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Setor de apoio marítimo brasileiro explode: frota atingirá 500 embarcações. Bilhões em novos contratos serão gerados!

Escrito por Caio Aviz
Publicado em 13/10/2024 às 03:46
Retrato fotorrealista de uma frota com mais de 500 navios de apoio offshore brasileiros, capturado de cima, demonstrando a magnitude e a organização das embarcações no mar.
Uma impressionante vista aérea de uma frota com mais de 500 navios de apoio offshore brasileiros, destacando a escala da operação e os benefícios de uma grande frota no mar. Fonte: Gerada por IA

Com novos contratos, investimentos bilionários e a superação de uma crise que quase paralisou o setor, empresas brasileiras estão prontos para um novo ciclo de crescimento.

O segmento de apoio marítimo brasileiro sofreu uma queda drástica nos últimos anos. Em 2014, mais de 500 embarcações estavam ativas no país, mas, em 2019, esse número caiu para 230 devido a uma crise prolongada de demanda. No entanto, desde então, a recuperação tem sido constante. Hoje, a frota está próxima de 450 embarcações, com previsões otimistas para atingir 500 unidades até o final de 2024.

Recuperação sustentada por investimentos estratégicos

Essa retomada foi impulsionada por investimentos de mais de US$ 10 bilhões através do Fundo da Marinha Mercante (FMM), que permitiu a modernização e ampliação da frota de apoio marítimo brasileira. Com isso, o Brasil agora possui a sexta maior frota de bandeira nacional do mundo, composta por embarcações sofisticadas, capazes de operar tanto em águas rasas quanto em águas ultraprofundas.

Petrobras lidera a retomada das licitações

Um dos fatores-chave para o crescimento foi a retomada das licitações por parte da Petrobras. A empresa lançou, no início deste ano, uma licitação para a construção e contratação de 12 PSVs (Platform Supply Vessels), exigindo 40% de conteúdo local, com contratos de até 12 anos. Esse novo ciclo de licitações é semelhante ao antigo Prorefam (Programa de Renovação da Frota de Apoio Marítimo), que ajudou o setor a atravessar a crise anterior.

Desafios emergentes na indústria de apoio marítimo

Apesar do cenário otimista, o setor enfrenta alguns desafios cruciais que podem impactar sua capacidade de crescimento no longo prazo.

Falta de mão de obra qualificada

Um dos principais problemas enfrentados pelas empresas de apoio marítimo é a escassez de profissionais qualificados para operar as embarcações. A demanda por tripulantes altamente capacitados não acompanha o ritmo de expansão da frota. Além disso, a falta de formação contínua e perene agrava o problema.

  • Ação da Marinha: A Marinha do Brasil já começou a ampliar o número de vagas nas Escolas de Formação de Oficiais (EFOMM), visando atender à demanda crescente. As empresas de navegação também sugerem a retomada de cursos rápidos para recertificação e formação de novos profissionais.

Impacto da reforma tributária

Outro ponto de preocupação para o setor é a proposta de regulamentação da Reforma Tributária (PLP 68/2024), que tramita atualmente no Senado. Segundo o Syndarma/Abeam, é vital garantir que a competitividade da bandeira brasileira seja preservada, principalmente mantendo os incentivos do Registro Especial Brasileiro (REB), um dispositivo fundamental para o fomento da construção de embarcações no Brasil.

  • Propostas em Debate: O setor obteve uma vitória parcial no Senado, com a inclusão de emendas que buscam proteger os incentivos fiscais da navegação de apoio. Contudo, essas emendas ainda precisam ser aprovadas definitivamente pelo Legislativo.

Expectativas de investimentos bilionários

O mercado de apoio marítimo brasileiro também está de olho nos planos de expansão da Petrobras. A estatal projeta investimentos de US$ 2,5 bilhões até 2030, com a contratação de até 38 embarcações de apoio offshore, incluindo PSVs, OSRVs (Oil Spill Response Vessels) e RSVs (Remote Subsea Vehicles). Esses novos contratos devem fortalecer ainda mais o setor e gerar novas oportunidades para as empresas brasileiras de navegação.

