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Sistema movido a vento transforma gases residuais industriais em combustíveis

Publicado em 15/03/2025 às 08:21
Gases residuais industriais, Gases industriais, CO2
Créditos da imagem: (Pexels)
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Novo método sustentável utiliza energia eólica para reaproveitar gases industriais, convertendo-os em matérias-primas para combustíveis e produtos como cosméticos e plásticos

As indústrias sempre foram apontadas como grandes responsáveis pelas mudanças climáticas. Mas e se suas emissões pudessem ser convertidas em produtos úteis? Pesquisadores agora exploram formas de transformar gases residuais industriais em itens essenciais como xampus, detergentes e combustíveis.

Um estudo liderado pelo professor Jhuma Sadhukhan e pelo professor Jin Xuan, da Universidade de Surrey, avaliou os benefícios ambientais da conversão de emissões de CO₂ em ingredientes químicos valiosos.

Pela primeira vez, cientistas realizaram uma análise completa do ciclo de vida da reutilização de gases residuais de siderúrgicas e fábricas de papel para produzir surfactantes, componentes essenciais de produtos de consumo.

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Transformação da poluição em produtos

O estudo propõe um processo inovador para produzir álcool etoxilado (AE7), um ingrediente-chave de detergentes líquidos, e combustível destilado de baixo a médio teor. Tradicionalmente, o AE7 é produzido a partir de materiais de base fóssil ou parcialmente biológica.

Neste novo método, porém, o CO₂ capturado dos gases de combustão de indústrias de papel e aço foi reaproveitado.

A técnica usa a síntese de Fischer-Tropsch (FT), convertendo CO₂ em gás de síntese, que então se transforma em alcanos e, por fim, em AE7. Essa abordagem cria uma alternativa mais sustentável à produção convencional de surfactantes e ainda gera combustível como subproduto.

Os rendimentos do processo variam conforme a indústria. Para fábricas de papel, os resultados mostraram 3,7% de AE7 e 3,4% de combustível. Já para siderúrgicas, os números foram superiores: 8,0% para AE7 e 9,5% para combustível.

Conversão de gases residuais: impacto ambiental positivo

A avaliação do ciclo de vida conduzida pelos pesquisadores revelou benefícios ambientais significativos ao substituir processos tradicionais por esse novo método de conversão de gases residuais.

Segundo o professor Xi, Reitor Associado de Pesquisa e Inovação da universidade, a conversão do CO₂ residual ajuda a criar uma economia circular de carbono, na qual resíduos se tornam insumos para novos produtos e combustíveis.

A energia necessária para alimentar essas reações vem de fontes renováveis, como a eólica. Para processar um quilo de gás de combustão da indústria de papel, são consumidos 13,4 kWh. No caso da indústria siderúrgica, esse valor sobe para 33,3 kWh.

O uso de energia limpa evita que os ganhos ambientais sejam anulados pelo consumo de combustíveis fósseis.

Os resultados mostram que essa tecnologia pode reduzir significativamente o potencial de aquecimento global. Para fábricas de papel, a redução chega a 82%. Para siderúrgicas, a queda é de quase 50%, em comparação com a produção tradicional de surfactantes baseados em combustíveis fósseis.

Um diferencial do sistema aplicado às fábricas de papel é que o CO₂ gerado tem origem biogênica, ou seja, ocorre naturalmente. Já na indústria siderúrgica, o CO₂ é de origem fóssil, impactando os resultados ambientais.

Desafios e custos elevados

Apesar dos avanços, a implementação em larga escala enfrenta obstáculos. Uma análise tecnoeconômica indicou que a conversão de gases residuais em surfactantes tem custos elevados. Além disso, o fornecimento de hidrogênio, essencial para o processo, é limitado.

Outro desafio é a alta demanda energética. O estudo reforça a necessidade de investimentos em infraestrutura de energia renovável para tornar essa tecnologia viável a longo prazo.

De acordo com Xi, combustíveis fósseis há décadas são a espinha dorsal da manufatura, não só como fonte de energia, mas também como componente essencial de produtos de uso diário. Entretanto, essa dependência tem um custo ambiental elevado.

Um estudo paralelo da Universidade de Surrey estimou que a captura de CO₂ custa US$ 8 por quilo. Em comparação, fontes baseadas em combustíveis fósseis têm um custo menor, de US$ 3,75 por quilo.

A pesquisa abre caminho para um futuro mais sustentável ao sugerir novas formas de reutilizar gases residuais industriais. A tecnologia ainda enfrenta desafios econômicos e técnicos, mas representa um avanço promissor na busca por soluções para reduzir o impacto ambiental da indústria.

Com informações de Interesting Engineering.

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Romário Pereira de Carvalho

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