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Singapura avança com projeto de tecnologia dupla para combater mudanças climáticas e gerar hidrogênio

Escrito por Roberta Souza
Publicado em 07/09/2023 às 20:30
tecnologia, hidrogênio, CO2
Foto: Calvin Chan Wai Meng/GettyImages

Instalação surpreendente e inovadora retira CO2 da água do mar, aumentando a absorção de carbono pelos oceanos e produz hidrogênio e carbonato de cálcio

Uma iniciativa inovadora em Singapura está marcando um avanço significativo na luta contra as mudanças climáticas e na busca por fontes de energia limpa. Cientistas locais estão planejando expandir um projeto-piloto que não apenas aumenta a capacidade dos oceanos de absorver emissões de dióxido de carbono, mas também gera hidrogênio e um componente vital para a indústria da construção civil, de acordo com o site Um só planeta.

Tecnologia de remoção de CO2 dos oceanos (OCDR) e produção de hidrogênio

Tecnologias para a remoção de dióxido de carbono dos oceanos, conhecidas como OCDR, têm sido estudadas por cientistas em todo o mundo há algum tempo, mas resultados significativos têm sido elusivos. No entanto, o Conselho de Utilidades Públicas de Singapura deu um passo adiante ao criar uma usina que utiliza eletricidade para extrair CO2 da água do mar. A água “limpa”, agora sem CO2, é então bombeada de volta para o oceano, permitindo que ele absorva mais dióxido de carbono. 

Localizada em uma instalação de dessalinização na costa oeste da cidade-Estado, essa iniciativa já extrai 100 quilogramas de CO2 por dia, utilizando tecnologia desenvolvida pela empresa norte-americana Equatic, fundada por cientistas da Universidade da Califórnia, Los Angeles (UCLA). Após a remoção do CO2, a água do mar passa por um eletrolisador, que converte o carbono capturado em carbonato de cálcio e gera hidrogênio como subproduto.

Perspectivas de expansão e potencial comercial

O Conselho de Utilidades Públicas de Singapura agora está buscando financiamento para construir uma planta com capacidade diária de 10 toneladas, demonstrando seu compromisso com a ampliação dessa inovadora tecnologia que pode gerar hidrogênio também. Gurdev Singh, líder do projeto, afirmou: “Mostramos que a tecnologia funciona, mas a chave agora é otimizá-la para uso em grande escala”. 

Essa iniciativa é considerada crucial à luz das recomendações do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), que enfatiza que a remoção de CO2 da atmosfera será tão importante quanto a redução das emissões para combater o aquecimento global. Embora as técnicas de OCDR tenham sido elogiadas como heróis não celebrados na luta contra as mudanças climáticas, ainda não está claro se essas novas tecnologias são viáveis em grande escala.

Potencial comercial e impacto sustentável para produzir hidrogênio

O fundador da Equatic, Gaurav Sant, destacou o potencial comercial dessa tecnologia multifacetada. Ele ressaltou: “O que torna esta oportunidade comercial resiliente é que você pode essencialmente ter o mesmo equipamento para fornecer dois produtos: créditos de carbono e hidrogênio”. Além disso, há a possibilidade de lucro por meio da venda de carbonato de cálcio à indústria de construção civil, onde é usado na fabricação de cimento, entre outras aplicações.
Este projeto inovador é um dos vários empreendimentos-piloto de OCDR em todo o mundo. Algumas dessas iniciativas dependem de técnicas como trazer águas profundas ricas em nutrientes à superfície para estimular o crescimento de algas marinhas, enquanto outras visam reduzir os níveis de acidificação dos oceanos, o que também aumentaria sua capacidade de absorção.

Roberta Souza

Engenheira de Petróleo, pós-graduada em Comissionamento de Unidades Industriais, especialista em Corrosão Industrial. Entre em contato para sugestão de pauta, divulgação de vagas de emprego ou proposta de publicidade em nosso portal. Não recebemos currículos

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