 75 mil e educação deficiente e custos altos travam novos talentos no Brasil

Escrito por Alisson Ficher
Publicado em 13/09/2025 às 16:10
Déficit de engenheiros no Brasil já passa de 75 mil. Apenas 12% dos jovens querem Engenharia, afetados por falhas na educação e altos custos.
Déficit de engenheiros no Brasil já passa de 75 mil. Apenas 12% dos jovens querem Engenharia, afetados por falhas na educação e altos custos.
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Apenas 12% dos estudantes do ensino médio no Brasil demonstram interesse em cursar Engenharia, segundo pesquisa inédita. Déficit de profissionais já ultrapassa 75 mil, enquanto falhas na educação básica e custos elevados afastam novos talentos.

A Engenharia, base de infraestrutura, energia e tecnologia do país, enfrenta escassez de profissionais ao mesmo tempo em que perde interesse entre os estudantes.

Dados citados pela Confederação Nacional da Indústria apontam déficit de 75 mil engenheiros, enquanto uma pesquisa do Instituto Locomotiva, encomendada pelo CIEE, indica que apenas 12% dos alunos do ensino médio planejam cursar Engenharia.

O retrato combina baixa atração pela carreira, dificuldades em matemática, falhas na formação básica e custo elevado das graduações.

Papel estratégico e déficit em expansão

Sem engenheiros suficientes, projetos de mobilidade, saneamento, transição energética e digitalização ficam mais lentos.

A conta não fecha no presente e ameaça o futuro: a demanda cresce, mas a base de interessados não acompanha.

A estimativa de falta de profissionais, já em dezenas de milhares, funciona como alerta para governos, empresas e universidades.

Interesse baixo entre estudantes do ensino médio

O estudo do Instituto Locomotiva, solicitado pelo CIEE, mostra que a Engenharia atrai hoje uma minoria.

Em termos populacionais, esse percentual representa pouco mais de 2,3 milhões de jovens no Brasil.

Para um país de dimensão continental, o contingente é considerado reduzido diante das necessidades de expansão de obras, manutenção de infraestrutura e inovação industrial.

Matemática vira barreira já na escola

O descompasso começa antes do vestibular. Mais de um terço dos estudantes declara insegurança com conteúdos que exigem raciocínio matemático.

A autoconfiança média na disciplina é de 5,2 em uma escala de 0 a 10, e somente 16% dizem sentir-se “muito seguros” para lidar com cálculos.

Não por acaso, entre aqueles que descartam a Engenharia, 22% apontam a matemática como principal motivo. Sem domínio de base, a carreira aparece distante, e os talentos se dispersam.

Ensino básico insuficiente desmotiva a graduação

As percepções sobre a qualidade da escola ajudam a explicar o desinteresse.

Segundo a pesquisa, 79% afirmam que as falhas da educação básica desmotivam iniciar ou continuar uma faculdade.

O resultado descreve um ciclo persistente: formação escolar frágil gera insegurança, que reduz o ingresso em cursos de alta exigência, o que, por sua vez, mantém o mercado com lacunas em áreas críticas.

Custo elevado limita a decisão de carreira

A realidade financeira pesa tanto quanto o desempenho acadêmico.

Oito em cada dez estudantes consideram os cursos de Engenharia caros.

Mesmo entre os interessados, 23% admitem a possibilidade de desistir por dificuldade em arcar com mensalidades e materiais.

Quando a vocação esbarra no orçamento familiar, potenciais engenheiros ficam pelo caminho, com impacto direto na competitividade e na produtividade do país.

Preferências de área: Humanas à frente de Exatas

Além das barreiras objetivas, as escolhas refletem afinidades. Quase metade dos jovens (49%) declara preferência por Humanas. Já 28% se dizem mais inclinados às Exatas.

A opção por campos de conhecimento distintos do que o mercado mais demanda reforça a importância de apresentar a Engenharia de modo mais amplo, evidenciando suas diversas trilhas — de software a energia, de saneamento a dados — e conectando a profissão a problemas sociais, ambientais e de inovação.