Projeções de expansão de produção offshore

Além dos investimentos da Petrobras, a produção de petróleo offshore no Brasil está prevista para crescer significativamente nos próximos anos. A estimativa é de que a produção atinja 5,4 milhões de barris de óleo equivalente por dia até 2029, gerando uma demanda ainda maior por embarcações de apoio marítimo.

A importância estratégica do apoio marítimo para o Brasil

O setor de apoio marítimo é essencial para a economia brasileira, especialmente para a indústria de petróleo e gás offshore. Segundo dados do Syndarma/Abeam, 97% da produção de petróleo e gás do Brasil ocorre em campos marítimos, tornando as embarcações de apoio um elo vital da cadeia produtiva.

Participação da frota nacional em números

Em julho de 2024, a frota de embarcações de apoio em águas jurisdicionais brasileiras somava 448 unidades, das quais 84% eram de bandeira nacional. Esse percentual aumentou nos últimos anos, impulsionado pela maior demanda por embarcações de apoio e pela conversão de embarcações estrangeiras para a bandeira brasileira.

  • Divisão da Frota: Quase metade da frota (47%) é composta por PSVs e OSRVs, enquanto AHTS (Anchor Handling Tug Supply Vessels) representam 14% e FSVs (Fast Supply Vessels) e crew boats somam 27 embarcações.

Principais empresas do setor e suas estratégias

Entre as principais empresas de apoio marítimo que operam no Brasil, a Bram Offshore/Alfanave, parte do grupo americano Edison Chouest, continua liderando o mercado, com 75 embarcações em operação ou aguardando contratação. A CBO e a Wilson Sons Ultratug também se destacam, cada uma com uma frota significativa de bandeira brasileira.

Expansão da CBO e estratégias futuras

A CBO tem colhido os frutos de uma expansão planejada nos últimos cinco anos, o que permitiu que a empresa aumentasse sua frota de 32 para 45 embarcações. A estratégia incluiu a compra de embarcações já disponíveis no mercado, aproveitando a ociosidade durante a crise. Com essa expansão, a empresa agora se posiciona como a segunda maior do Brasil e uma das 10 maiores do mundo no segmento de apoio marítimo.

Investimentos da Camorim

A Camorim também está otimista quanto ao futuro do mercado. Nos últimos 12 meses, a empresa adicionou cinco novas embarcações à sua frota, incluindo dois LHs (Line Handlers) e três embarcações de grande porte. Além disso, a empresa está investindo R$ 200 milhões na construção de cinco rebocadores azimutais, visando ampliar sua presença no setor portuário e offshore.

Potencial futuro do mercado de apoio marítimo

Com a crescente demanda por petróleo e gás, o mercado de apoio marítimo no Brasil tem uma projeção positiva para os próximos anos. Além disso, há potencial para novos negócios no setor de energia eólica offshore, que deve representar uma nova fronteira para o apoio marítimo no país.

Oportunidades no setor de energia eólica

A exploração da energia eólica offshore no Brasil ainda está em fase inicial, mas já é vista como uma oportunidade promissora para o setor de apoio marítimo. À medida que novos projetos de parques eólicos no mar ganham força, a demanda por embarcações especializadas deve aumentar, criando mais uma oportunidade de crescimento para as empresas brasileiras.

O setor de apoio marítimo no Brasil está vivendo um momento de expansão significativa, com a expectativa de que a frota atinja 500 embarcações até o final de 2024. Com investimentos bilionários da Petrobras e a retomada das licitações, o mercado parece estar em uma trajetória de crescimento contínuo. No entanto, questões como a falta de mão de obra qualificada e os impactos da reforma tributária ainda representam desafios que precisam ser enfrentados para garantir a sustentabilidade desse crescimento.

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Caio Aviz

Sou estudante de Direito com grande interesse em tecnologia e sua aplicação prática nas esferas legais. Tenho me especializado em temas relacionados à regulamentação de tecnologias emergentes, governança digital, proteção de dados e os desafios jurídicos que envolvem o mercado onshore e offshore. Escrevo e compartilho análises e reflexões sobre como as novas tecnologias estão moldando o cenário jurídico e quais são as implicações legais para empresas e profissionais que atuam nesses mercados.

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