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Agricultores na Ásia adotam um método natural de controle com galinhas e patos no arrozal para combater pragas agrícolas sem pesticidas na agricultura. Enquanto isso, no Brasil, os prejuízos agrícolas aumentam devido ao uso excessivo de venenos
No sul e sudeste da Ásia, uma técnica milenar tem ganhado destaque por sua eficiência e sustentabilidade: o uso de galinhas e patos no arrozal para combater pragas agrícolas, eliminando a necessidade de pesticidas na agricultura. Países como China, Vietnã e Japão já implementam amplamente esse método natural de controle, colhendo bons resultados econômicos e ambientais. Enquanto isso, no Brasil, a dependência de agrotóxicos persiste, agravando os prejuízos agrícolas no Brasil e os impactos à saúde humana e à natureza.
O que é a agricultura com galinhas e patos
O sistema, internacionalmente conhecido como “Integrated Rice-Duck Farming“, consiste na criação conjunta de aves e arroz. Durante o cultivo, os patos e galinhas são soltos nos arrozais alagados. Eles se alimentam de insetos, caramujos, larvas e ervas daninhas — os mesmos alvos dos pesticidas químicos.
Como resultado, há um controle biológico natural das pragas. Além disso, as fezes das aves enriquecem o solo, agindo como fertilizante orgânico e reduzindo a necessidade de adubos sintéticos.
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Segundo a FAO e o International Rice Research Institute (IRRI), o sistema integrado de cultivo de arroz com patos pode reduzir significativamente o uso de pesticidas, controlar diversas pragas de forma natural e ainda aumentar a produtividade em até 20%, ao mesmo tempo em que diminui os custos com insumos agrícolas.
Benefícios do método natural de controle no campo
O uso de galinhas e patos traz diversos benefícios:
- Redução do uso de pesticidas na agricultura: o método dispensa químicos tóxicos, evitando a contaminação da água, do solo e dos alimentos.
- Economia para o produtor: menor gasto com insumos e defensivos significa maior margem de lucro.
- Renda complementar: as aves, ao final do ciclo agrícola, podem ser vendidas como fonte adicional de receita.
- Sustentabilidade: o equilíbrio ecológico é mantido e a biodiversidade favorecida.
Segundo dados do International Rice Research Institute (IRRI), propriedades na Ásia que utilizam esse modelo alcançam até 30% de redução nos custos totais de produção.
Galinhas e patos no arrozal: exemplos de sucesso na Ásia
Na China, mais de 100 mil hectares já utilizam esse sistema integrado. Em províncias como Yunnan e Sichuan, o governo local incentiva os agricultores com subsídios e programas técnicos.
No Vietnã, o sistema integrado arroz-pato, consolidado desde os anos 1990 em províncias do Delta do Mekong como Đồng Tháp e Ben Tre, vem sendo adotado por dezenas a centenas de pequenos produtores — com resultados promissores no controle de pragas e no aumento da renda agrícola.
De acordo com uma análise de ciclo de vida publicada na revista Ecosystem Health and Sustainability, sistemas integrados de arroz e pato reduziram a pegada de carbono por hectare em cerca de 9%, sobretudo pelo menor uso de fertilizantes e emissões reduzidas de metano.
Pesticidas na agricultura e prejuízos agrícolas no Brasil
Enquanto países asiáticos avançam com soluções naturais, o Brasil segue como um dos maiores consumidores de pesticidas do mundo. Em 2023, conforme relatório do IBAMA, foram comercializadas cerca de 755 mil toneladas de ingredientes ativos de defensivos agrícolas no país — indicativo de um dos níveis mais altos já registrados no Brasil.
Essa prática tem implicações graves. O uso contínuo favorece o surgimento de pragas resistentes, exigindo doses maiores e produtos mais potentes. Entre as pragas mais prejudiciais estão o percevejo-marrom, a lagarta-do-cartucho e o bicudo-do-algodoeiro, que já não respondem bem a diversos produtos químicos usados há décadas.
Obstáculos para o método natural de controle no Brasil
Apesar de comprovadamente eficaz, o uso de galinhas e patos no arrozal ainda é pouco comum no Brasil. Alguns dos principais obstáculos incluem:
- Modelo produtivista predominante: a agricultura brasileira ainda é amplamente baseada em grandes monoculturas, mecanizadas e dependentes de insumos químicos.
- Falta de incentivo governamental: ao contrário do que ocorre em países asiáticos, o Brasil não oferece políticas públicas efetivas que estimulem métodos agroecológicos.
- Desinformação e resistência técnica: muitos produtores desconhecem o sistema ou acreditam que ele seja inviável em larga escala.
- Falta de pesquisas adaptadas ao clima brasileiro: ainda são raros os estudos sobre a aplicação do método em regiões de cerrado, semiárido ou outras áreas com características distintas do Sudeste Asiático.
Iniciativas no Brasil contra pragas agrícolas com métodos naturais
Apesar dos desafios, já existem experiências positivas no Brasil. Em comunidades rurais na Bahia, Pernambuco e Maranhão, pequenos agricultores vêm adotando o controle biológico com galinhas soltas nas roças. Os resultados têm sido animadores, com redução do uso de venenos e melhor aproveitamento dos recursos naturais.
Algumas universidades e centros de pesquisa, como a UFV (Universidade Federal de Viçosa) e a UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul), estão conduzindo estudos sobre a integração de criações avícolas com cultivos agrícolas, inclusive com arroz irrigado.
Essas pesquisas ajudam a identificar práticas adaptadas ao Brasil, avaliar o impacto ambiental positivo e comprovar a viabilidade econômica do sistema.
Uma alternativa sustentável aos pesticidas na agricultura
Diante da crescente ineficiência dos pesticidas na agricultura, do alto custo dos insumos e dos danos ambientais, torna-se cada vez mais necessário repensar os modelos de produção. O uso de galinhas e patos como método natural de controle de pragas agrícolas é uma alternativa de baixo custo, eficiente e sustentável.
Além de preservar o meio ambiente, a adoção desse modelo pode melhorar a qualidade dos alimentos e gerar novas fontes de renda para pequenos e médios produtores. A transição para sistemas mais ecológicos exige planejamento, capacitação técnica e políticas públicas comprometidas com a agroecologia.
Soluções naturais para os prejuízos agrícolas no Brasil
O exemplo asiático mostra que é possível produzir mais, com menos impacto e maior equilíbrio ecológico. O Brasil tem potencial para seguir esse caminho, reduzindo os prejuízos agrícolas, promovendo a saúde do solo e protegendo as pessoas e o meio ambiente.
Incentivar práticas como a integração entre animais e lavouras pode ser um passo decisivo rumo a uma agricultura mais resiliente, inteligente e responsável. Investir em conhecimento, tecnologia apropriada e políticas públicas é essencial para que essa transformação aconteça.
Com isso, será possível construir um modelo agrícola capaz de alimentar a população com segurança, qualidade e respeito ao planeta.
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