Recorte de gênero expõe desequilíbrio

A disparidade entre meninos e meninas aprofunda o desafio.

Enquanto 20% dos estudantes do sexo masculino pretendem cursar Engenharia, entre as alunas apenas 5% manifestam esse interesse.

O desequilíbrio reduz o número total de ingressantes e restringe a diversidade de perspectivas na solução de problemas complexos.

Estímulos específicos para meninas — da educação básica à universidade — podem ampliar o acesso e enriquecer as equipes técnicas no futuro.

O que mais afasta os jovens da Engenharia

As razões de desinteresse se distribuem em três frentes principais:

  • 46% afirmam preferir outras áreas.
  • 22% citam dificuldade com cálculos.
  • 8% mencionam barreiras financeiras.

Em conjunto, esses fatores moldam a decisão de não seguir uma carreira que exige base sólida em matemática, investimento de longo prazo e entendimento do papel do engenheiro na sociedade.

Consequências para a indústria e a inovação

A falta de engenheiros formais pressiona empresas que precisam modernizar processos, incorporar automação e cumprir metas de sustentabilidade.

Projetos de infraestrutura ficam mais caros e demorados quando há menos profissionais qualificados para planejar, executar e fiscalizar obras.

Em setores intensivos em tecnologia, a lacuna de mão de obra técnica empurra organizações a importar soluções prontas, reduzindo o desenvolvimento local e a formação de competências.

Como aumentar a atratividade sem perder rigor

A pesquisa sugere caminhos de mobilização conjunta.

Comunicação mais clara sobre a diversidade de perfis na Engenharia pode aproximar estudantes com habilidades distintas, não apenas os que já se sentem confortáveis com cálculos.

Experiências práticas durante o ensino médio e a graduação — laboratórios, projetos de prototipagem, estágios e desafios reais — ajudam a conectar teoria e aplicação, aumentando a confiança.

Integração da Engenharia ao currículo escolar, por meio de atividades de resolução de problemas e introdução a pensamento computacional, contribui para reduzir a percepção de que a área é abstrata ou inacessível.

Valorização do papel dos professores, com formação continuada e materiais atualizados, apoia o ensino de base e amplia a autonomia dos alunos em matemática e ciências.

Inclusão e permanência: foco nas meninas e nos mais vulneráveis

Combater estereótipos de gênero desde cedo é parte essencial da estratégia.

Incentivos para que mais meninas considerem as Exatas — feiras científicas, mentorias, exemplos de profissionais e visibilidade a trajetórias femininas na Engenharia — tendem a ampliar o funil de entrada.

Em paralelo, políticas de permanência e apoio financeiro reduzem a evasão por motivo de custo, mantendo na universidade estudantes que já demonstraram interesse e potencial.

Papel do CIEE e das parcerias entre escola e empresa

Ao encomendar o levantamento, o CIEE sinaliza a importância de ouvir a voz dos jovens e identificar gargalos concretos.

A aproximação entre escolas, universidades e empresas pode ajustar currículos, priorizar competências emergentes e abrir portas de estágio e aprendizagem.

Quanto mais cedo o estudante enxerga sentido prático no conteúdo, maior a chance de persistir até o diploma e ocupar vagas que hoje estão em aberto.

Diante desse quadro, uma pergunta se impõe para quem formula políticas públicas, dirige escolas e lidera empresas: que ações imediatas podem transformar a percepção dos jovens sobre a Engenharia e, ao mesmo tempo, derrubar os obstáculos de aprendizagem e custo que a afastam do horizonte de tantos talentos?

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Alisson Ficher

Jornalista formado desde 2017 e atuante na área desde 2015, com seis anos de experiência em revista impressa, passagens por canais de TV aberta e mais de 12 mil publicações online. Especialista em política, empregos, economia, cursos, entre outros temas. Registro profissional: 0087134/SP. Se você tiver alguma dúvida, quiser reportar um erro ou sugerir uma pauta sobre os temas tratados no site, entre em contato pelo e-mail: alisson.hficher@outlook.com. Não aceitamos currículos!

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